Montag, Mai 25, 2009

rugas e espinhas

- Espinhos, né. Na real, espinhos.
- Como assim?
- Ué. Espinhos repelem, não repelem? Espetam, afastam. Aquele afastamento rápido, de espanto. É isso que eu quero dizer; as espinhas e as rugas repelem a atração física alheia que tu poderias despertar.
(...)
- Tá. Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que tudo isso que tu disse, sobre "rugas e espinhas" serem duas palavras que resumem a nossa idade, tudo isso tem a ver com decadência também. Não somos mais lolitas, sabe. Mas somos tipo velhas e imaturas. Foda-se também.
- Não é bem assim. Tu sabes muito bem que todo homem interessante e inteligente gosta de lolitas. É quase um clichê. E então, realmente, foda-se, quer dizer, a gente se fode, pois morreremos curtindo homens interessantes e inteligentes.
- Talvez isso signifique que eles não são (sejam?) tão interessantes assim.
- Sim, eles são. Não te enganes. Eles só são HUMANOS.
- Sim. Todo mundo muito humano. Na real, eu disse a mesma coisa que tu: talvez eles não sejam tão interessantes, eles são apenas humanos.
- É.
(...)
- Quer café?
- Não. Já tomei muito.
- Quer um whisky?
- Não, obrigada. Não fumo e não bebo.
- Sério?
- Sim.
- De que signo tu és?
- Peixes.
- Estranho, Peixes é o mais drogado do zodíaco.
- Pra ti veres.
- Tu deves ter algo muito bizarro no fundo da alma.
- Rá.