Donnerstag, Mai 28, 2009

não é por acaso

que esse blog é preto. caixinha preta navegável, que lama!

imagens imagens imagens

sempre deterioradas, meu bem

sempre deterioradas

pq você não está aqui agora?

pq pq pq

solidão

nem sempre é produtiva

sempre boa

mas nem sempre

produtiva

como convencer as almas

produtivas

a ficarem sozinhas?





ah, meu bem

elas sempre estão, né

e elas adoram, né

as almas artistas

elas aaaaaaamam

a solidão



ai eu sei

eu sei que a resposta

pergunta

meio

fim sei lá

mas não é

com certeza não é

ANIQUILAR

e sim

LEVANTAR

talvez não

CRIAR
PRODUZIR

mas

LEVANTAR

o que quer que seja

nem que sejam

DESTROÇOS

entende?



é claro que não.

ah, meu bem
meu bem
é um personagem
ficcional
pra quem eu posso
dizer
eu te amo
eu te amo
oh meu bem

e quero
ficar leve
pra você
me
LEVANTAR.

droga.

ninguém me entende ou será que sou eu que não entendo que o que as pessoas entendem de mim sou eu?

quanta filosofia barata!
quanto palavreado riponga!
quanto preconceito nos meus dedos-teclado!
quanta amargura em uma só mulher!
quanta mulher em uma simples criança!
quanta criança passando fome
e eu aqui passando o tempo
quanto tempo passando
e eu aqui ruminando
endeusando
poeiras vãs
de estradas que nem
importam
se vai
se vem
onde chega
será que alguém sabe
o que importa?
será que alguém se importa
quando outro alguém diz
verdade é
verdade não é
a ficção não é
a única verdade
a poesia não é
salvação


a minha coragem
que coragem
desperdiçada
quanto erro
em afirmar
afirmar
FIRMAR
é tudo tão solto
tão fluido
tão leve
para a minha
essência
terra
cravada de postes
de luz
internet
placas
placas de
PARE
pare de pensar
pare de amar
o pensamento
isso mata
isso mata o amor
paradoxo
paradoxo
contradição

quem se importa
destruir ou criar
trabalhar ou viver
POR DEUS
PAREMDIVIAJAR
vamos parar um pouco
hein hein
vamos tomar um chá
vamos trocar impressões
de pele
ah
que saco
vamos a lugar nenhum

alguém aqui quer ir a algum lugar?


assim
ninguém vai
ok
não tem um fim
não tem um fim
tudo é relativo
tudo é relativo

e relativo
é um conceito
que não te deixa
não te deixa
fazer o certo
pq
o certo
também é relativo

POR DEUS
é claro que
eu não acredito em
bem/mal
certo/errado
vida/morte
POR DEUS
os fins são meios
já dizia alguém
não sei não sei
azar
eu digo mesmo
eu sinto mesmo
e bebo
e fumo
palavras
e sou violenta
com as palavras
só com as palavras

DIABOS
ninguém percebe
que não pode haver
maldade
quando há
pensamento?
ninguém percebe
que não há caminho
possível
quando simplesmente
não há
MALDADE?

vamos parar de colocar conceitos em tudo?
vamnos parar de escrever, quem sabe?

pq não é possível
realmente não é
possível
continuar assim
com todas essas possibilidades
inúmeras
incontáveis
esplêndidas
boiando
num mar de
petróleo
rico rico
o petróleo
e denso
e grudento


GGGGRRRR
the girl done wrong again.


sempre errada
meu bem
tu tá sempre errada
pq tuas certezas
são de petróleo.

sai daqui

pq vc n gosta nimim eu num cussigo istudah, pq vc num gosta nimim eu num cussigo parah difumah, pq vc num gosta nimim pq pq pq

------> o pq abreviado em minúscula é a figura mais linda que existe: um p de frente pro outro, uma pergunta confrontando outra pergunta, essa é a pergunta de todas respostas.



tal tendência de transfiguração da linguagem escrita tradicional às vezes pode revelar um caráter pretensioso e egoísta, outras pode ser um pedido de liberdade mesmo, mas não sei, tem que sentir. será que sentir errado pode? não, acho que não existe sentir errado, a gente-sente e pronto, tá ali, latejando visceral. sentir é verdadeiro, genuino e revelador. linguagem é transmutação. nada me pesa mais que esses dias de relfexões ocas que não se reconhecem não se reconhecem não se reconhecem.

pq pq pq -----> é tudo uma questão de deixar as perguntas frente a frente. uma hora, de tanto encarar a dúvida, rola um reconhecimento, na falta da inteligibilidade. inteligibilidade, céus, que palavra feia.

i'm so ugly but that's ok cause so are u

when i say i'm in love u should believe i'm in love, L.U.V.


MENTIRA.

jamais acreditem em mim, muito menos nas minhas palavras, o que talvez seja a mesma coisa pois somos palavras; palavras pipocantes nas lembranças, cheiros, cores, mortes, vidas, recaídas, ressacas. o olho do boi no menino pelado na esquina de uma abelha morta que caiu na rua da amargura depois de chorar as pitangas em berço esplêndido. cristaliza sentido, cristaliza. toma meu ar, meu discurso, meu verbo, meu boom-boom-chega, chocolate, pão, whisky, não quero, obrigada, que venha a purificação, que venham os dias de HARD YAKA e que mastiguem por mim todas as velas escorridas que eu não pude. queima lento como cêra de vela dos 30 dias com cheirinho bom. tempo tempo tempo isso aqui não é música do patu fu. tempo tempo tempo chega uma hora que não dá mais pra adiar, de que te serve essa latência débil de monge fake moderno? de que te serve essa pressa de cabelos self-picotados? o cabelo tem que ser BI-tocado. A bituca tem que ir pro lixo e não pro chão. tá tudo errado tudo errado tudo errado mas vamos nos acalmar, meu povo interno da mente e do coração e do estômago, vamos nos acalmar que assim como tudo cansa tudo também se renova e por vezes passar o tempo significa também passar as bases para um novo momento. os feitos de palavras.
-
-
---> MIM ficcional, essa não é minha voz <-----
-
-
chega, deu. passou; focar no profissional. ache a sua felicidade no trabalho ou talvez nunca a encontre, me disse a orkut.
-
-
estaremos escrevendo que estamos escrevendo diretamente em um corpo de texto blogal, sem tempo de reflexões, ajeitações, fakeções, tentativas de aplaudíveis-ções. eu deveria, eu deveria me esforçar mais, mas eu não quero. não aqui. não pra ti. fikadika.
-
-
não existe nenhum TI, meu TI é ficcional, também fikadika. parem de se enxergar onde não estão, hard yaka meu bem. faz bem.

< rasgos

não conseguiria escrever nada hoje que não fosse assim meio rasgado; eu juro que tentei, mas não deu; eu queria contar que esqueci-ontem-meu-casaco num lugar da noite e hoje quando fui buscar, era um lugar do dia; um lugar de ressaca; fedido e menor. o dia não é menor que a noite e eu tenho que parar de tentar medir qualquer coisa que não seja concreta. concretude, concretude, mensagem, fluência, conteúdo. não consigo, tá tudo rasgado; como se alguém tivesse rasgado com tesoura mesmo, sabe? é como pegar um instrumento pra fazer a coisa direita e fazer a coisa esquerda. é uma roda que gira ao contrário querendo sem sucesso sem sucesso achar o sentido primário das essências, como estudar a subjetividade da linguagem; a pressuposição de poder por parte de um falante quando o usa o imperativo,

SAI >

a vontade humana inserida em todas falas/discursos/palavras. tudo SUB >, tudo meio underground, tudo meio morto-vivo, meio sem clareza, sem calor e sem selvageria. tudo meio sem graça como um dia de sono e vontades amenas.

Montag, Mai 25, 2009

eu já passei por coisas horíveis

ainda bem.
pq quando elas acontecerem
de novo
eu já sei
exatamente
como é.

não tudo
mas um pouco

always good to know your enemy
STYLE
depensar

ou
idolatriamacabramedodemim

me afastarei

de tudo que me atrai
por favor
me compreenda


GOD
protect me from what i want

eu quero
o altruísmo
o altruísmo
fazer o bem
pensar o bem
pensar no astronauta
na lua o astronauta
de bengala no sol
o astronauta
num tubo
de aerosol

HAHA
(brinks)

rugas e espinhas

- Espinhos, né. Na real, espinhos.
- Como assim?
- Ué. Espinhos repelem, não repelem? Espetam, afastam. Aquele afastamento rápido, de espanto. É isso que eu quero dizer; as espinhas e as rugas repelem a atração física alheia que tu poderias despertar.
(...)
- Tá. Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que tudo isso que tu disse, sobre "rugas e espinhas" serem duas palavras que resumem a nossa idade, tudo isso tem a ver com decadência também. Não somos mais lolitas, sabe. Mas somos tipo velhas e imaturas. Foda-se também.
- Não é bem assim. Tu sabes muito bem que todo homem interessante e inteligente gosta de lolitas. É quase um clichê. E então, realmente, foda-se, quer dizer, a gente se fode, pois morreremos curtindo homens interessantes e inteligentes.
- Talvez isso signifique que eles não são (sejam?) tão interessantes assim.
- Sim, eles são. Não te enganes. Eles só são HUMANOS.
- Sim. Todo mundo muito humano. Na real, eu disse a mesma coisa que tu: talvez eles não sejam tão interessantes, eles são apenas humanos.
- É.
(...)
- Quer café?
- Não. Já tomei muito.
- Quer um whisky?
- Não, obrigada. Não fumo e não bebo.
- Sério?
- Sim.
- De que signo tu és?
- Peixes.
- Estranho, Peixes é o mais drogado do zodíaco.
- Pra ti veres.
- Tu deves ter algo muito bizarro no fundo da alma.
- Rá.

Sonntag, Mai 24, 2009

Wie ein Mensch sprechen

[falar como gente.]

Dear friend Goo,

Eu às vezes acho as pessoas muito idiotas por não atinarem coisas do tipo colocar uma frase no Google. Eu então fico me sentindo muito esperta por atinar e me considero uma pesquisadora muito ágil. Eu não sou. Eu não sou nada demais. Ninguém é nada demais. Talvez seja tudo uma questão de humildade, talvez o verdadeiro e genuino amor esteja na humildade. Mas onde fica a humildade? No coração, junto com os outros sentimentos sensíveis? Ou na mente, adquirida pela sabedoria? Nos dois ao mesmo tempo? Inter-cruzamento?


Eu acho que a minha angústia não me deixa decidir. Eu acho que vozes sussurando palavras que não compreendo são o bastante para tirar o meu foco. Acho que não consigo pensar em NADA. O grande mote da manutenção do foco quem sabe não seja essa capacidade de simplesmente pensar em NADA. Paradoxo, não sei. Fato é que encontro barreiras no meu caminho em direção ao foco. Encontro barreiras quando tento atravessar minhas emoções pessoais para atingir quem sabe essa humildade necessária para se sentir toda a humanidade NUM SOH CORASSAUM. E tudo que é feito com amor precisa de humildade, eu acho. Quando fico nessas fases muito egocêntricas, dear Goo, não consigo sentir amor. Eu sinto só angústia e não gosto de trabalhar com angústia e então eu sofro.

Eu sei, eu sei. Não quero fazer terapia online, ou talvez eu queira. Não sei. Eu acho que minha angústia não me deixa decidir.

Eu acho que é tudo culpa do meu ascendente em aquário que desfoca todas as capacidades de perseverança e trabalho duro capricornianas. Mais a nostalgia da lua em câncer. Ah, não me xingue. Eu não entendo nada de astrologia, eu só ACREDITO. O meu misticismo é meio assim mais uma crença. Ou uma vontade de ter uma crença. Na verdade, acho que simplesmente MEU MÁGICO DESPERTOU é uma boa frase pra definir meu misticismo.


Preciso me livrar dos bloqueios
das travas
bibi
buzinas
nas curvas
são liberdade
na verdade um grito
de romper
fronteiras

mas só uma fronteira
rompe outra fronteira
rompimento
ou talvez barreira
seja melhor
mas o infernal
é que tudo rima
mesmo quando não quer

e eu não quero
não quero,
eu juro.
acho que a saída
talvez seja
fechar
e não abrir

como uma costureira
uma costureira
do amor.

Samstag, Mai 23, 2009

é tão difícil

hey, hey, fácil é uma palavra que não pertence ao vocabulário adulto; o adulto é um universo que não pertence ao vocabulário dos sonhos; hey, hey, é tão difícil te abrir onde não é sonho, onde não é alma, onde não é assim escondido, abafado no fundo de uma vontade que não se sabe onde fica; se no estômago, na mente ou em ti, coração.

senhorito coração, deita aqui, me deixa te esfaquear, te levar um leite morno depois na cabeceira de um hospital qualquer em oklahoma u.s.a, oklahoma u.s.a. -

me deixa juntar teus pedaços pra fazer meu tapete-obra-da-vida, um tapete de retalhos, um tapete de vermelho-rasga-sangue, um tapete só pra ti pisar, senhorito coração. -

é tarde, é tarde, é tarde. e eu tenho vontade, ah eu tenho tanta vontade, mas é tanta tanta que ela se perde em si mesma e já não sabe onde fica, se no estômago, na mente ou em ti.

coração, coração: me escute você ANTES, pq você não me escuta? gritos de dor e de euforia não são iguais? coração, coração, não consigo te alcançar a não ser assim numas linhas bregas que dançam num teclado de plástico.

é tão triste assim a BUSCA? a gente sempre tem que se sentir assim tão fragilizado, tão exposto, tão abobado? porque tem que ser assim e já não foi quando tinha que ser? cadê a minha infância de porões amontoados de brinquedos que não estão lá? cadê meu relógio das horas de ouro, meu ouro de prata e marfim e buscas em lápis de pontas quebradas quebradas quebradas, as pontas que não param de quebrar e não adianta, não tem apontador que resolva pq é por DENTRO, e quando é POR dentro, não adianta resolver pela PONTA, tem que resolver pelo MEIO, mas nada se resolve pelo meio, tudo tem que ter um início e um fim.

uma obsessão é um meio; uma obsessão não é possível ter duas pontas, ela não tem início nem fim, ela é abstração e por isso é meio, pq as abstrações inspiram, ajudam, matam. tudo que inspira é nascimento e morte quando incorpora o desejo.


nada se resolve com obssessão, é preciso achar o fim e daí o chão, que é o meio, entre o céu e o oceano. eu só quero o meu meio, me dá o meu meio, me tira daqui, eu sei, tá tudo tão perto, tão claro, pra que escurecer se torna mais difícil o que já não é simples? a simplicidade e os impedimentos andam de mãos dados, pois que a falta de adornos limita o ser essencialmente selvagem que sente a ENERGIA na busca que não se completa não se completa não se completa. e a verdade é sempre que: estamos sempre pulando no trem de outro alguém.

pulando
pulando
pulando

até encontrar o chão no fundo do poço mas
no fundo do poço tem uma mola
tem uma mola
comprime
solta
comprimidos
saltam

remédio
remédio da alma
da alma é o ritmo

no ar está a energia que não se vê
virtual
magnética
solta
compressas de erva
para a solidão.

Donnerstag, Mai 21, 2009

sonic youth PLAY neil young MODE on

uma imagem vale por 93 palavras, no máximo. uma palavra vale por qualquer coisa que intencione meu desejo condicionado por letras insanas em vozes que não reconheço. vozes, choques, encontros. para-choques. para-ter-vontade-deficar. para achar abrigo. uma imagem vale no máximo 55 toneladas de voz rouca. uma voz rouca vale tanto quanto um pé pequeno. eles querem levar meu chocolate embora; um chocolate vale mais que dois quilos de sal.
-
-
-
o tempo de consumo de dois quilos de sal é o tempo necessário para conhecer uma pessoa. nunca diga nada a respeito de alguém antes de dois quilos de sal. ou diga. quem sou eu pra dizer. quem sao as palavras, porque eu preciso que elas combinem e porque elas se combinam sem que eu queira. porque o rocknroll is here to stay. fora no azul, mergulhando no negro. como é bom pensar em cores, que sutileza de arco-íris confessional é pensar em escrever colorido. amarelo é o meu sol nascendo que desce laranja e eu quero sempre que fique roxo. roxo é fim, rosa é fim. meu casaco é azul. a laranja está verde. meu médico está de férias e eles querem levar meu chocolate embora. que levem, que levem, que levem. o problema todo é que uma despedida vale por 10 angústias e 10 angústias valem por 10 medos, que desvalorizam o arco-íris.

=

Eu queria ter sido cantora ou um pássaro automático. Eu queria voar, cantar e turn off ao invés de comer, sofrer e dormir. Na verdade, eu nem sofro tanto. na verdade, é tudo uma questão de entender o subjuntivo, quando ele não está lá. Uma questão de entender qualquer coisa que não está lá a partir de sua não-existência e pressuposição. Tudo é projeção, tudo é conceito mas, ainda bem, tudo é também música. E música é amor. E eu sou amor, do teclado ao mouse, da agulha ao arranhão. Um arranhão vale por 12.389 discos.
=

Cansei da matemática gramatical, cansei de fazer sentido sem fazer sentido e o tempo e a memória são os reguladores do sentido, então meu tempo/memória tá bem descompassado. Q que eu ainda quero nesse blog? Pq não um word amigo? Ah, não quero saber também. Vou chutar o balde, mesmo que o balde esteja vazio. E aí não faz sentido, chutar o balde vazio. O sentido é DERRUBAR, fazer ESTRAGO, MOVIMENTAR O EMPIRISMO. Eu não faço sentido, mas a hora misteriosa faz. Eu estou bem feliz pq partirei pra ela agora. O tempo é o regulador do sentido e as horas são os ponteirinhos do sentido. Eu tenho que aprender a lidar com esses ponteirinhos. Odeio setas. Odeio que me digam o caminho. Odeio essas coisas assim bem bobas, então esqueça sobre eu te odiar, dear friend GOO.


GOO GOO GOO
Magia de UMBÚ
sufoco de tetas
murchas
na casca
da uva
azeda


SHOW ME SHOW ME
some some some some
desaPARECE
com a lua branca que reluz
e
as estrelas de grossos pingos
internos
movendo-se
no universo cósmico
dialetal
em direção
à lua
pingando
sangue estelar
morno
visceral
que nem chá
da tia obesa
mórbida
que guarda jornais
e caixas e papelões
e castiçais
e depois vai dançar
um tango
no salão
sozinha
com os casais.



dance this mess around
any ground
to be found

DEUS sensacionalista na veia
é como chuva de ameixa
num céu de bananas
e queixas
e bolos
e doces
e confusões
insanas

Mittwoch, Mai 20, 2009

nada demais

Vejamos. Eu quero escrever. Eu preciso apresentar a minha tradução. O nome do conto é "Ich schreibe kein Buch über Kafka", de Wolfgang Hildesheimer. Hildesheimer é um cara bizarro. Ele trabalhou como tradutor nos Julgamentos de Nuremberg, em 1945, aqueles julgamentos dos criminosos nazistas. Ah, vocês sabem. Enfim, ele era tradutor e escritor. Além do que, fazia parte do Gruppe 47, uma associação literária pós-guerra que pretendia ensinar-democracia pra Alemanha pós-guerra e toda aquela coisa. Literatura engajada não é muito a minha praia. Então, o meu conto, "Eu não estou escrevendo um livro sobre Kafkä" é da fase surreal-fantástica do Hildesheimer. Quais foram as minhas dificuldades tradutórias? Em primeiro lugar, a árdua tarefa de encontrar uma tradução em espanhol no Google, que me ajudou deveras na parte do nó mental. Eu quero dizer, na pior parte, pra mim, de aprender alemão: organizar a estrutura da frase alemã (eu diria OSMOSAR a gramática) na mente. A ordem da frase, no alemão, é insana para nós, brasileiros. Eu juro que, pra mim, é equivalente a um cálculo complexo cheio de conjuntos. Eu diria que, inclusive, as gramáticas em folha de língua alemã, com suas belas variedades de tabelas, são como livros de cálculo. Eu acho lindo. Eu acho que ajuda a pensar, esse raciocínio matemático. É o meu CHÃO. Mas, como eu ia dizendo, a versão do conto em espanhol me ajudou muito. O espanhol é, em geral, uma língua mais afetuosa conosco, brasileiros. Eu gosto de Espanhol, acho carismático. Bom, seguindo com a tradução (importante usar sinalizadores de reintrodução do discurso, oi-professora-de-sintaxe) , a segunda dificuldade foi me certificar de que o autor sobre o qual o narrador do conto escreve (já que ele não está escrevendo um livro sobre Kafka e não é porque é sobre Kafka e sim porque todo mundo que ele conhece está escrevendo um livro sobre Kafka e não um livro só mas sim cada um escrevendo o seu próprio livro), chamado Ekkehard Golch, realmente não existe nem nunca existiu; o que eu já desconfiava, pois sim senhor, eu já li Pierre Menard autor de Quixote, do Borges. Mas me certifiquei. Interessante também que o Hildesheimer era escrituário e viveu a vida toda na mesma cidade, e aí ele escreve esse conto que é sobre um cara que morou a vida toda na mesma cidade. Colo a minha tradução deste trecho:
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Golch, que morreu em 1929, com 82 anos, foi durante toda sua vida – com exceção de uma juventude sem fatos dignos de nota – professor catedrático em Almünzacht, cidade na qual nem mesmo os trens expressos paravam. Esse fato, menos do que sua indiferença por qualquer espécie de mudança, foi o motivo pelo qual ele nunca abandonou essa cidade e dedicou sua vida inteira, com incansável concentração, à confecção de sua obra. ( Meu capítulo “Viagens interiores” trata de tais fluxos de pensamento, mas chega a um plano que extrapolaria o curso desta pequena justificação.)
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E o original:
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Golch, der im Jahre 1929 sechsundachtzigjährig starb, war zeit seines Lebens - abgesehen von einer äußerlich ebenso ereignislosen Jugendzeit - Studienrat in Altmünzach, einer Stadt, in welcher Schnellzüge nicht halten. Wohl weniger dieser Tatsache als vielmehr seiner Gleichgültigkeit gegenüber dem Bereich der Abwechslung ist es zu verdanken, daß er diese Stadt niemals verlassen und sein Leben mit unermüdlicher Konzentration seinem Werk gewidmet hat. (Mein Kapitel «Innere Reisen» befaßt sich mit diesen Gedankenvorgängen und verfolgt sie auf einer Ebene, welche den Rahmen dieser kurzen Rechtfertigung sprengen würde.)
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Gedankenvorgängen (gedank.=pensamentos/vorgang.=processos) virou "fluxos de pensamentos" por questões estéticas. As literais "viagens interiores" eu queria trocar pra "viagens introspectivas", mas achei muito ousado e deixei assim mesmo. As aulas de tradução podam afu minha ousadia, e isso pode ser, sim, um manifesto. Acho que essa seria minha terceira dificuldade. Eu tenho 5 minutos para apresentar minhas dificuldades, então acho válido uma por minuto.
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A quarta dificuldade foi então descobrir se James Boswells existiu - James é o cara sobre quem Golch escreve e que, pra minha surpresa, realmente existiu e foi mesmo o biógrafo de Johnson, o imortal lexicógrafo, também citado no conto. Então, concluindo, Hildesheimer escreve um conto no qual o narrador está escrevendo a biografia de um biógrafo imaginário que escreve sobre um biógrafo real: o Johnson, que era lexicógrafo mas teve que abandonar os estudos e trabalhar como tradutor para sobreviver. Traduzindo para comprar o pão de cada dia; que coisa, não? Será que traduzir é sempre tão assim last-chance (xenomania afu)?

A Wiki também me contou que o tal Boswells foi deprimido durante a infância porque a mãe era calvinista e o pai muito frio com ele; e que o tal Samuel Johnson é o autor de uma famosa frase: "O patriotismo é o último refúgio de um canalha". Mas ainda preciso estudar mais sobre ambos, antes da apresentação, que é sexta. E agora são duas da madruga e amanhã eu tenho aula às 7h30. Mas enfim, só indo pra última dificuldade, que meio se entrelaça na terceira: eu queria muito traduzir o título do conto par: "Isto não é um livro sobre Kafka", para remeter ao cachimbo do Magritte, já que a temática de todo esse livro, "Liebelosen Legenden" (histórias de falta de amor) é surreal e tudo mais. Mas eu acho muito ousado. Será? Bom, só queria compartilhar um pouco, o resto acho que seria muito complexo, então encerro com uma tirinha do amigo Sieber que me odeia:





Beijos para schlafen.

Mittwoch, Mai 13, 2009

angústia

"People don't really matter," he said, rather unwilling to continue. The mother looked up at him with sudden, dark interrogation, as if doubting his sincerity."How do you mean MATTER?" she asked sharply."No many people are anything at all", he aswered, forced to go deeper that he wanted to. "They jingle and gigle. It would be much better if they were just wiped out. Essentially, they don't exist, they aren't there."She watched him steadly while he spoke."But we don't imagine them," she said sharply."There's nothing to imagine, that's why they don't exist."
(D.H. Lawrence, "Women in Love", 1921.)
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Pois é, tô lendo esse livro. E ando escutando Vanguart de novo. Aquela pilha "é palha, mas eu curto". Ok, me deixem no meu quarto à vela, obrigada. Eu ando com angústia de não-quero-ir-não-quero-ficar. Eu ando com angústia de coisas escuras e que se movem, ando com vontade de não ser eu. Que importa é o que me parte em duas cidades, que me faz acordar de manhã? Não sei mais. Eu nunca soube. Ah, e eu tenho tanta vergonha de dizer. Andei lendo umas coisas sobre a não-realização de idéias borbulhantes e consumadas; esperando por uma alma capricorniana sem crise. Tô falando de produzir, tô falando de sermos conhecidos por aquilo que produzimos, sobre a nossa aparência ser totalmente baseada nisso. Realizar? Ah, ter idéias é tão mais divertido, enrolar é tão mais divertido. Essa minha escrita de mulherzinha toda enfeitada sem conteúdo acho também uma graça, às vezes. Outras não quero mais. É tão difícil entender o que eu escevo? É tão difícil entender Saussure? MAN, não é pra entender. Simplesmente essa é a chave: entender que não é pra ser entendido. Tão difícil sentir? Pô, é sempre pra ser tipo PISTAS do meu coração. Ah, eu tenho tanta coisa pra fazer e eu ainda me sinto tão ridícula por ocupar esse espaço, mas eu preciso desocupar o espaço da mente no qual a angústia passeia meio com pressa meio com tédio de sair. Daí eu dou assim uma forcinha. Ah, eu não quero ir embora, eu quero ficar aqui onde estão as pessoas perdidas em si mesmas com vontade de se encontrar nas sutilezas mais lost-art-of-being-silly, sabe? Ao mesmo tempo, eu quero produzir. Eu quero fazer. Eu quero ir.
Ah, que coisa de fumeta.
Tchau.