Dienstag, Mai 13, 2008

os demônios tomando o carro de frente OU deus, livrai-me do espírito intelectual

Odeio todos os jovens que igualmente sofrem, em inúmeros apartamentos com internet domiciliar afora, ao escutar uma canção de David Bowie. (...) Suspiro. Me igualo. Me odeio como representação e como angústia de reconhecimento. Reconhecimento de minha impotência diante da música pop, do café vanilla, das mega-corporações, das maquinarias elétricas e do sistema público. Me aflige não ter uma opinião formada sobre a privatização das empresas estatais. Me aflige receber o email de um professor desesperado atrás do aparelho Ipod que esqueceu na sala de aula (recarregando-na-tomada-da-universidade-pública), mas me aflige também a hipocrisia dos discursos politizados. Me afligem os colegas usando aspas com as mãos; Isabella Nardoni e Cristhiane R. na prisão de Caras; a pornografia do terror. Me afligem os professores procurando respostas nos olhos de alunos drogados pela alienação massiva do ego. Me irritam as divagações, mas não posso me livrar delas, isso seria uma separação daquilo que não lembro mais; renunciar ao sonho, à dúvida, ao irreal e incerto. Me desvencilhar daquilo que não compreendo e não possuo, disso sou incapaz. Portanto sigo aqui divagando, dizendo o que tem que ser dito, pois quando se tem nada a dizer, não se diz nada.