Dienstag, Oktober 17, 2006

plágio com personalidade

[alteregos]
David Lynch é o mestre do alterego no cinema. Ficando apenas atrás de:
1)"Persona": drama psicológico de 1966 sobre uma atriz que fica muda após encenar a peça "Electra" e passa então a ser estudada por uma enfermeira com quem cria intimidade e acaba revelando seus mais íntimos segredos mesmo sem falar. O filme também abre a discussão sobre o poder ilusório do cinema, a manipulação das imagens como apresentação social ou subconsciente.
Em "Electra", de Sófocles, versão feminina de "Édipo Rei"; a mulher apaixonada pelo pai volta-se contra a mãe.
"Persona", em termos psíquicos, é a máscara que usamos para encarar a realidade, desde os nossos acessórios mais supérfulos até os padrões de comportamento que repetimos no convívio social.
Em termos filosóficos existencialistas,"a existência precede a essência"(máxima de Kierkegaard); ou seja, existir (segundo o dicionário,"estar em determinado tempo ou lugar") significa mais do que a nossa natureza intrínseca.
2)"Clube da Luta": versão para o cinema do livro de Chuck Palahniuk que apresenta a derrocada de ser em determinado tempo e lugar aos confins do constrangimento físico e moral. Tyler Durden, o fazedor de sabão, é com certeza o melhor alterego da história do cinema. Destaque também para Marla Singer, a sociopata galmourosa que virou referência entre as mocinhas cults.
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Talvez a maior bronca dos cinéfilos conservadores em relação a Lynch seja devido à tendência do diretor à multipilicação de egos. É notório que em "Cidade dos Sonhos", seu trabalho mais recente, a loirinha sem sal é o outro eu invejoso da opulenta morena (ambas atrizes; referência preferida dos diretores na retratação de alteregos, já que a profissão exige que se incorpore vários personagens) quem sabe o cowboy misterioso um alterego da América, e por aí vai. Em "Estrada Perdida" o espião é também o duplo do personagem principal que, por sua vez, se divide em dois; um no início do filme e outro no final (coisa que só havia visto antes em "Este Obscuro Objeto do Desejo", de Luis Buñuel, também outro clássico no quesito "dupla personalidade"). Curioso que até o próprio personagem principal em "Estrada Perdida" é duplo: um casal.
O maior mérito de David Lynch (fora sua excepcional capacidade técnica para criar climas de suspense fantástico), está na desmistificação da "persona", os personagens não se apresentam atrás de máscaras sociais e sim através do próprio subconsciente; daí o desfile de imagens surreais flertando com nossos piores pesadelos.
[Alterenergia]
Em tempos de Física Quântica, Ana Maria Braga convidou alguns místicos para revelarem em canal aberto o dia do grande fluxo de energia. É claro que eles citaram a Física Quântica para provar a veracidade do evento. Segundo os profissionais da energia cósmica, durante o dia de hoje toda a energia dos seu pensamento (que, não se esqueça, pode alterar até moléculas de água) poderá causar danos ou alegrias multiplicadas.

5 Kommentare:

bomqueiroz hat gesagt…

Sabe, Gabi, não entendo muito de alterego, mas todo dia quando vou escovar os dentes, tem um cara que se põe a rir de mim por detrás do espelho!

Maravilhoso o texto!!

G hat gesagt…

não sei se os alteregos riem para os egos, mas com certeza se divertem mais.

danke schön :]

Anonym hat gesagt…

tambem adorei o post dos alteregos.

Anonym hat gesagt…

Que blog interessante :]

bomqueiroz hat gesagt…

Processei minha sombra por plágio; andava pensando as mesmas coisas que eu.