Samstag, Mai 23, 2009

é tão difícil

hey, hey, fácil é uma palavra que não pertence ao vocabulário adulto; o adulto é um universo que não pertence ao vocabulário dos sonhos; hey, hey, é tão difícil te abrir onde não é sonho, onde não é alma, onde não é assim escondido, abafado no fundo de uma vontade que não se sabe onde fica; se no estômago, na mente ou em ti, coração.

senhorito coração, deita aqui, me deixa te esfaquear, te levar um leite morno depois na cabeceira de um hospital qualquer em oklahoma u.s.a, oklahoma u.s.a. -

me deixa juntar teus pedaços pra fazer meu tapete-obra-da-vida, um tapete de retalhos, um tapete de vermelho-rasga-sangue, um tapete só pra ti pisar, senhorito coração. -

é tarde, é tarde, é tarde. e eu tenho vontade, ah eu tenho tanta vontade, mas é tanta tanta que ela se perde em si mesma e já não sabe onde fica, se no estômago, na mente ou em ti.

coração, coração: me escute você ANTES, pq você não me escuta? gritos de dor e de euforia não são iguais? coração, coração, não consigo te alcançar a não ser assim numas linhas bregas que dançam num teclado de plástico.

é tão triste assim a BUSCA? a gente sempre tem que se sentir assim tão fragilizado, tão exposto, tão abobado? porque tem que ser assim e já não foi quando tinha que ser? cadê a minha infância de porões amontoados de brinquedos que não estão lá? cadê meu relógio das horas de ouro, meu ouro de prata e marfim e buscas em lápis de pontas quebradas quebradas quebradas, as pontas que não param de quebrar e não adianta, não tem apontador que resolva pq é por DENTRO, e quando é POR dentro, não adianta resolver pela PONTA, tem que resolver pelo MEIO, mas nada se resolve pelo meio, tudo tem que ter um início e um fim.

uma obsessão é um meio; uma obsessão não é possível ter duas pontas, ela não tem início nem fim, ela é abstração e por isso é meio, pq as abstrações inspiram, ajudam, matam. tudo que inspira é nascimento e morte quando incorpora o desejo.


nada se resolve com obssessão, é preciso achar o fim e daí o chão, que é o meio, entre o céu e o oceano. eu só quero o meu meio, me dá o meu meio, me tira daqui, eu sei, tá tudo tão perto, tão claro, pra que escurecer se torna mais difícil o que já não é simples? a simplicidade e os impedimentos andam de mãos dados, pois que a falta de adornos limita o ser essencialmente selvagem que sente a ENERGIA na busca que não se completa não se completa não se completa. e a verdade é sempre que: estamos sempre pulando no trem de outro alguém.

pulando
pulando
pulando

até encontrar o chão no fundo do poço mas
no fundo do poço tem uma mola
tem uma mola
comprime
solta
comprimidos
saltam

remédio
remédio da alma
da alma é o ritmo

no ar está a energia que não se vê
virtual
magnética
solta
compressas de erva
para a solidão.