Samstag, Februar 28, 2009

este blog não tem mais idade para crises existenciais.

A idade me aflige. Há os que pensem que são sempre jovens, que não ligam para as rugas, que não dão muita bola para a estética em geral. Estética, bem, vocês me entenderam. Eu acho que não tenho mais idade para ter um blog, muito menos para ficar tentando fazer algo que se pareça vagamente com poesia ou egotrip. Eu gostaria de viver as coisas REAIS. Eu ando muito confusa com essas coisas de real/virtual. Tá tudo muito trans, tá tudo muito híbrido. Minhas unhas vestem azul marinho e minha cabeça, aspirinas. Eu tento ser sincera, mas tá cada vez mais difícil. No início parece simples, mas depois as metáforas surgem como nuvenzinhas pipocantes martelando. É difícil ser sincero em rede mundial. Eu tenho tanta coisa para dizer e, sim, eu tenho MEDO de dizer, mesmo com toda essa idade e etc. A interpretação é sempre livre, eu não tenho como interferir. Não tenho como dizer que as pessoas interpretam 'errado' o que eu digo, pois a interpretação é totalmente subjetiva e assim deve continuar sendo. Lembro daquele livro do Umberto Ecco, "Seis caminhos pelo bosque da ficção", que compara a ficção com um bosque, no qual podemos escolher o caminho a seguir. Eu fico também confusa com essas coisas de ficção/realidade/documento; tenho tendência a achar que tudo é uma grande mentira, que a gente vive numa bola de ilusão e não faz sentido pregar qualquer tipo de veracidade, pois até mesmo isso seria falso, como um ESFORÇO pela verdade e, se a verdade exige esforço, há algo de superficial em sua nitidez. Bem, mas tudo isso pra dizer que eu quero falar só a verdade, minha verdade, subjetiva. Eu acho que tudo isso já tá ficando muito confuso e nada REAL. Talvez eu devesse colar uns links legais, quem sabe aquele pra legendar filmes indianos. Talvez eu devesse colocar umas fotos ou uns desenhos. Ah, eu não quero. Quero só escrever aleatoriamente, me desculpem, sintam-se livres para me abandonar a qualquer momento. Eu sinto um cansaço surreal de mim mesma, mas preciso continuar. Sou como uma fugitiva correndo no teclado. Essa frase foi horrível, mas é mais ou menos isso. Não há tempo quando se escreve, logo, passado, presente e futuro são suprimidos. Não, eu não estou drogada. Provavelmente esse é o texto mais chato que já escrevi na vida, e o motivo é simples: me sinto mal, muito mal. Me sinto vazia de qualquer coisa que valha a pena expressar. Como disse o personagem 'louco' do Revolutionary Road: é fácil ver o vazio, muitas pessoas enxergam o vazio, difícil mesmo é enxergar a falta de esperança. Eu não sei se enxergo a falta de esperança, e acho que enxergar a falta de esperança talvez seja o primeiro passo para recuperar a esperança. Não dá pra ficar estagnado em situações infrutíferas. É preciso abrir os olhos para a falta de perspectiva latente de algumas situações na qual nos envolvemos. Não dá pra ficar nessas de que tudo é relativo, pois relativizar leva à estagnação. Certo é um conceito relativo? Bobagem. A gente sempre sabe o que é 'certo', e relativo é o conceito que não nos deixa fazer o que é certo. Certo, eu digo, é levar a cabo o coração. Todo mundo sabe de duas vontades mais fortes, pois elas não nos deixam em paz, caso contrário, não são vontades reais. Seguir essas vontades racionalmente, não por impulso, mas por vocação e cautela. Não se atirar, mas beber pelas bordas. Ah, tremendamente difícil isso de ir com calma. Meu coração é impulsivo, mais impulsivo que verdadeiro ou bondoso. Somos máquinas, e portanto tudo que eu escrevi até agora é uma grande bobagem. Na verdade, tudo que eu escrevi até agora era pra provar o quanto não vale mais a pena escrever aqui. Na verdade, eu estou em busca da minha falta de esperança libertadora. Na verdade, eu só estou matando tempo enquanto meu horário misterioso não chega. Ele está chegando, o horário misterioso. Eu estou sempre determinando horários misteriosos, eu estou sempre mudando de assunto. É o VAZIO, tô sem assunto. Vamos ver... eu tenho ido muito ao cinema. Ontem fui assistir 'Milk' e achei uma chatisse. O remake de Sexta-feira 13 eu gostei. Quer dizer, sou muito tosca pra avaliar um filme de terror. As pessoas no cinema todas rindo e tirando uma onda dos efeitos e sei lá, eu ali PULANDO na cadeira de medo. Acho que não sobrevivo ao My Bloody Valentine 3D. Imagina um FOGO e um MACHADÃO voando na minha cara em 3D. Medo. Enfim, eu não vou falar de cinema. Eu não entendo nada de cinema. O cinema é só ilusão e eu vou chorando pelo campo (Lobão). Ai, ai. Tá difícil esse horário misterioso. Meu corpo pede água, ou melhor, suco de maracujá. Tudo que eu queria agora era meio litro de suco de maracujá bem docinho e um cigarro. Acho que até dispenso o cigarro. Ah, fato é que aqui eu não consigo mais ficar. Sem querer ser relativista, quero dizer AQUI, em um lugar específico. Eu queria a supressão do tempo/espaço. Céus, eu juro que não me droguei. Simplesmente acordei assim com essas idéias meio mágicas, meio infernais. Eu queria levantar voo e dormir voando, veja só que excêntrico. Não sei como eu faria isso, não sei se os pássaros dormem voando, mas acredito que não. Nossa, tá muito calor aqui. Entendam que toda a situação do ambiente quente/escuro é terrível. Não o sinto como meu ambiente, apesar de conviver com ele há no mínimo uns 20 anos. Nada aqui é meu. Eu entrei hoje nessa pilha da MATÉRIA, essa coisa de POSSES; acho que nada mais ilusório também. Acho que a pessoa enlouquece se começa a pensar que tudo é ilusório. Talvez seja tudo culpa da ficção, talvez eu devesse ler mais jornais e assistir mais documentários, talvez meu vazio precise ser preenchido com boas doses de VIDA REAL. Talvez, talvez, talvez. Parece até que nesse texto tudo gira. Certamente estou escrevendo com uma boa dose de ressaca e ela parece estar se expressando. Ah, eu me sinto tão idiota. Eu realmente sou uma pessoa chata, eu realmente não quero mais conhecer ninguém, pra ninguém me conhecer. Eu tenho preguiça do mundo. E isso é uma declaração de amor. Eu acho o mundo bom demais pra mim. Não consigo me adequar. Estou super inadequada. E esse horário não chega nunca.
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Bem, começo a achar que meu horário misterioso é ilusório também. Começo a ficar triste, terrivelmente triste. É uma tristeza meio inexplicável. talvez seja o que chamam de melancolia; é aquela tristeza ameeeega que me acompanha desde os 9 anos de idade. Eu lembro se senti-la quando ficava sozinha em casa. Lembro de sentar na janela e escrever no meu diário. Talvez eu lembre até da vista da janela, de canto. Fato é que o horário misterioso parece agora se aproximar, sinto vibrações no barulho da torneira. É difícil explicar mas, como eu disse antes, tem coisas que eu gostaria muito de exteriorizar mas é um tanto complicado assim em rede mundial. Eu acho que não odeio muitas pessoas, com certeza tenho mais tédio do que ódio no coração. Me irrita o fato de começar todas essas frases com 'eu', 'eu' e 'eu'. Porra, as pessoas só sabem mesmo falar sobre si mesmas, isso é tão, mas TÃO irritante! É tão complicado encontrar pessoas com as quais se possa trocar idéias que não sejam exatamente sobre elas mesmas. As pessoas são TÃO interessadas pelos seus empregos, seus amores, seus gatos. Ah, deve ter algo de errado coomigo mesmo. Eu que deveria ter um emprego, um amor e um gato, ao invés de ficar querendo discutir cinema e literatura. Eu sou uma louca. Aonde eu quero chegar com isso? Na hora misteriosa, é claro. Ela se aproxima. Eu começo a suar. Tudo vai ficar bem. Tudo vai ficar bem. Quando a hora misteriosa CHEGA, tudo fica bem. Você começa a perceber que mesmo aquela paixonite idiota que te aflige é uma grande bobagem. Tudo, tudo uma grande bobagem. Você começa a perceber que pra ser feliz bastam alguns discos, uma brisa fresca e um suco de frutas. Você não quer que a hora misteriosa termine nunca. Mas ela termina, o grande problema é que ela termina, e aí tudo volta a ser como antes, até a próxima hora misteriosa, e assim por diante. Eu não sei se isso é triste. Eu acho que o importante mesmo é o desapego, mesmo das horas misteriosas. Eu estou agora aqui aflita, completamente APEGADA ao meu momento mágico que se aproxima. Isso não é certo. Talvez tudo melhore, quam sabe até CLAREIE, depois do meu suco de maracujá. Eu não deveria me irritar tanto com as manias egóicas alheias, afinal, impressionante o tempo que fiquei aqui falando de mim mesma e do quanto o mundo é injusto com pessoas sensíveis e cultas como eu. Acho que minhas unhas ficam realmente elegantes em azul marinho. Acho que ele nunca mais vai falar comigo de novo, mas eu acho isso todo dia, e ele sempre volta a falar. Tô precisando demais da minha hora mágica. Pra desapegar dele. Sim, eu estou completamente apaixonada. Porra, será que escrevi até agora pra dizer isso? Tudo que eu queria era dizer eu-te-amo em rede mundial? Ah, não é possível. Eu estou cada vez mais demente. Eu não deveria publicar essas coisas. Eu não deveria gostar desse cara. Pressinto que estou estragando tudo. Eu tenho um leitor que sempre quando eu escrevo sobre amor-e-etc, ele acha que é com ele. Ele vai achar que eu estou apaixonada por ele. As pessoas não entendem a minha pilha impulsiva, frenética e passional. Eu vou começar a acreditar que as pessoas tem MEDO de mim, apesar de isso me impelir, ao mesmo tempo, a achá-las completas idiotas. Medo de MIM, saca. Sou uma criatura inofensiva, bondosa e tenho dentes espantosamene alvos para uma fumante milenar. Isso me define? Jesus tinha about me? Isso está virando uma egotrip sem nenhum sentido?
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Bem, aqui concluo a minha despedida. Acho que foi uma despedida desde o começo. A hora mágica está vindo, eu a pressinto nas buzinas lá fora. Na verdade, não há buzina. Foi um prazer conversar com vocês pois, acreditem, pra mim os posts são sempre boas conversas. Eu espero que todos me entendam, não levem a mal minhas colocações e não me achem uma louca. Não vou dizer que cão que ladra não morde, pois eu fui mordida por um desses. Não há qualquer teoria que possa comprovar a minha sanidade mental. Na verdade eu deveria me ocupar em MANTER a sanidade mental. Ne verdade, eu estou com bastante raiva no coração, nesse momento. Pessoas chatas impedem a chegada da minha hora misteriosa. Eu estou com muito calor e ficando ligeiramente mau-humorada. Minha cabeça meio que dói. Eu estou de saco cheio. Ai sabe. Algumas pessoas deveriam ficar longe pra me ajudar a manter a sanidade mental. Como as pessoas não se ligam? Como as pessoas não tem vergonha de ficar mendigando a atenção do desprezo?
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ELA CHEGOU.
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Não aguento mais refletir, beijos.