Montag, Dezember 15, 2008

the lady don't mind

I wanna talk
as much as I want
I'm gonna give
I'm gonna give
the problem to you
(Talking Heads)
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--- Lacinhos perdidos---
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Em uma manhã de domingo na Cristóvão Colombo, Osvaldo Aranha, entre floristas e cobradores de ônibus. O jovem sério e vazio, sério em suas crenças e misticismos, me mostrando suas coleções artísticos-culturais que demonstram apreço pela arte. Contemporânea. No, no. The lady don't mind.
Mentira.
Se importa sim.
Ela - gosta - de - dizer - o - que - sente. No good at all. Me deixem com minhas máscaras, é uma escolha minha. Nada contra o jovem sério, já que também foi uma escolha minha. Apenas que ele não precisava ter arrancado o lacinho. Mal favorecimento genético a gente entende. Cabelo comprido e tom de voz SUAVE também. Mas arrancar o lacinho? No,no. No problem at all.
Sorrisos preecheriam estas coronianas linhas? 'Escolha uma carreira' lhe parece uma frase ambígua? Bem-vindo ao mundo pós-noventa cantando que usamos as mesmas roupas por que sentimentos do mesmo jeito (Blur). Conjuntos musicais provincianos dão no mesmo? A pergunta que não quer calar. Restos de sorvete me encaram misturando-se com cinzas de cigarro sintético. Ou renovável, não lembro mais. Tem vezes que apenas um repeat não é suficiente, outras nos enchem de vazio com suas nuvens de solidão congeladas em alguma auréola celeste wagneriana. Mundos sem falos e cocôs são impossíves mas me agradariam de segunda. Quinta mão. Vermelho escarlate. Escorpião de chocolate. Mágica sem pós de arroz e remédio sem mediciana alternativa de pontinhos na orelha. Massagem. Terapia. SãoPaulo ou casa própria? Domingo ou Quarta? Quarta ou Nona? Quarto de Caetano. Aguardo. Aguardente. Qual a relação do ânis com a erva doce?

A mágica indecente
e pura
dos olhos
sem pé
florescendo
na
ne
ve

TV.-nave.


Jardins decorados em fotologs. The lady is pissedoffgrl.

Freitag, November 28, 2008

keine auge


tanto faz amor

o tempo
o remédio
o sopro

cas ais

tanto faz
se chovem
se comem
se dormem

i need you baibe?
i love you baibe?
oh pretty baibe?


não
definitivamente não
há amor

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Mirácola estava tomando uma cerveja e observando o sol descer na orla. a descida do sol é algo realmente relevante depois de um dia de calor, sol no côco. As vendas de côco na estrada, lembra Mirácola, que milagre são as águas que descem doces na garganta. Que milagre são os dodóis que sobem assados pelo meio das pernas. Que lindos são os medos que afloram nos dias de tempestade. Que que que ---> usa-se pra expressar maravilhamento? Definitivamente não. Há surpresa. Há confetes e churrascos, não necessariamente nesse ordem. O sol desceu no rio e a cerveja pela garganta de Mirácola. A descida é o símbolo do fim. O fim da cerveja e o nascimento do arroto. Na alma da boca. Na boca do coração. Já ouviu o seu (coração?) hoje?

Samstag, September 27, 2008

breve tradução de dois jardins

O jardim de nossa casa familiar, que hoje pertence ao meu velho irmão, começa pelo lado esquerdo do terreno, salpicado de ervas belas e daninhas; chamam atenção as alaranjadas flores de pétalas levemente pontiagudas e os canteiros separados por fileiras mal alinhadas de tijolo. São três os canteiros. No primeiro está a bananeira que com tamanha insensibilidade teve as folhas, por despejar suas franjas desprezando os limites da cerca elétrica, cortadas pelo novo vizinho que construíra sua casa sustentada por pilares de aço anti-terremotos. Algumas pessoas não suportam o mínimo rompimento de limites.
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No segundo canteiro, não cansa de envelhecer a antiga e harmoniosa pereira, com seu tronco de cascas secas mas ainda eficiente no sustentar dos galhos e seus pesados frutos; que quando maduros caem muitas vezes já podres ou previamente degustados por aves de pêlo colorido. Por esse motivo, nosso pai costumava ensacar as pêras com saquinhos de papel para cachorro-quente e alimentar os passarinhos com farelos de pão. E, mesmo em idade já avançada, não furtava-se de subir na bamba escada construída para alcançar os galhos mais altos.
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Tanto a leveza quanto a altura, a velhice quanto a maturidade, as pêras verdes e pesadas quanto às maduras e fatigadas caídas ao chão; nunca entendi como podem os filósofos modernos não se interessarem por tais explícitas relações conceituais. É sabido que a natureza reflete o homem, tanto nas límpias águas de um riacho abandonado no paraíso quanto na poluição de um rio urbano. Nosso jardim é um éden abandonado pelo ritmo sinuoso da cidade e seu espaço, mas jamais pelo tempo. Que o tempo corressse e vizinhos amigos ao morrer deixassem suas moradas para a livre destruição e bem aventurança de futuros moradores jovens com filhos de idade a brincar de balanço enquanto a queda inexorável não vinha, era certo. No entanto, isso a nossa mãe incomodava, ela que nunca gostou de mudanças e por esse motivo era aficionada pela limpeza e manutenção de seus bens. Essa era uma tentativa de evitar que o tempo a transformasse como bem quisesse, uma forma de mantê-la no poder ilusório da fruição natural. Dessa forma, o jardim era cuidado por nosso pai; a ele agradava as pétalas da flor de pêra espalhadas pelo chão com o mudar das estações do ano, assim como entusiasmava-se ao ver suas plantas crescerem e darem frutos ou milagres.
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O terceiro e último canteiro era onde ficava a pequena árvore de pitangas e as roseiras. Antigamente as fazia companhia também uma ameixeira, mas essa foi a baixo depois de ficar ‘bixada’, segundo alegaram nossos pais. Nunca entendi muito bem como apodrecem as plantas e suplicam pela própria destruição, assim como não entendo a facilidade dos homens para derrubar uma morada construída; quem sabe porque os que derrubam nunca são os mesmos que constroem, e os que morrem nunca os mesmos de quando nasceram.
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Hoje, quando volto a esse jardim do qual talvez nunca tenha saído, por ser ele o jardim de nossa infância, não carrego uma máquina fotográfica; deito na laje fria que por tanto tempo minha mãe reclamou a sujeira das pétalas deixadas pela pereira e contemplo os galhos de baixo para cima. Tal visão sempre me recorda um videoclipe da década passada. Me agradam os videoclipes com músicos processando canções em lugares tão vivamente naturais como um bosque ou uma praia, sendo o que mais gosto ambientado em uma ilha no meio de uma montanha de neve, a qual tem no centro um coqueiro de plástico.
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Um coqueiro de verdade exibe um segundo jardim da casa de nossos pais, o jardim da frente. E o chamo segundo porque dele nunca usufruí com prioridade, por rebeldia de ser teoricamente o principal. Talvez nunca tenha permanecido ali mais que um cigarro solitário, já na idade adulta, compartilhando minhas nádegas com as lajotas vermelhas que circundam o caminho de mármore até a porta. Mas lembro, por exemplo, de um amigo da adolescência indagar o porquê de nossa porta frontal sustentar o trinco justamente no meio e não no canto direito como a maioria. Penso que era alguma espécie de estilo em voga na época dos anos 70: uma maçaneta prateada se impunha no meio da porta de entrada envolta por um círculo também de cor prata. O círculo, para os antigos, representava a forma perfeita, e foi muito usado no cinema expressionista contra fundos iluminados, expressando assim a passageira harmonia do personagem.
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Gosto dos filmes expressionistas porque expressam, através da textura e do grafismo convertidos em imagem, os sentimentos humanos. Os filmes, assim como os jardins, prestam-se à comtemplação e podemos sempre recorrer a eles para exemplificar a memória, já que a memória nunca é confiável, pois está sempre submetida aos humores.
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Agora, após a refeição do meio dia, contemplando o primeiro jardim mais demoradamente, de estômago preenchido e sossegado, a pereira que antes parecia de tronco cascudo e seco me chama atenção para os cachos de flores que saem de seu sustentáculo de madeira viva; certamente uma outra planta acoplada à árvore, por métodos e denominação que me são desconhecidos. Parecem-me, pois, os filmes expressionistas ainda os mesmos, por não estarem nesse momento dispostos a minha frente por meio de algum aparelho reprodutor de imagens. Ainda que os escritores modernistas tenham sucessivamente tentado explicar os sentimentos por meio da exaustiva e prazerosa descrição das máquinas e seus respectivos funcionamentos e reproduções, ainda assim o homem não se mostrou mais inclinado a descrição da máquina como da natureza. Hoje, quando volto a esse jardim, penso que diz mais ele a mim do que eu sobre a bicicleta que aqui me trouxe e agora demonstra toda sua inutilidade quando limitada por um espaço restrito e domiciliar. Abandono então meu cigarro na borda da lajota vermelha para esquentar o café, e quando volto vejo que se rolou sozinho e com o vento até o centro da varanda. Contemplo a imagem, diriam muitos, metafórica, e lamento não carregar mais uma máquina fotográfica, apenas uma bicicleta.
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Muitas são as teorias sobre o turismo, maldito impulso humano de andar em círculos iludindo-se com o movimento que faz do tempo um joguete. Conhecemos certa vez um ciclista, o qual viajou léguas e léguas, cruzando fronteiras imaginárias a bordo de seu veículo de duas rodas. A roda, para os modernos, é símbolo de agilidade e condução.
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Meu irmão recolhe o cigarro do centro da varanda e o dispõe entre os lábios, estes circundados por marcas que sinalizam o cansaço da pele em abrir e fechar a boca sucessivamente ao longo dos anos. A velha vitrola portátil de nossos pais carreguei hoje até o meio do jardim frontal e dispus entre os girassóis, assim como a poltrona aveludada do antigo escritório. Aqui estamos onde jamais teríamos antes podido estar, pois a nossa mãe não agradava música nem desordem, cigarros ou flores. Aos nossos jovens corações, entretanto, não agrada a estabilidade, a não ser assim, visitada como lembrança viva, pois que reviver nada mais é que dar vida à memória.
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E, MILAGRE E EPIFANIA, eis que no meio do girassóis nasce um asfalto, exalando a fumaça quente de um ovo que nele se frita. E do ovo surge a suculenta gema e a saborosa clara, ainda que não nos mesmos corpos de quando saíram da galinha mãe. Os vícios derretem-se entre o caldo e a consistência, formando uma anti-matéria invisível aos nossos olhos que contemplam-se num misto de filmes e jardins. As calças desbotadas de meu irmão envolvem pernas que andaram por lugares que nunca vi e meus óculos coloridos parecem barreiras para o olhar dele que tenta inutilmente atravessar o reflexo de uma janela, sabendo ele que as janelas são sempre fixas; o que muda é o movimento, das máquinas, no asfalto que nasce os girassóis e dos girassóis que frágeis balançam ao vento.
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Muda, a contemplar o asfalto que entre nós nasceu, lhe estendo a xícara de café, pois que a boca não pode ter nada a dizer quando os olhos não se encontram. Meu irmão retira o cigarro dos lábios e o afunda na xícara, dizendo que agora sim estamos ambos de lábios livres para sorrir das mãos e dos olhos que tudo desvirtuam, como as ervas que quando arrancadas tansformam-se em milagres do estômago e do coração, ou físicos falando da anti-matéria. Eu digo que tanto faz, posto que tudo dissolve-se em um quarto canteiro do nosso asfalto-girassóis, por mais que não tenha sentido, aventura e emoção, pois aqui quem vos escreve é um ser humano e não uma memória.
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Sonntag, September 14, 2008

bringing David Foster Wallace back

Impossível trazê-lo de volta para onde nunca esteve. Físicos cogitam a supressão temporal. O tempo não faz sentido, quem sabe a distância. David Foster Wallace morreu-se e com ele meus sentimentos de miojo sabor morango. Meu nojo do mundo... ah, foda-se. Não quero aqui aparentar uma mente problemática ou mal compreendida. Quero apenas dizer que compreendo e não julgo. Não farei um discurso sobre o quanto o mundo é injusto para as almas sensíveis. Ele nem mesmo deixou um bilhete. Como disse um amigo, se tivesse começado a escrever um bilhete de suicídio talvez estivesse escrevendo até agora e não tivesse se matado.
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Todas as manifestações são do tipo: 'OH CÉUS MAS PQ!'
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Eu acho menos compreensível dizer porque continuamos nós a não morrermo-nos. As órbitas estão cansadas e nós estamos cansados das órbitas. Todo o estudo sociológico/filosófico fala em andar em círculos, mesmo o câncer (doença do século) é uma metástase, tal qual a metástase da informação. Se o ciclo tem caráter vital, também morre por rapidez e excesso. Tudo que está vivo morre e tudo que morre um dia esteve vivo.
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O que fazer com tanta informação? Como organizá-las de modo sensível e que nos dê prazer? Tentamos, começamos e paramos, pois a tarefa é árdua. Seguimos 'bringing back' como se essa fosse a solução; trazer de volta os anos 60, 70, 80, 90... blocos de informação pasteurizada, moda. Ah, a moda; simples saída para a individualização superficial. E que outro tipo de individualização poderíamos ambicionar? Nossa vida é feita de imagem e superfície; tela plana, digital, widescreen, plasma. Q? Eu não sei a diferença. A 'arte' muitas vezesé feita de frases roubadas do msn e as fotos da exposição ao lado talvez sejam muito grandes para o alcance de nossos olhos viciados, melhor dar uma olhadinha no fotolog do artista.
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Mas o que isso tudo tem a ver com arte? Ela, musa maior que já foi um meio de tornar a vida suportável, hoje se tornou, quem sabe, um flyer de sexta feira à noite. Arte é diversão. Eu não quero morrer-me, mas também não quero diversão. A diversão é um meio eficiente para se encobrir o tédio e nos livrar dos enfrentamentos necessários com nosso próprio vazio. Ou quem sabe o segredo seja mesmo não refletir sobre coisa nenhuma.. mas o segredo de quem e para quem? O mistério morreu. Nossa relação com as imagens, por exemplo, não é mais de contemplação e sim de interação. Interdisciplinariedade, teoria da recepção, iluminação recíproca entre as artes. Q? Eu sei mais ou menos a diferença. E de que me adianta? Tanta informação me dá preguiça, e tanta preguiça me dá nojo. Assim como um miojo de morango, a metáfora futurista que eu fiz de DFW para mim. Me individualizo e me despeço, agora, no meu foguetinho de ameixas podres. Tchau, amiguinhos. Engulam de nariz fechado todas essas tiradas engraçadinhas, as minhas e as vossas. São tantos nojos que começo a ter nojo mesmo de limpar-me.

Mittwoch, August 27, 2008

bringing sexy baaaack



A imagem não tem o objetivo de suprimir o texto, ambos se conectam em uma relação complementar e não de sobreposição. 000000999999999999999ee443awaq Meu teclado não me deixa escrever; não sou mudérna, sou pobre mesmo. As imagens e os textos se iluminam e não se sobrepõem como os meus sonhos suprimem minha realidade. 'os' me perseguem. thinking oooof. offffff. confuso. chega de vazios e cuidados e palavras e pesquisas e moradas falsas. livre associação? eu não me associo em lugar algum, lugar algum me conecta, me complementa ou me suprime. tudo está ok. as coisas são como as frases, começam com maiúsculas e depois vão desistindo. a ideologia é tão linda, as atitudes generosas e românticas são tão belas quando contempladas nas imagens e nos textos mas na real láifi não funcionam bem assim. não somos generosos, não nos interessamos pela vida alheia. sim, eu assumo sua voz e a de quem mais eu quiser; o coração morreu, quem vai reclamar? a alma está de férias, quem se importa? num mundo de reciclagem o descartável interior está em voga. num mundo de gentilezas, o engano é certo. num mundo de grosserias, vivem os acadêmicos internacionais. já diria adoniran barbosa, mulher, patrão e cachaça, em qualquer canto se acha; é aquela coisa de coluna ereta, mente quieta e coração tranqüilo, pois as canções sabem demais. 'a canção que sabia demais é o o nome do meu novo curta'. 'clép-clép'. eu desisti, sabe. sei que a fé na humanidade já saiu de moda faz tempo, a questão é que os mesmos que se pronunciam contra ela, se colocam fora dela, numa ignorância semântica admirável. então, escutem as canções. e mais, ampliem seu modo de escutar as canções. i thought i knew you, what did i know. não, não é um post sobre desilusão amorosa, estou farta dessas também, saíram do meu guarda-roupa, apesar de continuarem na moda. your lips are moving, i can not hear. o amor tem essas coisas de desaparecer toda noite, pelo menos em mim. pois pra mim o amor não está nas pessoas, está no ar. love is the air, já sabia a canção. o amor está no ritmo, nas vozoso, no carinho de orelha interior. nos lugares que a gente lembra, mas não exatamente neles, mas no cheiro deles. no gosto deles. no quanto nos embriagaram. nossos lugares favoritos são tudo que já estava na gente mas despertou ali. por isso, um dos meus lugares preferidos é aquele entre a textura do travesseiro e o barulho do despertador. acordar cada dia com novas imagens deliciosamente indecifráveis, descobrir novos tons e arquiteturas em cidades que misturam o interior da infância e a metrópole aniquilante da idade mudérna. eu te dou sono? vai dormir pra ser genial de manhã, então. eu também vou dormir. eu também me dou sono, eu durmo demais, eu como demais, fumo demais e bebo demais. mas é pq eu amo demais. ha-ha-ha. é pq eu faço essa coisa assim CONFESSIONAL que não dá em nada, sabe. eu gosto dos excessos inúteis. eu adoro cortinas. e, sobretudo, meu MP3 player.

Dienstag, August 12, 2008

jogando arroz pela janela

É engraçado como as sombras da cozinha mudam e dançam e continuam confusas apesar de tudo estar mais claro agora aqui dentro. Eu jogo arroz pela janela para me livrar dos grãos que entopem o ralo da pia de lavar louça. Isso não é relevante, é apenas um começo e bobinho como todos os começos. No último mês conheci mais pessoas e entupi mais veias. [Isso é um meio.] No último mês aprendi a desamar e a querer bem. No último mês não lembro de ter lido ou escrito. [Isso é um fim.] Algumas coisas não estão nos livros e outras não podem ser contadas. Pensando bem, talvez todas as coisas estejam nos livros, mas é diferente. Estou falando de ficar sozinha sem sapatos no meio de uma rua desconhecida em um país estrangeiro. Estou falando de esquecer como se fala e de sentir o verdadeiro frio e a verdadeira fome. A solidão real e física. Estou falando do que não tem como falar e por isso, travo. Estou exorcizando e já nem sei sobre o que eu falava, só pra não perder o costume. Estou falando de não ter talento para falar, ou melhor, estou escrevendo sobre não ter o que falar. Cansei de falar. Meu maxilar dói. Minha mão de pegar a caneta treme e meus braços se movimentam involuntariamente num vai e vem de rodadas grátis. Estou falando daquela luz que vem de dentro do peito e pula no teclado; sem medos, sem projetos visionários ou pretensão vanguardista. Sem breguisse mas com amor. Com breguisse e sem preconceito. Sem sentido. Mas e daí? Não há nenhum conteúdo, é um vagão vazio, ou xícaras, ou bules ou bacias. Sem água, sem chá, sem chopp. Estou falando de paixão e desapego, dimensões que parecem tão distantes (e são), mas que apenas quando se encontram são capazes de nos fazer amar. Amar o inexistente, o vazio, o inexplicável. Amar não de verdade, pois a verdade inexiste e as opiniões nos sufocam; mas sim amar a si mesmo e a cor da plantinha na varanda. Amar a varanda, a vassoura, o balde que transborda lama em uma casa limpa. Amar alguém, claro. Amar qualquer coisa menos a própria confusão, confundir qualquer coisa menos o amor-próprio. E melancolizar pela vida esses conceitos inúteis, donos de nosso ser dilacerante. (OH!). Um tédio de Fernando Pessoa, um ônibus de Julio Cortázar; já não importa. Não sei fazer literatura. Não consigo afastar de meus pensamentos os meninos rindo de mim, mas agora eu também estou rindo; não por achar engraçado, mas o patético também tem seu poder sorrisal. Patética é a comédia das idades e os frutos que amadurecem podres e derrubados pela força do tempo. Patética é a falta de educação e a pseudo-intimidade criada por alguns seres humanos com intuito 'nós somos jovens, somos o exército do sol', queremos viver a letra das músicas mas só de mentirinha enquanto ela durar, tudo é permitido e lindo por duas semanas, mas tanto quanto descartável. Capitalistas-consumistas de sentimentos. Não sei se engraçado ou vomitante, por isso fico com o meio termo meia boca chamado sorriso. Um sorriso de obrigada, senhor, por me livrar dos males viciantes dos desejos sub-20. Um sorriso dos olhos e das rugas da testa. Um sorriso de quem chorou e sofreu e perdeu e ganhou recheio mais-mais. Um sorriso de fruto azedo e brilhante jovial não se compara a este fruto amadurecido e doce e discreto. Seja feio mas tenha a força. A generosidade não recompensa ninguém, o importante é ser forte. E se manter na árvore até o apodrecimento mais retardado possível. O importante é amadurecer preso aos galhos mais altos; contemplação plena do subúrbio sentimental. É preciso estar extremamente perto dos céus e totalmente desapegado de todos eles. Mas não sei, ainda não sei de nada; só que no próximo verão quero pegar um europeu. That's all. Fodam-se as reflezões ezistenziais, tudo sempre acaba em sexo e futilidade.

Samstag, Juli 05, 2008

este post não é para você.

não sejam pretensiosos, meninos. eu não estou apaixonada, eu não estou amando, eu estou vivendo ATRAVÉS. Sim, algo bem ao estilo break on trought to the other side, eu transcendo a posse, a saudade e mesmo o amor. Pois o amor, ah,o amor, poderia me demorar quarenta linhas enrolando um novelo de lã de volta às suas bases pois nem dez novelos de lã seriam suficientes para um cachecol do amor. Foda-se o amor. Ele que fique nas caixas de papelão da campanha do agasalho, como uma doação, como um favor, como uma caridade. Eu não preciso de caridade, eu preciso de um copo de vinho e um cigarro. Eu preciso trabalhar. Eu preciso escrever. Eu não preciso chocar nem amar, mas às vezes acontece. Acontece de atravessar a rua sem agasalho, acontece de tirar os sapatos na hora errada. Acontece de ser levada pelo jeito como ele amarra o cachecol. Mas não, não é amor. Mas não.... Como faz? Como faz quando não se sabe mais o que é e o que não é mas se quer continuar dançando de roupas novas? Ah, talvez essa coisa de vestimentas e amor não combine para você, mas é como eu disse: esse post não é para você.

Mittwoch, Juli 02, 2008

you're a bone machine

and you're so pretty quando olha pra mim e mesmo quando me mata de desgosto como caules degenerados de desprezo em belas flores murchas descansando a falta de cansaço na sacada do apartamento úmido de uma velha que não as rega. rega velha, rega, rasga também e deixa voar pela janela as folhas despedaçadas dessa planta que nem nasceu e já secou, onde tudo mais molha ou malha em aparelhos elétricos o bone machine. malha e deixa o suor escorrer como água que me mata a sede e depois me esgota, transborda, me queima lotada de paradoxo, me lota de vontade e preguiça e movimentos repetitivos inúteis. eu me saboto abrindo as torneiras do coração que enferrujam só de pensar em torcer. torcer não é válido, mais válido nadar na tempestade de um céu que não pode te esperar e chove. chove lá fora e aqui faz tanta fumaça, quando o que eu queria mesmo era que queimasse tudo de uma vez pra acabar com essa tortura de esperar a sêca que fere a todos, menos a mim. a sêca dos sentimentos que eu quero colocar na sombra mas jamais deixar que molhe, pois a falta de sol não é chuva, é só lusco-fusco vermelho-laranja de um final de tarde em que nada acontece em ti mas no meu coração sim, assim essa falta de verdade como a que não sai de mim, assim essa falta de clareza como a que me corta o peito como lâminas sem cabo de madeira, como o marinheiro no barco, na tempestade, no olhar choroso da menina branca. como o branco da roupa do pai de santo em um dia de festa. como cores e contas que não fizemos. como camas e mesas que não dividiremos. como astros e notas e líquidos eu te digo adeus e te amei. por duas, três, quem sabe quatro semanas de olhos abrindo devagar pra um amor desperto no lago de narciso. te digo adeus e te cuide, te digo cuida e reza, reza para o pai de santas mandingas de esquina em mais um dia de chuva no meu peito-bolha-de-pingos. nos meus pingos tristes de gotas amargas como remédio de rim. como rins que abraçam e pedem e não ganham recheio. te deixo assim como a um mumu-recheio de sonho mais delicioso que deixei cair na poça d'água da rua-enchente de mim. de novo te encontrei, te perdi e não me achei. de novo me lotei de lágrimas salgadas pós-doce. de novo escrevi merda por achar que assim o coração sossega.

brains on fire OU navigueira

O espírito do dia é um Pixies esganiçando na vitrola empoeirada, me fazendo lembrar do tempo em que a Figueira era nave. Minha mãe era secretária de uma escola de ballet e muitas manhãs passei brincando nas salas espelhadas; gostava de dobrar as portas e ver os vários-eus-refletidos, que em minha imaginação infantil configuravam paquitas de mim mesma. Acho que por isso sempre quis cantar, escrever ou pintar; mera questão de vício representativo. A escola de ballet ficava no segundo andar da escola de natação, na frente da qual erguia-se esplêndida a Figueira de minha infância. Depois das manhãs nas quais me divertia com os espelhos enquanto minha mãe atendia telefonemas, eu almoçava marmita de arroz com ovo e ia para a escola. As aulas acabavam às 17h30 e meu colégio ficava duas quadras a esquerda da academia, caminho que eu fazia com o prazer de uma colegial comendo azedinhas grudentas e a rapidez das meninas em idade de usar bermudas curtas e correr sem constrangimentos. Dessa feita, cinco minutos depois já estava eu na minha Figueira, acomodada na minha poltrona de galhos; assistindo o pôr-do-sol ao som das conversas de bailarinas de 14 anos penteando cabelos, vestindo malhas e estalando elásticos. Coques, grampos, banheiros femininos. Foi ali que aprendi algumas dessas noções de vaidade: a janela do vestiário povoada por agendas coloridas, escovas capilares e cheiro de suor, contemplados pelos meus distantes olhos de 8 anos. Lá embaixo, na sala de natação, uma loira tingida enfiada em polainas dava indicações de movimentos braçais em frente à piscina. Mais tarde, eu viria saber que tratava-se a mãe do meu co-piloto.
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Meu co-piloto de árvore-nave devia ser uns 2 anos mais jovem, era magricelo e carregava carrinhos que enfiava na areia. Sempre tive nojo dessa areia urbana na qual a gente cava, cava, mas tudo que encontra é cimento. Ele parecia não se importar. Ficava imerso em suas mãos e as rodas de plástico enquanto a mãe pulava fora d'água e eu girava 90 graus no galho mais baixo da Figueira. Um dia, assim, sem motivo, com a espotaneidade de uma criança liberta das racionalidades adultas, eu disse "Sobe aqui, vamos viajar! Tá vendo aquele tronco ali do meio? É a minha cabine, a Figueira é a minha nave". Ele me olhou num misto de surpresa e desconfiança, acredito que mais surpresa que desconfiança, ou então a própria mistura inusitada de insegurança e alegria ali contida era que produzia aquele efeito nos olhos dele; uns olhos que me diziam que se eu continuasse mais um pouquinho bem pouco conseguiria atar para sempre. Eu queria atar um garoto na minha rede de folhas e cores, pela primeira vez; carregar alguém para as minhas sombras. Porém, havia um detalhe, pequeno, mas importante: o destino da viagem era uma invenção minha e eu não estava brincando. Digo que não estava brincando pois levava deveras a sério a idéia do Tele-Transporte. E então expliquei ao garoto "Se tu subir aqui na minha nave a gente viaja pra outra dimensão. É só sentar e fechar os olhos. É uma viagem muito rápida. Quando a gente chegar tu vai ver que as coisas vão estar todas iguais, mas serão outras".
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[E agora me pergunto se ele realmente achava que eu estava brincando, e por isso mesmo aceitava, como alguém que consente brincar de roda ou de Dominó. -- mal sabem os garotos.]
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Da primeira vez que ele consentiu foi como se eu tivesse nas costas um peso maior que o da mochila que carregava nas costas indo-e-vindo do colégio para a Figueira. Mas era um peso diferente, uma carga que eu queria carregar mas não me sabia capaz. Queria descobrir. E por isso naquele dia dirigi minha nave-árvore com mais concentração e auto-controle.
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[É preciso disciplina para elevar os alteres pessoais das nossas descobertas.]
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Eu estava descobrindo o prazer de soltar o peso, quando estacionei aquela árvore nos meus sonhos, e disse para o garoto "Chegamos. Agora vamos dar uma volta e reconhecer o território... Como tu pode ver a quadra de tênis continua ali e também a piscina e também a minha mãe e a tua. Mas não te deixa enganar, estamos em outro mundo. Essa quadra de tênis é uma selva disfarçada de quadra de tênis e bem atrás da gente vem uma cobra! Anda, corre em zigue-zague pois é assim que se confunde a cabeça das cobras!". E ele corria, e eu corria, e ziguezagueávamos entre ciprestes urbanos ao redor da cancha que mais parecia uma enorme caixa de areia. Depois, exaustos, deitávamos na grama, e então eu mostrava pra ele as nuvens e as cores do pôr-do-sol, que já não eram as mesmas de quando estávamos na nave, e essa era minha única prova: as andanças do céu no tempo de um final de tarde. "Viu só, tudo em volta parece igual, mas se tu olhar pra cima, vai ver que tá tudo diferente", eu disse. E foi assim que pela primeira vez eu vi os olhos de surpresa e desconfiança de um garoto se tranformando em expectativa e orgulho... ele saiu correndo e gritando 'Estamos em outro mundo! Estamos em outro mundo" e nem lembrava mais do brinquedinho com rodas de plástico atirado no chão, prova incontestável da realidade pálpavel. "Vamos entrar na academia", ele disse, "Quero ver minha mãe de mentira". E então nós entramos; ele, exultante de compartilhar apenas comigo aquele segredo transcendental, olhava para os alunos de natação com uns olhos de amor-próprio exacerbado que só voltei a ver de novo na idade adulta, em olhos de usuários de cocaína. Tanto faz amor ou cocaína, dizem. E então ele avançou em direção aos braços metodicamente saculejantes da mãe e gritou exultante ''Tu não é minha mãe! Tu não é minha mãe! Tu é uma mentira!"
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Uma pena que essa brincadeira de tele-transporte místico tenha durado tão pouco, pois a mãe dele era, afinal de contas, colega de trabalho da minha. E eu, obviamente, tive minhas viagens transcendentais precoces confundidas com uma certa noção de MENTIRA, e por conta disso me configurei ali uma criança mentirosa e pertencente ao grupo das 'más companhias' para o filho da professora de natação; apesar de extremamente inteligente e criativa, como vocês podem notar. O talento para o tele-transporte ficcional já estava no meu corção bem antes de Pixies, assim como a tendência manipulatória digna de uma femme-fatale. Ok, talvez eu esteja exagerando. Talvez eu fosse apenas uma criança. Mas acredito que os sentimentos de reação padronizados já estão todos lá, pois ainda hoje tanto faz convencer um garoto a entrar na minha nave ou na minha cama, assim como tanto faz viajar para fora ou para dentro das árvores; os cabelos vão continuar voando e o gordo suado vai continuar esganiçando hey paul, hey paul, hey paul, let's have a ball. Tanto faz uma bola alimentada de plástico ou clorofila, um cabelo jovem sedoso ou um cabelo velho seboso. Dizem que os cabelos morrem, e então a questão se limita ao uso ou não do gel fixador durante a vida. E se a vida é uma idéia fixa, só nos resta lembrar. Ou sonhar.
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[meigo]
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Trilha sonora: desengavetando Pixies (Doolittle + Surfer Rosa)

Donnerstag, Juni 26, 2008

Mittwoch, Juni 25, 2008

deserto.

fragmentos de 'psicologia da composição':


"ali, é um tempo claro
como a fonte
e na fábula.

Ali, nada sobrou da noite
Como ervas
entre pedras"

(joão cabral) ------> sabe tudo. ervas entre pedras: natureza sufocada pelos arranha-céus da cidade paulista neurótica-urbana ou apenas folhagem ao vento deslizando suave-batida na pedra? a pedra saiu do meio do caminho e agora está na cabeça. é preciso endurecer os neurônios. esqueçam esse papo de ervas.

"o sol do deserto
não intumesce a vida
como a um pão

(o sol do deserto
não choca os velhos
ovos do mistério

mesmo os esguios
discretos trigais
não resistem a

o sol do deserto
lúcido, que preside
a essa fome vazia.)"

(joão cabral) -----> grande amigo do miró e primo do bandeira e da bandeira. brasileiro pensante? poesia estruturada e adbdicante do pathos/emoção. frieza de lascas cortadas por foices em relógios de sol no deserto? funktionieren.

Powered by Wikipedia (copy/paste, com licença.) :
- Estranhamente, João Cabral escreveu um poema sobre a Aspirina, que tomava regularmente, chamando-a de "Sol", de "Luz"… De fato, desde sua juventude João Cabral tomava de três a dez aspirinas por dia. Em entrevista à "TV Cultura", certa vez, ele contava que boa parte da inspiração (inspiração sempre cerebral) provinha da aspirina, que a aspirina o salvava da nulidade!
-João Cabral de Melo Neto não compareceu a nenhuma reunião da Academia Pernambucana de Letras como acadêmico, nem mesmo a sua posse.

..... E Anfion ficou no deserto até a última erva que tentou o acompanhar.

"inseto vencendo o silêncio como um camelo sobrevive à sede"

"pelo avesso, procura
o deserto, Anfion"

"uma flauta: como
dominá-la, cavalo
solto, que é louco?

como antecipar
a árvore de som
de tal semesnte?"

"eu me refugio
nesta praia pura
onde nada existe
em que a noite pouse

como não há noite
cessa toda fonte
como não há fonte
cessa toda fuga;"

"CULTIVAR O DESERTO COMO UM POMAR ÀS AVESSAS"

gerando cogumelos frágeis cogumelos úmidos cogumelos no céu da nossa boca ou algo assim que o valha, joão cabral eu te amo como as groupies subindo no palco com chuck berry. (L)

e voumembora
deste papel
de apertar dedo-letra
onde pode
o pó
virar vinho e o vinho soninho
e as cinzas
irmãs

se as mesmas

neste filme
que já vi
estão,
pppffffff
posso dormir.

ronc.

- todo mundo sabe o que é certo, mas não faz.
- certo é um conceito muito relativo.
- relativo é o conceito que te faz não seguir adiante.

obrigado, amigo.

joão cabral de melo neto & érico veríssimo

borges & machado & outras orgias tirânicas em cena porém atrás das cortinas. no party. no people. no me. apenas o atrás do deserto quente de sol amarelo-ovo cabelo-da-mulher-da-farmácia. me angustia. esse papo de desertos & histórias & mentes. isso é uma orgia desnecessária,senhorita. INNER LIFE. JTZT. o jardim das delícias com elfos & fadas & neuroses perfumadas. o muco, a abelha e o nariz-pólen. os poemas que eu não entendo e os mofos que eu não seco. o óleo escorrendo pelo olho da boneca na lareira. as chamas, o fago-fácil inalável de dor quente. as mandingas da esquina foi a mão-da-mulher-da-farmácia. o sol do deserto que não aquece o pão foi o poeta. as moedas no meu bolso caem. tóin. nhóin. nhóin. essas coisas meio clarice não tolero. criança da primeira série escreve melhor do que eu. óculos 3D ganhei no cinema. fabricadas fórmulas funktionieren.
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-
-
-
AZAR
NÃO
NA
DA
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-
Ich mache nichts für meine Körpe. Dass gefreut mich nicht. Ich kann nicht abnemmen, aber ich habe schon fast eine Jähre keinen Fleisch gegessen. Ich gern meine Esssengewohnheiten nicht. Wenn ich Schokolade oder Trakinas esse, fehlt ich der Schuld! Ich weiss dass ich mehr Gemüse essen müss und mehr Wasser triken is auch genau für meine Gesundheit, aber vielleich hasse ich alles dass gut für mich ist. Dass ist eine Gro (estzét)e Problem! Ich treibe keine Sport und esse wenig Obst (Ich gern Sport treiben nur wenn ich im Urlaub bin). Mittags habe ich nicht viel Zeit zum Essen und abends esse ich gern Sü(estzét)es. Ein Bier und eine Zigarette ist auch sehr interessant! Im Winter habe ich immer Grippe und Fieber. Ich normalerweiser schlafe die ganze Tag. Regelmä (estzét)ig müss ich zum Arzt gehen! Ich bin immer krank! Dass ist wirklich traurig, aber wir können immer Tabletten oder Tropfen nehmen (und Light-Produkte kaufen). Kraftwerk singen "Sie ist ein Model uns sie sieth gut aus"; dass ist wunderbar, aber ich bin nicht eine Model, ich bin eine depressive Frau und ich liebe essen! :)
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tô brincaaaaaaaaando.

Sonntag, Juni 22, 2008

sobre Walter Hugo Khouri

O melhor filme do diretor segundo os membros da comunidade na Orkut:

ARTHUR,:
palacio dos anjos

Alexandre
Eu e o Prisioneiro do Sexo

Anonym
Convite ao Prazer. limao mulheroes sensibilidade e sinceridade

♥♥♥ Velour
Noite Vazia é a obra-prima.... mas As Amorosas é o mais próximo da minha vida hoje.

06.12.07
Anonym
eu prefiro o prisioneiro do sexo

06.12.07
Safenado &
NOITE VAZIA
none

Mittwoch, Juni 18, 2008

Por um mundo mais Herbie Hancock

[Eu imagino a calma como pianos que deslizam pela areia branca de uma praia deserta, em algum filme sobre músicos mortos. E então quem sabe, nesse filme das minhas divagações inúteis, os pianos derreteriam formando uma pintura surrealista em tela plana. Eu não tenho planos, e isso é como placas de proibido fumar em cafeterias: injusto. É como a sombra de um coqueiro no quintal: está lá, mas não existe. Está em nós ou em algo nosso, jamais em um filme.]-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------> INÍCIO <-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------
+
-
=
+
-
=
+
-
+
-
=
++++++ Por favor, não procure. Talvez a resposta esteja no encontro supersticioso e ocasional, e não na BUSCA. É possível forjar a BUSCA, mas jamais simular o verdadeiro ENCONTRO. E digo morango, por não gostar de cerejas. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----------> FINAL: Não-procurar, mas jamais esquivar-se. Pronto. Abri de novo as cortinas, o que acontece é que elas estão rasgadas, então tanto faz. E me perco de novo e de novo pra poder achar o VÍNCULO. E não é isso que te constrange? Esse monte de vômito retórico que só diz respeito a mim? E não é essa a maior queixa do grande público? Ora, o público sempre nos julga artificiais, e quando não somos artificais, somos verdadeiros em excesso, 'exibicionistas' que gostam de se expor. Exposição! OH Pecado Maior! Ou seja, ou o artista é superficial, ou é megalomaníaco. O artista? Não! Eu quis dizer as pesssoas. ========= TCHAU.
Trilha Sonora: FINAL HIT: Herbie Hancock, Cantaloupe Island.
trilha sonora do EDIT: Billie Holiday, Easy Living & Say it with a Kiss.

Dienstag, Juni 17, 2008

o importante é ser espontâneo.

Vírgula!

dê um grude no pagão

ESSA É A MINHA VERSÃO DE LARANJA MECÂNICA (O LIVRO) E POR ISSO NÃO VOU EDITAR, ACHO QUE O SENIDO ESTÁ NA EXPRESSÃO ESPONTÂNEA E NÃO EM PAPÉIS OU IMPRESSÕES.

RIAM< SINTAM-SE EM CASA. SENTEM-SE NA FRENTE DA TV.


(abobada mental quer passar abram alas) - sorriso, bico, rímel. simples.

Você também, quer ser alucinado mas tem nojo de poder o gatoe a revitsa perder. dêumgrude no pagão. enquadrado em cortinas de bolhas nas bexigas cheuas de dor e soda cáustica amrelo ouroda lua que vem após o nascer da prata na espada do cavaleiro noturnode.. saturno? UH? Bate-os-ovos na piscina das lágrimas verdes depoçoos artesianos na Amazônia.Enbgajada? modernistas? wuem se imortaConexãoOu textura leveza..ja nada mais importa..nem ponto nem vuirgurgul\ anme combinaçaod enada que nao seja a,pura contemplação do caosdomesticado e vívido das facetas do soooooooooooooooooom.aborigene, mutante,macro-simbi-ótico.epelho nas ma~ços de jovens em apartamentos decoradospelosurrealismode 1925;Rodas,trafos, bnebidas e de estragos de pelúcia.barbies em conjunto de estudantrs de m,edicina em vésperas de formatua.FORMA DEFOIRMA CONVOCO NVOCA TRIUNFA>

QUEm AQUI QUER TRIUNFAR?
QUEm AQUUI ENTEDEU ALGUMA COISA??
QUEM AQUI QUER GFAAAAZERRO OBSEQUIO DE FOCAR CALADO??
QUEM AQUI SE ABSTEN DA CRIRICA??
QUEM AQUI TRANNSCENBDEU>>>>> HEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIIIIIIM??

HOMEM E ALMA CANSADAA????
AFUNDANDOI^^^^^???

QUALÈEEE
QUALE DESSA DE TEMPO
DE CALAR
DE PSSAR

CORPO
CHAO

AAAAAAAAAAAAAAH

SONO
é lógico
o sonoé aunica resposta

a compota questionável
das questões
ou

canções
tanto
faz


vopraz
atrás
adeus

trilha sonora do edit: Billie Holiday, She's funny that Way.

Samstag, Juni 07, 2008

Diálogo do dia ou literatura-blogal-com-recurso-fílmico

É manhã de domingo no outono de Porto Alegre. Um casal de jovens está passeando de 'pedalinho' no lago do Parque da Redenção. Eles estão ouvindo jazz no meta-celular dele, que repousa sobre o pseudo-painel de controle do barquinho pedalante. Ele diz que tem uma banda. Ela diz:
-Ah, legal. O que tu toca?
-Bateria.
-Ah, legal. Bateria deve ser difícil.
Ele responde, num tom natural, ajeitando o cachecol:
-Tudo é difícil. (e tira uma foto - de outro pedalinho, em ângulo inusitado.)
Depois chove como se fosse um momento crucial, como se fosse um filme do Woody Allen.

Gummo Pride

Assisti ontem Simple Men (1992) e Flirt (1995), do Hal Hartlay; seguem a linha contrária de filmes como Kids (1995) ou Gummo (1997) - adoro um pastelão rosa bebê com azul e jovens rebeldes-sem-causa, ou melhor, rebeldes-pelo-glamour. - mas Hal Hartley parece preferir bofetadas vigorosas - e ao mesmo tempo fraternas (pois só quem ama bate, afinal) - e dancinhas inusitadas. Destaque também para as questões existencialistas em bocas de pedreiros, policiais americanos, figuras que acham a virgem Maria muito cool, freiras fumantes e outros. Uma das afirmações filosóficas feita por um extravagante personagem do diretor (um criminoso com carência de afeto maternal), e que é como um jargão de Simple Man, é a de que não existe felicidade, a unica coisa que existe são desejos e problemas, "e quando temos um desejo, temos problemas, e quando temos um problema, não temos mais desejo". A estética é interessante, um tanto Sonic Youth, apesar de os videoclipes do Sonic Youth serem muito mais vanguarda, na minha singela opinião, em questões cinematográficas, do que esses dois filmes de Hal Hartley, em termos de composição plástica (decoração, fotografia, figurino), ali pelo fim dos anos 80 e início dos 90 (destaque para o jogo tosco de espelhos em Tunic. Aliás, este videoclipe inteiro é pura trash-arte da melhor qualidade). Mas, falando agora mais especificamente de Simple Men, o fato é que a tentativa de Hal Hartley, em geral, na minha opinião, fracassa. O estilo do diretor parece muito com o de John Cassavettes em A Woman Under Influence (1974); aquele humor negro arrastado, denso - um cinema, eu diria, para "sentir e não entender, entender e não sentir" -nas palavras de Mário de Andrade, sobre a literatura modernista brasileira. Mas gostei de Simple Man, no qual o diretor consegue se fazer entender sem maiores esforços intelectuais por um espaço maior de tempo e manter o humor por meio, por exemplo, das constantes bofetadas, digamos assim, "chiclete". As repetição ao longo do filme de takes de violência semi-gratuita (pessoas se esbofeteando por motivos torpes e a exaltação, por meio de diálogos, da contaminação da 'elevação do fútil' ao status de 'problema') não passam de uma tentativa de fazer comédia forçada, empurrada com um caminhão, quase. Ora, e o que é isso se não Tarantino ou, sei lá, qualquer outro pastelão? Como eu disse, Simple Man talvez se salve, mas eu ainda prefiro a linha de adolescentes problemáticos escutando rock'n'roll.

Mittwoch, Juni 04, 2008

Mother Nature

ha-ha-ha. Não sei da onde tirei isso, talvez seja a tal procura do estilo. Repetição? Começo a pensar que a resposta está na repetição. Na assimilação do maior número possível de influências e na absorção do sentido linear de seus respectivos comentários repetitivos. Sim, falo sério. A publicidade, a política e tudo mais que exerce algum tipo de influência, todos esses termos reducionistas, não passam todos de joguetes sincronizados de estímulo/resposta. AH, como eu odeio perceber. A percepção e a cobrança de afeto são opostos perceptíveis, O perceptível é um afeto for free. Será? Adoro quando cantam baixinho no meu ouvido, essas fadinhas vestidas de nerds-linguagem que nos trazem braços tatuados; de fé, de roupagem, de cola, papel tesoura em tela plana. Não sei. Talvez ex-seis, ou nove. É preciso haver uma regra, única certeza. Last chance. BLéééew.

[me poupem de seus roteiros para 'curtas' e seus 'artigos' homofóbicos. Ora, estudem PSICANÁLISE, garotos sooofine.]

a well respected girl

Querida,
'Não te preocupes, eles só estão fingindo que se divertem', diz uma senhora ao seu gatinho, observando, da janela, as crianças que brincam em balanços no quintal. Algumas gramas são verde-fosforescente, cor do quarto da garota do flickr, também. E eles são todos tão bons também, os rapazes nas letras dos Kinks; são tão saudáveis de corpo e de mente. Seus cabelos quase sempre conferem identificação de sooo fine. E eles são tão sinceros em seus machismos de postar mulheres nuas em filmes desconhecidos do grande público. Ok, vamos nos organizar. Eu falo, de tudo isso e de um pouco menos, um tanto micro, entende? um macro buraco na estrutura textual pode ser uma lei física, quem sabe? Na finaleirada Poética? Um post de roubos. Vou trocar a música. Quem sabe um dia eu consiga me libertar (...) Prefiro Barry Louis Polisar a Buddy Holly. Não sinto saudades e tão pouco tenho orgulho disso. Acho as gaitas meigas. Suponho que saibas tudo isso, me arrepio de pensar que não. Alguém tem que saber. O sangue precisa ser retirado das camisas uma hora ou outra. De manhã ou de tarde, ele não sabe. Mas ele não sai. Uma hora sai. Por isso, fechei as portas.

Amor infinito,
Gabriela.

Dienstag, Mai 13, 2008

os demônios tomando o carro de frente OU deus, livrai-me do espírito intelectual

Odeio todos os jovens que igualmente sofrem, em inúmeros apartamentos com internet domiciliar afora, ao escutar uma canção de David Bowie. (...) Suspiro. Me igualo. Me odeio como representação e como angústia de reconhecimento. Reconhecimento de minha impotência diante da música pop, do café vanilla, das mega-corporações, das maquinarias elétricas e do sistema público. Me aflige não ter uma opinião formada sobre a privatização das empresas estatais. Me aflige receber o email de um professor desesperado atrás do aparelho Ipod que esqueceu na sala de aula (recarregando-na-tomada-da-universidade-pública), mas me aflige também a hipocrisia dos discursos politizados. Me afligem os colegas usando aspas com as mãos; Isabella Nardoni e Cristhiane R. na prisão de Caras; a pornografia do terror. Me afligem os professores procurando respostas nos olhos de alunos drogados pela alienação massiva do ego. Me irritam as divagações, mas não posso me livrar delas, isso seria uma separação daquilo que não lembro mais; renunciar ao sonho, à dúvida, ao irreal e incerto. Me desvencilhar daquilo que não compreendo e não possuo, disso sou incapaz. Portanto sigo aqui divagando, dizendo o que tem que ser dito, pois quando se tem nada a dizer, não se diz nada.

Donnerstag, April 24, 2008

grande descoberta

o que eu penso e sinto não é literatura/ é necessário manufaturar a palavra.


mas aqui só o caos domesticado sobrevive.

larguei os filhotinhos no mundo, sem jamais me sentir responsável pelo que se tornariam; como todo filhote de mãe desleixada, tornaram-se monstrinhos repugntantes em sua insignificância. agora, como toda e qualquer mãe delsleixada que contempla os filhos-adultos-resultados miseráveis do passado, só me restam os conselhos e, portanto, digo apenas que se um dia eles se aventurarem a voar como pássaros, que aprendam a cair sozinhos como gatos.

(...)

mas talvez eles sejam paraplégicos. ou surdos.

Q?

nada. sempre nada. besteira reinante. diarizinho ordinário.

ADEUS.

[ processo de abandono ]

------------estou me desvencilhando desta página morta. respeitem minhas tentativas frustradas. e tenham tédio, muito tédio de mim. obrigada. e adeus-----------------

Mittwoch, April 23, 2008

das letzte wort

Acabo de encontrar, depois de contemplar a tabela de casos da língua alemã,o grande mote da minha personalidade: a contemplação. Tenho notável talento para a arte de ver e me auto-alegrar com as cores e as variadas formas e contornos que podem assumir os meus objetos de contemplação; sejam eles palavras, números, desenhos ou fotografias. Enfim, natureza viva ou morta, organizada ou caótica. Contemplo o caos e ambiciono o bem supremo-impossível. O excesso de contemplação também me faz confusa na tentativa de estabelecer contato e me fazer compreendida. Sinto que nesse texto estou melhorando no processo de transformar tal deficiência em uma vantagem, quicá a maior vantagem, quem sabe meu maior trunfo. Enfim, acho que passei já demasiado tempo contemplando as reflexões demontradas nas frases anteriores. Começo a me confundir. No fundo é sempre o medo; o medo, a culpa e a timidez; trunfo da auto-ajuda e afinal qual o problema? É que ás vezes, assim, no meio do processo criativo, me dá essa vontade de falar em toc-tocs, como se estivesse a fazer música no teclado. Porém o ritmo dispersa, assim como essa vontade de escrever e compartilhar me dispersou da tabela de casos da língua alemã. Como resolve? Voltando. Ir e vir, navegar é preciiiiiiiiiso, viver não é preciiiiiiiiiiiiso; acho que foi o Caetano. E sim, viver não é preciso, no sentido de 'definido', 'exato'. A precisão está na lei do eterno retorno. 'Bem delineado'? Tudo bem, desculpa, já estou nitidamente me dispersando. Peraí. Desculpa? Vocês estão vendo? Medo ---> Culpa -------> Timidez. E pronto, sempre acabo um post como esse assim, tímida. Ou auto-sugestionada. Me sentindo uma chata. E agora já me dá vontade de colar aqui uma frase qualquer da Billie Holiday chegando aos meus ouvidos-soulseek-media player. É a maldição da internet domiciliar no Brasil. Porto Alegre? Não é o problema. 'The problem is you'; sim, Sex Pistols. Eu e minhas citações. Mas, voltando a timidez acho que definiria tal sentimento como um vício necessário, pois é funcional no processo de aceleração do desenvolvimento místico-interior.
Q?

[...]

Reflitam.

Dienstag, April 22, 2008

cometa

explode, BUM! fere, atinge, mata. meus cometas só querem voar e voltam só depois do pico, vertiginosamente. meus cometas são rosa pink com bolinhas roxas. chega de cores, de amores, de rimas. ai, chega. chega de tudo isso. tudo tão vão-vazio e solitário. chega de inútil, let's pretend we are dead. let's pretend qualquer coisa mas vamos sair daqui; aqui não tem futuro, não tem graça, não tem pequena alegria cotidiana, é só desgosto e nem sequer enxuto. é só margem e ainda tem que arrancar os fiapos que sobram depois de arrancar do caderno. os restos, malditos restos que não buscam só lotam e esgotam. engasgam. gotejam. fama e divórcio, lua e jangadas, ai, tanto faz qualquer um desses, qualquer imagem, palavra, representação. tanto faz se azul ou fevereiro, sabe. tanto faz, você não está aqui, nem nunca esteve; almejada inspiração epifânica. e impossível. aqui. em mim. adeus. removo. recolho ao controle remoto. ESC? DEL. I don't care, I don't like, I don't cook. I'm a mess and so are you. Vamos nos manter distantes e calculistas, o mundo novo é assim. Boa sorte, de coração, e dedos gelados.

Montag, April 21, 2008

convício

acreditou por longa data na máxima da 'sociedade que destrói o indivíduo'. morou durante muito tempo em uma ilha com internet voadora e formou-se modista por meio de um curso à distância que consistia em envios textuais/pictóricos aos superiores e diálogos com os mesmos em salas de bate-papo acadêmicas-específicas. arranjou um emprego no continente como bordadeira-criativa oficial de um grande estilista cujas fantasias eram assíduas das vogues européias. forçou-se, então, ao convívio em sociedade. trabalhou durante um bom período na fábrica corte-e-costura. pediu demissão logo após ter os botões de todos os bolsos das camisas de sua nova autêntica-coleção roubados pela vizinha de ateliê. jamais retornou à ilha.

Montag, April 14, 2008

e por isso os bares estão cheios de gente vazia

"Amar o perecível, o nada, o pó, é sempre despedir-se." (Hilda Hilst)


Hoje eu não queria acordar de um sonho bom, e por isso, mesmo desperta, continuei a rolar na cama, num vai e vem de imagens vazias, cheias de despedida. Elas queriam ir mas eu queria que ficassem, pequenos quadros de beleza e inutilidade.

Hoje eu queria escrever sobre nuvens como flocos de algodão em um início-noite, e pensei no quanto soaria brega-vácuo, decidi então que escreveria sobre este meu sonho, no qual eu andava em trajes de banho por uma rua cheia de árvores e comemorações caseiras-desconhecidas. Os carros se acotovelavam em garagens expostas, as pessoas riam em muros baixos e fumavam cigarros com idosos-vizinhos. Minha casa e meu trabalho se localizavam em um mesmo edíficio-difícil reconhecimento. E eu andava em circulos de quadras-iguais. Que interesse há nisso? Nenhum, como não há também nenhum mal; e assim desvelam-se os porquês perfeitos, daqueles que não possuem respostas, nem graça.

Sonntag, April 13, 2008

aquele que fica sem título por um capricho de domingo

Há dias em que as cores me ferem, dias de laranja-explode, nos quais o negro-consome, onde o branco-cega. Nesse dias, há noites em que se necessita trocar de posição e se adormece com a cabeça nos pés, da cama; mas com os olhos na janela, do amor, e o jantar no coração, da cabeça. Nesses dias há jantares em que as comidas não nos fartam e o álcool que não nos faz esquecer. São dias nos quais o sono chega com o céu cinza de uma tarde chuvosa e vai embora no início de uma noite azul-chumbo, nos deixando dispersos no meio do fim meio-claro que se inicia escuro. São dias de tardes mortas, e de mortes vivas.

Samstag, April 12, 2008

OUTrínseco

How could people get so unkind?

Tenho um outono dentro de mim, nesses dias Neil Young na virtola, encontrado em meio ao pó dos discos esquecidos, mas que não encontro, procurando o meu amor. Sou sozinha agora, e estou única. Estou achada em folhas amarelas de árvores vivas como veias de máquinas-corpos em composição; nesses dias de tortas e empadas sobre a mesa na toalha de estampa florida, sentada ao pé da janela escureço junto à noite que chega abraçando um sol de céu laranja. Nesses dias de achar sem perder, sou um walk-talk nas brumas de uma cidade futurística, procurando meu amor entre as folhagens molhadas de refrigerante; sou onírica em tempos de levantar tijolos e braçal em épocas de piquenique no parque. E lá longe vou guardando o mais próximo de mim, ou finjo, e me engasgo em melodias de espelho, te procurando em olhos de vidro sem cor. Me perco em ouvidos de cera pelo caminho de terra-sonho. A terra é árida como a perseguição implacável da cidade que procura o rio-desperto. E engole todas as águas. E se enfurece sem pudores nem motocicletas, apenas a garganta sedenta de uma louca paranóica que busca a felicidade em cruzeiros tropicais. Tenho um verão dentro de mim, nesses dias de calor-digestivo-estômago, que me incendeiam a aldeia de mortos guardada a três chaves no meu corpo; eu as chamo inverno, primavera e outono, minhas amiguinhas-depósito das tardes sem sol de um dezembro negro. Mas chega de imagens, chega de digressões e artifícios. Não me levem a ruim, estou apenas procurando um pedacinho de mim, quem sabe perdido nessas vilas que entrevejo nos cartões postais da minha natureza inconsciente; e me respondo: I don't know, Dr. Young. We never Know. E os velhos também não.

Donnerstag, April 10, 2008

[cause it's a violent world]

[you take care of me
and i take care of you]

e me deixo levar assim pelas melodias doces, me deixo abandonada aos teus encantos e acordes, e adormeço nos teus abraços.


intensa. e foda-se. sempre fui assim. eu me amo, eu não consigo viver sem ti. senta aqui do meu lado e acende pra nós, vamos contemplar esta bela música sob um céu de estrelas escondidas atrás das luzes da cidade. não, não vamos conversar. e eu sei que tu me entende, eu sei que tu é a única pessoa em the whooole world que entende meu ponto de vista sobre as palavras vãs. e eu te amo tanto desde ontem. e te amarei mais desde hoje. e pouco importam as bebidas, os cigarros e as pistas de dança, se temos um ao outro e nosso jardim de ervas. pouco importam os exageros e os deslizes, se escorregamos um no outro. e é tão bom escrever na tua pele, é tão bom o teu joelho, o teu maxilar e a tua saliva. e é tão brega falar de amor, mas é tão amor ser brega.

[when i meet you i was just a kid, so i gave my heart completely]

BUT I WAS NEVER YOUNG!

standing on the right so you're printed on the left

'Mode, erklärt Garance Doré, sei wie die Creme zwischen zwei Kuchenhälften - sie halte alles zusammen.' [ Die Zeit, online]



Para os diabos com a moda, com a figura, com a massa indistinta de pensamentos; para os diabos com as regras, as sugestões, os conselhos. O que importa é a Aids, o que importa é a dor, o que importa é a morte, o que importa é chamar de vida o que nos acostumamos a chamar de Deus, e chamar de Deus o que nos acostumamos a chamar de Demônino. Devil's haircut, I slept with the Devil, I am Dervil's new luv, Teufelswerk and so weiter... MODA, o demônio tá na MODA.

Mood
emos
então
a moda,


vamos falar de blogs amadores, fodam-se os ponto.com, fodam-se a elegância virtual; vamos falar da moda da Azenha, vamos falar dos discos em capas mofadas de papelão em lojas do centro da cidade.

Não aguento mais essa cidade.

LET'S PRETEND WE DON'T EXIST, LET'S PRETEND WE ARE IN LOVE.

Desassossego como um mar de ressaca no inverno, trazendo para a areia as mais belas e afogadas jóias, descansando sob o sol que se mistura ao frio e ao céu azul. Blues, marca da tristeza; a palavra forte, a força das palavras, a falta de nexo e o excesso de vírgulas. O excesso de amor pelo mundo me faz odiar as pessoas, sinto todas tão distantes, sinto tudo tão imaturo quanto uma maçã verde em um quadro de sala de jantar. Excesso de mim mesmo. Sinto tudo tão pouco como um grão de feijão num grande parto de porcelana. Sinto demais. Sinto que vocês não entendem, que se sentem muito espertos, que se matam por parágrafos aleatórios em páginas de recados virtuais. Sinto que vocês não são o que parecem com seus piqueniques ao sol e amigos fazendo careta em fotologs. O circo humano me cansa e me fascina, mas a festa da humanidade reunida serve só para dizer que estamos todos invariavelmente dentro. É isso, o que mais me irrita em vocês, os outros, os sem fotolog, é que não conseguem ao mesmo tempo criticar e ter noção de que estão dentro da MESMA MERDA. Assim, em garrafais, pra agredir, porque não sou Caio Fernando Abreu pra dizer coisas doces aos corações duros. Porque, mamãe, ninguém me entende. Porque, mamãe, a senhora é uma falastrona.



AAAAAAAAAAAAH, eu queria tanto escrever uma história de amor, uma história de gente boa com final feliz. Mas não dá. Eu acho bonito nas letras do Of Montreal, mas em mim não fica bem. Não 'senta', sabe?


Pois quero mudar os meus assentos. Quero mudar minhas concordâncias. Mudar minhas inspirações e meus substantivos cansados e velhos. A onda, o amor, a vida, deus... ó, ruína!


Esse não saber o que se escreve e essa necessidade escrever, esse não saber como evitar e esse desejo de devorar, massacrar, morrer em abismos de teclado.


AAAAAAAAAAAH, que morra, então; me deixa partir, me deixa desaparecer; me come com sucrilhos.

Sonntag, April 06, 2008

vampiro dos quartos possíveis

[you're my cuuuuuuuute pie, yes, you aaaaaaaare..]
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=

Não sei no que vai dar mas, como sempre, vou indo, me deixo levar por essa pessoa que aqui do meu lado dorme, por vezes acorda, boceja e volta ao seu sono profundo; daqueles que foram mordidos e carregam marcas aos pares; assim descansa a querida vítima dos meus hormônios da vez - minha voz - assim voa na nave-cama-karma; algodão doce perdido no parque das minhas alegrias - minhas alergias curadas, meus travesseiros usados.
Roubei teu doce como de criancinha, mordi teus pezinhos perfumados de talco. Ursinho. Mindinho. Pequeno e singelo como todo o afeto, meigo como um balão que flutua nos teus sonhos de agora, de agora enquanto escrevo e te olho e te perco. Porque viver é perder a cada dia um azedume a menos. Poque morrer é deitar no teu abraço e sentir as peles do mundo. Como coelhos e gatos e pássaros, todos num só abraço. Porque te ter é abrir a janela escura de madrugada e não ter medo, só estrelas; e te ver brilhar como uma delas dentro do meu peito. Delas? Não, meu. E a possessividade grita, e vem, nocaute, briga, versa-vice. Visse o verso? Me pegou. E já eras. Voou o amor, mais pra dentro da minha janela. WRONG! É pra fora que se faz, é dando que se fica sem, é tendo que se atola as perdas. E os danos? Desconheço, vou vivendo e não entendo, tuas vozes de sonâmbula, morte.

Sorte? É o sono tranquilo da torta esfriando na janela.


Samstag, April 05, 2008

shame-on-me

take on me, é uma música do a-ha. eu tinha uma madrasta que gostava de a-ha. uma vez meu pai jogou uma fita cassete do a-ha-dela pela janela do carro na free-way. meu pai gosta de ac-dc (e ele fala 'acê-decê'), tudo em minús-cu-la pra ser mais loser.

mamãe, eu não queria ser loser, só moderna.

[a demência é uma sofreguidão das almas cansadas. os espíritos verdadeiramente superiores sofrem por sentir. quem não sente é feliz. quem escuta a-ha e bomba na pista é contente. percebam a sutileza.]

the lost art of being silly ou Navegar é preciso

Sento em frente ao computador, mudo os modos da cortina, depois mouse, luz laranja fosforecente, marujos em estantes limpas. Fresco, o ar que vem da janela rompe minha pele

suave.

Morno, meu traveseiro na poltrona giratória.

Chata, a música escolhida por mim no Media Player.
Moderno,
quero ser?
Tosco, trabalhoso, preguiça.

Areia movediça?
Me lambuzo na terra,
é bom.
Páro.

Pisca o Soulseek ; conversas com alemães para uploads.

Levanto.
Torrada
com queijo e
pavê
de chocolate.

Incrédula.
No meu quarto
a vela.

Mittwoch, April 02, 2008

carta de uma menina ruiva arrasada em quatro atos

Primeiro Ato.

Melancolia, Beto? Que nada! Isso é a falta que te faz o Rio de Janeiro, é da falta que se fez as areias e o amor, é da falta que se desfaz o mar. E deságua... Desagradando sensos estéticos com reticências, pluralizando essa angústia em nove pedaços de doce-avelã. Tu vai voltar, Beto? Traz de volta a minha alegria, a minha esperança, a minha bonança? Dança de chapéu? Traz uma ceva e um crivo? Tira essa Janis Joplin da vitrola, por favor. Não dá mais, Beto. Não dá mais essa tua melancolia, já mofou. Toma, come um pedacinho. Vem, vem de mansinho e senta, sente sem entender e entende as cores nos amores de ontem. Ontem? Com cerveja. Hoje, sem cigarros. Pra sempre, sem dinheiro, sem ti, sem metas. Mas essa música, Beto, essa música me penetra. Me recebe, Beto. Abre a porta, fecha os ouvidos, abre a boca, fecha o nariz. Não sei, Beto. Não sei mais como faz pra eles me entenderem, não sei mais como faz pra interagir com essa gente de chulés, mochilas e mensagens. Não sei mais como faz pra sentar na grama de saia e perna aberta. Não sei mais dançar ballet, será que ainda sei andar de bicicleta? O primeiro doce a gente nunca esquece, né, Beto? Pô, Beto, eu te amo tanto, te amo tanto pra poder dizer 'essa é minha imagem de amor', 'esse é meu garoto e essa é minha carta de amor'. Não sei mais, amor. Não sei mais te procurar, não me encontro em lugar algum. Não sei mais me emancipar e me diminuo no teu peito. Não sei mais pra que tanto peito, tanta pança, tantos sorrisos. Não sei mais pra onde foram minhas lágrimas. Não sei mais pra onde foram minhas dores do mundo. Não sei mais quem é ego, quem é posse, quem é razão, quem é coração, não sei quem me domina e não te controlo mais os passos; meu pássaro. Passado. Pasto. Passarela. Passa dor de sentir, sente o sentido do sangue borrado em carmim-unhas. Pega no meu cabelo vermelho-paixão. Tantos, tantos caminhos e esconderijos, tanto pega-pega e esconde-esconde e tu, Beto, tu nunca me amou. Tu nunca sequer me olhou e pensou puxa, que interessante, aquela garota pensa diferente. Nunca sequer te passou pela cabeça eu assim, capaz de sentir tanto e fazer tão pouco pelo bom senso. Tu jamais me amou assim nem assado. Frango-assado. Revista Playboy. Garotas nuas. Bandas de rock. Patricinhas de fotolog. Vai tudo tão normal por aqui, Beto, vai tudo assim, tão sempre, tão preso, tão vinculado, tão popular. Vai tudo assim tão óbvio, tão jogatina, tão aparente. É tudo aparência, meu amor. É a era da imagem, é a tua vez e a minha morte. Sorte? É o meu cansaço aplaudindo deitado.

Segundo Ato.

Jonas, cadê minhas meias, Jonas? Jonas, cadê meu jornal? Eu te odeio, Jonas. Tu me pega as coisas e some num ar rarefeito de marlboros tristes. Tu me corta os joelhos com a régua e me fere em descompasso. Tu me morde a orelha tacanha e me acaricia em dedos de mel azedo. Não dá mais, queridinho. Sai daqui, vai lavar esses calos alaranjados de podridão nefasta. Mefisto? Desisto.

Terceiro, desato.

Sua puta vadiaescrotomórbidafederal. Sua ladra, porca, desgastada em páginas de choro melando rendas e sucatas com açúcar de limonada. Me beija! Não quero! Muda! Não mudo, não mudo, não mudo. É tão confotável aqui, vem, deita pra ver, pode sim, morde o travesseiro, vai fundo, não é bom. Mas o que é bom? Sorte? Sai dessa, tira essa máscara de atriz pornô. Vai criar vergonha nessas caras e bocas. Vergonha? Criar? Não mudo, mas me calo. Calor. Calooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo R!


Quarto, mato.

Depois queimo
o mato
mas antes
vejo
o saco
do mosntro
que age
na paisagem
em trilhas
rumos
pintados
amados
esquecidos


adeus
adeus
adeus

dói
mói
consome

DRAMATIZO, SIM.


Beto, tu não tirou a Janis Joplin. Q?


NADA
ALMOFADA
SACADA
BIXARADA
BARATA
LAGARTA
NA MATA
ME MATA
DE AMOR


tudo ruim, tudo ruim, tudo péssimo. nada com nada sou eu. eu com eu sou tudo, assim, no meu quarto, sem ti, com a tua pena, e a dele.

PENA
umapena
desconsolada
dolorida
show me how


wannabe

ah

deixa

let this love flying die.
let this dead love fly,

maybe, maybe, maybe... summertime.

Um dia ele volta. Vai, Beto. Voa, venta, varia. Tu é minha varíola; minha doença morta, minha esperança torta.


Amar é bonito, afinal.

Samstag, März 29, 2008

a leveza do utilitário e o peso da auto-promoção

Este blog está muito pesado, só apresenta idéias desorganizadas e incompreensíveis que não me parecem úteis a nenhum espírito verdadeiramente intelectual. Eu deveria agora postar uma foto minha de cabelos compridos encaracolados vestindo uma blusa cor-de rosa e sustentando uma margarida plástica atrás da orelha esquerda?

Não o farei, me restrinjo a pintar as unhas de vermelho carmin e ler este site:

http://listverse.com/

Fiquem com o vento da janela. Ou com Chuck Berry.

(TO MUCH MONKEY BUSSINESS FOR ME BEIJOS)

[P.S - O Almodóvar meigo (indie?) das artes plásticas?] :

http://www.saatchi-gallery.co.uk/artists/muntean_and_rosenblum.htm

Donnerstag, März 27, 2008

mentes criativas não são especializadas,

segundo especialistas.

Um oferecimento da Igreja Universal do Reino de Deus.

círculos e cerdas vassourais

Odeio o barulho das vassouras batendo nos móveis. Hoje é terça-feira e terça-feira é dia de faxina; eu nunca participo, fico só aqui passando calor com Stravinski e a máquina de escrever, tomando café no pátio e fumando cigarros com balas de canela. O meu ventilador não funciona, mas as vassouras deles, ah, são infalíveis; conseguem deixar a casa brilhando em questão de quatro horas de dedicação caprichada. Eu, sinceramente, acho que eles deveriam usar todo esse poder de limpeza nos seus respectivos corações, sem querer soar propaganda da Globo. O que eu quero dizer com tudo isso, digo, os cigarros, as balas, os barulhos e as pessoas, o que eu quero dizer é que de fato não entendo como tudo isso funciona. Dizem que o essencial seria simplesmente fazer funcionar, e não pensar a respeito. Eu penso muito, e por verzes sou interrompida pelas vozes de reclamação e mau humor, aqueles gritinhos baixos e secos, que vão aumentando de volume até aquele ponto insuportável do final sarcástico no qual tenho vontade de pular no pescoço deles, quem sabe estrangulá-los. Dizem também que o ódio é o melhor amigo do amor, mas, bem, vocês não devem estar entendendo nada. Fodam-se. Não preciso que vocês entendam, preciso apenas exorcizar minha vontade de comer chocolate. Mas também nem pensem em sentirem-se excluídos, pois, se assim fosse, eu simplesmente escreveria um diário. Pouco se foder nada tem a ver com desprezo, como a maioria das pessoas pensam. De forma alguma, eu de fato preciso ardentemente de todos vocês, pois vocês são irreais, fazem parte de um universo virtual criado por uma escritora de blog. Podem ser tanto uma massa branca indefinida quanto pessoas de verdade. Mas afinal, o que é a verdade? Deus existe? É claro que existe, Deus mora nas vassouras, casinhas de limpar e jogar fora.



Por favor, aceite essa pá!



Mas, no fundo, ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------->meu mais secreto desejo é que a pá me seja oferecida por vocês.
Eu consigo varrer, mas juntar o cisco é um problema. Dispensar no lixo, então, nem se fala. Já ouvi dizer que algumas pessoas sofrem de prisão de ventre por julgarem sua merda muito preciosa para dar ao mundo e, desde então, sempre que algum amigo me relata que não consegue ir aos 'pés', penso em tal sujeito como um ególatra; mas um ególatra não significa necessariamente uma pessoa que se julga superior, para vocês verem como todo julgamento é falho. O único que acerta deve ser mesmo Deus, acho que depois vou procurar por ele entre as cerdas da vassoura.



Uma das vassouras tem um cabo listrado em azul, muito retrô; enquanto a outra é de um rosa pink esnobe. Apesar disso, confesso que sinto certa atração por pessoas que vestem rosa pink, são normalmente meigas, solidárias e, a cima de tudo, sinceras em seus clichês. Já as pessoas listradas em azul carecem de elogios de minha parte, as julgo um tanto pretensiosas em suas linhas retas e organizadas, que encobrem uma incapacidade de se mostrar ao mundo como realmente são: confusas e vazias. As pessoas em listras azuis deveriam se colocar em grandes bolas ocas, tudo parece mais simples e melhor quando disposto dentro de um círculo. Tudo bem que nem eu me entendi agora, confesso que só queria usar essa frase do círculo. Bobagem, talvez não queira dizer nada, mas me parece como uma solução para aquilo que nos perturba e não podemos descartar, enfia num círculo e deu. Mas não falo de círculo vicioso, falo de círculo vedado, e bem redondo que é pra poder chutar e ele rolar pra bem longe. O problema é que, seja para onde for, as paranóias vão sempre ficar literalmente emboladas dentro. Talvez toda essa reflexão seja desnecessária mas, o que não o é? Vocês trabalham, são bem sucedidos, felizes no amor? Vão a redenção no domingo? Tomam suco de mamão com laranja na lancheria do parque? Ou sofrem de prisão de ventre e passam os dias a trocar frases espirituosas? Tanto faz, como também tanto fez se estão aqui comigo até agora ou já foram e me deixaram com a massa branca vazia. Mas, se ficaram, eu estarei sempre com vocês, apenas aconselho que me coloquem em um círculo. Talvez em dois.



O





0
Q?

Mittwoch, März 26, 2008

Amigo Arnaldo

Arnaldo é um pianista. Arnaldo faz música para organizar seus pensamentos, ele diz que normalmente não consegue dominá-los; eles começam com um avião e vão para a Sibéria depois descem para a situação populacional da China, declinando a seguir para o pentelho do sabonete. Arnaldo diz que ser um artista musical é uma espécie de exercício para disciplinar a alma; através dele, Arnaldo desfruta da responsabilidade com a sua concentração interior. Arnaldo não acredita em músicos frustrados, acredita em pessoas frustradas; nenhum desgosto pode vir da sua própria e, portanto, 'especial' criação artística, a frustração vem da auto-estima, vem do desgosto por si mesmo e da dispersão espiritual em que as pessoas se debatem. Esse é o discurso de meu amigo Arnaldão.

Eu conheci Arnaldão em uma gravura aleatória do Google Imagens, na qual ele fumava um cigarro apagado, e por meio desta acessei seu respectivo blog. Na verdade, acho que nunca conhecerei o Arnaldo de verdade, aquele com olheiras e bolas de gordura embaixo do pescoço. Tenho certeza que ele usa photoshop para disfarçar, no blog. Enquanto leio o blog do Arnaldão penso que deveria estar lendo os clássicos do tipo Flaubert. Mas, apesar disso, acho que jamais entenderia Madame Bovary do jeito como entendo Arnaldo. Arnaldo, Arnaldinho, Arnaldão. Meus pensamentos por ele são tão ofuscantes que nunca consigo ver minhas palavras. E é justamente isso que me intriga em Arnaldo, fico indagando aos meus botões o que leva alguém a esse amadurecimento interior que conduz ao domínio dos pensamentos obssessivos. Arnaldo tem 16 anos e já sabe tanto da vida! Mas acho que estou sendo um tanto irônica, o que não é bom para a criação de uma verdadeira interatividade literária. Vejam só, que tamanha dispersão intelectual! Já não consigo dominar os rumos mentais novamente. Arnaldo, pelo contrário, consegue discorrer umas setes telas de seu blog sobre um determinado instrumentista em um determinado concerto, com uma determinada data e orquestra, usando determinado estilo de linguagem. A organização exacerbada de Arnaldo por vezes chega a me angustiar, mas não consigo abandonar a leitura do blog, que se chama "Merenda Pianíssima'. É que Arnaldo simplesmente se ama.

.
. Que tal?
,

Vamos nos amar, nos abraçar, nos beijar
no espelho

Vamos correr pelas florestas
de pinhos
em
espinhos
curvados
para baixo
pois
pais
padres
poetas
penças
nada
jamais
nos
espetará

Arnaldo está conosco.

Montag, März 24, 2008

toque, T.O.C

"Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada"
(Hilda Hilst)


Não focarei meu discurso nos ouvidos sem-rua, nas almas entre paredes de cinema-shopping-center. Não direcionarei minhas palavras aos cegos de ouvido nem aos surdos de olhos. Não me excluo de tamanha escória, sei bem a qual mundo pertenço, esse dos mortais virgens em poder de atração, esse dos que deitam a cabeça na fronha macia para escutar o fabuloso conjunto das almas desavisadas. Shivaia, jah rastafarai, crucifixos ou botons dos Beatles, tanto faz. Estamos todos aqui e não queremos atender o telefone nem a janelinha laranja do msn; deixe tocar, deixe piscar, deixem em paz.

3.

2.

1......


Um escritor deve conhecer bem seu personagem, por essa razão, o melhor personagem que desenvolverá ao longo de seu ofício é normalerweiser ele mesmo, mas nem sempre. Pois e quando o homem apenas se estranha e não se entranha? Como faz?

Será o segredo nada mais que um livro de auto-ajuda?

O domínio dos pensamentos e, consequentemnte, dos personagens, me parece uma faculdade não intrínseca às minhas habilidades. E será mesmo que as tenho? O segredo, ao contrário do que a maioria panfleteia, não é acreditar; é afirmar e repetir. De preferência em Capslock, pois 'letras garrafais' é coisa de bêbado, e o vício é inimigo do segredo. O segredo é matar no cansaço e andar de pés descalços; é errar hoje crendo acertar amanhã e errando de novo prosseguir. O segredo é mentir; para si mesmo, para os outros e sobre os desejos. Vamos falar sobre as mortes que morrem num livro do Tolstoi, sobre as angústias por um final que sempre há de acabar antes de de se consumir, ou consumar. Mortes consumadas são mortes mortas; tudo que morre já não é. Vamos falar sobre quase-mortes; inquietações rubras amareladas em rostos enrugados que me lembram o meu coração; as obssessões mofadas das minhas palavras, o bate-tranca-arrebenta do meu ritmo.

Conhecer bem o meu personagem; força-tarefa. Aquele a quem mais conheço... estaria ele na sala de jantar? Estaria ele sentado ao meu lado na praça pública alimentando as pombas? Será este personagem; aquele que mais conheço em todo o vasto mundo, aquele que adivinho as dores e as surpresas; será ele este inquilino do meu corpo ou o visitante da cidade mais longe de todo este mesmo vasto mundo? Seria esse mundo sempre o mesmo e sempre tão vasto? Não posso responder com outras palavras

a não ser:
não sei,
não posso,
não consigo,
não faço,
não aconteço.

A concentração é uma adúltera e o desejo, umdes-gosto.

(esse final não teve

nada

a ver
com o início,
mas terá

a morte
a ver
com a vida?)

Ó, seja quem fores, divina revelação, me salve dessa reflexogênica talking head!

turn off.

me faça praticar esportes.

e beber muita água.

[No fundo do poço, só a bola plástica importa

OU

Na tristeza, only bullshit matters.]

Nova
mente
A
deus

Sonntag, März 16, 2008

Come to my sadness!

Vem pra cá, me diz o que dizer, como faz? Como dorme, respira, come? Como entende, mastiga, sofre? Só quero o doce do lugar onde moro mais que fico, onde durmo mais que acordo, onde bebo mais que nado. Nada, nada pode sair como entra, em entradas de mofos e gostos e suores. Em opacos coloridos de verdes idéias em conserva. No luto do eterno, me vingo, me esforço, me bato. Tapa na cara, beijo no coração. Indiferença, medo, relíquia. Tu é minha relíquia. Então vem pra cá, pára de fingir que finge, que morre, que afoga. Me afoga, me afoga nos teus braços de carne morna e macia. Me abraça nos teus hormônios cheios de fugas e espingardas. Agora tira o chapéu e me mostra a tua careca. Me diz que perdeu o cabelo e a razão, me diz que entende esse engasgo que não deixa nada sair. Me diz que entende esse sufoco de portas abertas para a entrada sem saída. Me diz que entende, que eu não preciso falar, me diz que foge comigo pra lua mais próxima. Uma, duas, cinco quadras de distância? Voa? Vou, vou contigo nesse balanço de melodias novas em ouvidos cansados. Vou contigo nesse banho de ervas que cortam a mágica dura. Duro, empedrado é meu coração de pessimismos fartos. Maciço, pesado, é meu coração de adeuses adiados. Vazio é meu sepulcro de mortes temperadas com azeite. Azedo é o cheiro do gosto do susto. Morro, morro a cada dia na montanha escorregadia dos meus sentimentos. E amo, amo esse te querer demais pra me deixar levar em injeções de tristeza na veia. Tristeza não dói, o que dói é a vida. Eu deixo.

Samstag, März 15, 2008

get out of my car

exú
vudu
bad vibrations


saiam daqui que o presente grita, preciso viver e escrever agora, tudo que se passa já passou, me atinge da melhor maneira, como a ceva, o crivo ou a sexta-feira. sai do meu carro, e cadê? cadê o que eu estava pensando agora? tá bem aí, na antecipação da velha estrada;

meu passado nos teus olhos frígidos.

Montag, März 10, 2008

Empirismo pictórico

(sobre o real ordinário que se choca contra o amadurecimento da alma mística-interior.)

Misticismo foi uma palavra muito usada pelas vanguardas européias.

As vanguardas européias entorpeciam-se; entorpecer-se nada mais é do que uma tentativa de retorno à infância; a idade de ouro, os anos de algodão-doce; tempo no qual as texturas, as cores e os cheiros, eram todos parte de um único e muito objetivo interesse: deliciar-se; comprazer-se de júbilo vivenciando as mais afetadas emoções pictóricas: comtemplar o deslizamento do carrinho vermelho pela pista de plástico e os pequenos cubos de madeira ilusrada que em cima do tapete se amontoam formando casas, edifícios e igrejas.

Besteiras boas;

toda a diversidade das balas azedas inundadas em glicose saturada.

O cheiro dos pastéis fritos em óleo de rótulo anos oitenta.

[figura]

As embalagens são meros rótulos para homens que acreditam precisar de muito espaço mas contorcem-se em transportes coletivos num vai-e-vem confuso de quem não sabe onde ir; dormindo, lendo, ouvindo música; esquecendo-se.

Esquecendo-se que o importante não é ver como é por dentro e sim criar o que se coloca para fora, esquecendo-se que o sábio é aquele que julga a si mesmo com parcimônia e coração. Os acontecimentos mais valiosos são invisíveis para os ollhos, já dizia o Pequeno Príncipe.

Que diria ele da 'era da imagem'? Que diria ele dos programas televisivos de culinária?

[a sede de imaginação não é psicológica]

Trata-se daquela velha história sobre palavras e atitudes.

Trata-se de ação,
de movimento,

quiçá ruptura.

As palavras são acessórios parcos para o mais aparente ideal humano: a comunicação. Também assim são as imagens; estudadas, gastas e pretensiosas. Ambas são a personificação da perversidade adulta e, curiosamente, quem mais se delicia com seus resultados são os espíritos jovens.

[criança (Grande) x adulto (Pequeno)] ,

a eterna luta clichê-interior do homem, na qual o vencedor é a união de duas forças (ou quatro) que se batem mas convergem e jamais devem se opor, criando essa espécie de contradição que, ao mesmo tempo, define.....................................................................................................................................
--------

definha...............


................... e mata o texto e o misticismo.

Freitag, März 07, 2008

as gemas no espelho

quebram.
desiludem.
desconfortam.

vem cá, senta aqui no sofá e me mostra teu caderno, me pede pra te perguntar quanto é dois mais três. Dorme, dorme no colo que eu te cubro de beijos de lã macia e reta. reta como o meu coração, seu fluxo cortado e as outras metades de mim. perdidas em ti encontro em mim.vem mim, bem-vindas,

eternas,
suadas,
juntas.

amarelas de prata.

Mittwoch, Januar 23, 2008

Freitag, Januar 11, 2008

as garotas são as sádicas sexuais. elas são as mães da escória.

a verdadeira sobriedade nasce da embriaguez da alma, do profundo mergulho aos confins do ócio utilitário.

eu faço muito barulho. adeus.

Donnerstag, Januar 10, 2008

[tódinho laifi-staili]

1.


'Então vamos beber, escrever e ler'.

Ele tirou da mochila uma garrafa de gim, praticamente cheia. 'Não é mesmo interessante como um artefato líquido destinado a ludibriar (e, consequentemente, 'preencher' o 'vazio' e/ou incompleto) pode ser proporcional à sua capacidade de entorpecimento, em termos de objeto, assim, preenchido, cheio?', pergunto. Ele apenas sorri. 'Coisas simples em palavras difíceis', eu disse, 'não consigo sair disso'. Ele me levou para fora. 'Vamos para a sacada', ele sugere apontando a escada com seus braços desajeitados e, de certa maneira, sorridentes. Sim, eu enxergava sorrisos em seus braços e, talvez, melodias nos seus cabelos; sentia arrepios e suava mãos. Um dia suei todo o livro sobre o cérebro que ele me mostrou na aula. Ele me mostrava muitas coisas. Naquela noite da sacada, me mostrou as estrelas e sorriu com dentes bobos que diziam que tudo era assim tão simples, mesmo. Não diziam, mas mostravam, insinuavam como uma boa metáfora indie. Ele me beijou. Era como se eu tivesse de volta minha boneca Mônica e meus lacinhos arrancados pelo coleguinha do pré. Era como se fosse mesmo simples, e repetitivo e bom. Era como se ter disciplina para reparar em determinados pingos de realidade fosse fundamental ao convívio com o meu interior. 'Olhe as esrelas', ele dizia; 'as nuvens, os animais, as gramas verde-limão. Olhe as toalhas coloridas dos piqueniques, olhe as bolas murchas das crianças ruivas.'

'Agora vamos beber', sugeri.

Ele tirou da mochila algumas frutas. Me abraçou. Não bebemos. Apenas sorrimos e comemos ameixas. Dormimos abraçados sob o céu negro e pela manhã fomos passear no parque. O dia estava ensolarado. Brincamos com a máquina fotográfica e tocamos instrumentos esquisitos. Usávamos fantasias. Depois voltamos para a sacada e enchemos balões coloridos. Verdes, roxos, amarelos, bordôs, mostardas. Tomamos sucos pronto/importados de amora e devoramos cerca de dez pêssegos. Foi uma tarde e tanto. Ele disse que eu era uma moça distraída, e então eu contei a ele. Contei a ele sobre a pulseira.

2. A Pulseira

Tudo começou na vitrine de uma cidadezinha irrisória. Era uma pulseira de bolinhas em uma loja de 'Conserta-se Relógios'. Aconteceu durante minhas férias de inverno, enquanto passava alguns dias na casa de meu tio paterno, um velho interiorano, gordo e voraz. A loja era um pequeno chalé de madeira que pertencia a um casal de velhos também interioranos e gordos. A mulher, uma idosa muito ativa e preservada, como todas as senhoritas do campo um dia virão a ser, fazia doces de maracujá e chcocolate, geralmente acompanhados de calda de uva ou goiaba; a vi apenas uma vez, enquanto admirava a pulseira do lado de fora do chalé.

Eu estava, como sempre, posicionada estrategicamente junto à porta, torcendo que o senhor de cabelos verdes-brancos me convidasse a entrar, quando esta elegante senhora me pediu licença e então empurrou a porta, em seguida deixando que a mesma fechasse debodachadamente diante de minha face, me despertando assim da hipnose que causava a pulseira de bolinhas. Pude então vislumbar através da vitrine que a referida senhora trazia sanduíches cortados em quatro pedaços e um bule de café, provavelmente preto e puro. 'Café tira o sono', ouvi o senhor de cabelos brancos-verde dizendo. 'Você poderá dormir bastante quando morrer, meu bem', a velha respondeu.

[As piadas dos velhos não tem a menor graça]

.

Eu precisava da pulseira de forma trágica e ardente, de sua posse dependia todo meu vigor facial e toda delicadez de minha pele juvenil, de então 12 anos. Sim, a pulseira tornou-se uma obsessão. No entanto, o mais interessante era que eu possuía dinheiro o bastante para comprá-la, mas não conseguia efetivar a compra, não conseguia sequer entrar na loja. Só conseguia contemplá-la e desejá-la, talvez lutar por ela interiormente, mas possuí-la, de fato, não me incitava a qualquer tipo de esforço. Fiquei enferma de angústia pela imagem da pulseira durante toda minha estadia no interior. Não conseguia me livrar dela. Mesmo quando estava longe da vitrine, lembrava. E o velho de cabelos brancos-verde lá dentro consertando relógios, aquele velho gordo e sardento de avental vermelho com bolsos de um xadrez sujo, pouco ligava para meu objeto do desejo. Um dia finalmente tomei coragem, entrei na loja e contemplei demoradamente a pulseira sob o outro ângulo, tão sonhado por mim desde o início; o ângulo DE DENTRO. Era encantadora. Foi então que o consertador de relógios me olhou de forma fraterna e disse que precisava ir à cozinha e voltaria em dois instantes, em seguida indagando de forma calma e educada, se eu poderia por obséquio 'dar uma olhadinha' na loja. Eu disse que sim, é claro. Foi tudo deveras rápido. Não pensei duas vezes. Fui até a vitrine pelo lado de dentro e furtei a pulseira de bolinhas. Saí correndo. Fui embora do interior no outro dia e nunca mais voltei à casa de campo de meu tio paterno.

3. Segredinhos e Mogwai, quem sabe Wilco.

Então hoje é meu aniversário e estamos aqui com meus dicos do Chico Buarque e meus arquivos de nova música indie e vanguardas que você não pode perder. Então eu me iludo com as letras bobas e depois danço com as melodias toscas e no fim tudo não passou de um scrap. Mas eu lembrei de tudo isso, sim. Lembrei de como as coisas bobas podem ser arte dramática e forte, de como as violências todas que fiz ao meu organismo não passaram de falta disso tudo que só ele pode me dar. Essa coisa de ver as nuvens, as revistas e os filmes. Essa coisa toda melosa e meiga. Esse teu travasseiro com cheirinho de chiclete e teus quadros de cinemar noir. Tua parede laranja e teus escritos em arquivo pdf. Minhas pastas no teu computador, tão lindo; terão elas ainda o meu nome? Guardarás ainda tu os meus emails de dor e saudade?

Nosso amor
virtual e sádico.

Um sadismo
infantil
e mágico;

como uma poção
do amor
em desenhos
animados.

Nossa vida compartilhada em madrugadas solitárias e cor-de-rosa-coração.

4- 'Nosso amor de ontem.'

Uma pena que tudo tenha acabado assim, com 12 latinhas de Polar, reassistindo 'Linha-Mortal' e voltando no controle-remoto os melhores ângulos da bunda do Kevin Bacon. É assim que me sinto em relação a ele hoje; voltando no automático para alguma espécie de imagem com historinha mas, ao mesmo tempo, retornando esporadicamente-sempre ao meu melhor ângulo; assim como os ponteiros do tempo do cosertador de relógios que conheci em minhas férias juvenis.

o dia em que o cão desmaiou.

Era uma noite quente de dezembro, as ondas de calor pareciam mofar tudo ao redor. Ele estava sentado no quarto semi-escuro, em frente ao tabuleiro de xadrez, e perguntou o que eu andava fazendo. O mesmo de sempre, eu disse. Continuo fazendo o mesmo de sempre e acho que cada um tem o seu tempo; até mesmo os cães desmaiam, concluí antes de adormecer sob um teto de telhas ordinárias.

[Acordei com a pressão baixa.]

Suava o frio que não tinha, do sono que não existiu; eu, minhas pálpebras pesadas e o suor atrás do joelho. Eu cravejando no lençol alheio minhas saudades; as amizades que não consigo manter e os cansaços que não vão embora.

Ele tinha um gato e provas de vestibular. Pálpebras tristes e vícios. Abacaxi fresco, aceita? Aceitei. Mas pra quê? Não deveria nem ter entrado ali, pra quê? Pra ver nas rugas dele as minhas, pra sentir o peso de tudo que não aconteceu e do tempo implacável? E agora ele fuma, traga e solta a fumaça que dança no tabuleiro de xadrez. Ele tenta me explicar as regras, mas eu não consigo mais. Só consigo pensar em quantos quilos de bafo quente são necessários para que o cão desmaie. Só consigo pensar na cama com o gato vira-lata e o ventilador estragado. Os sonhos estragados e o abacaxi doce. As rugas ao redor da boca dele não estavam ali há mais de 3 anos, nem essa dobra de gordura na frente do cotovelo. Nem os cotonetes sujos, nem essa falta de fazer sentido. Aonde foi que eu me perdi? Como tudo começou e como foi acabar em pressão baixa no sol escaldante de uma manhã de verão em Porto Alegre? Eu não sei. Só consigo lembrar das rugas ao redor da boca, do cabelo em estilo Jesus, da tristeza diante das provas do vestibular. Com 34 anos, temos ou não temos muito tempo pela frente?

[Nós costumávamos ter a mesma idade.]

Eu e a menina-lixa, a senhorita assuntos-que-interessam observando as celulites alheias e me dizendo que já era, eu já era, nós já éramos. Glu-glu-glu, abram alas pro Peru e para as novas lolitas. Se o meu tempo já passou é só porque o teu nunca existiu, menina-lixa. As restrições e a palavra pregada. Jesus de saias e noteboook. Não, não posso mais com isso. Tudo isso pra terminar com o gosto da cerveja fervilhando em uma goela de ressaca. Tudo isso pra ouvir o fogo arrebentando de desgosto problemático e mal direcionado. Assim acabam as pessoas: novos magros orgulhosos ou gordinhos restritivos. Trinta e quatro anos arrastados de tão pesados que ninguém levanta ou puxa. Estica, estica pelo menos as tripas da cabeça, vê se enxerga com um coração de mãe carne-osso e esquece essa máscara de ajeitar no espelho. Quem dá as costas não pode se enxergar de frente e o vice-versa não funciona nesse caso. Não, eu não entendo mais as regras. Nem as promessas.



[No vestibular, a competição entre o homem velho e as garotinhas de mini-saia; a fiscal sexy e o vestibulando afoito. Lembra?]


Versos.

Maldade.



Controversas;


Imagens, imagens; no fim são só imagens, talvez diálogos e quem sabe desgostos.

No fim, apenas ser gentil importa. A gentileza dele acompanhava, nas olheiras, a decepção; na menina-lixa, a decepção acompanhava o ar-condicionado e as unhas vermelhas. É tudo uma questão de acompanhantes, de parcerias, de falsos elos. Ah, os elos são tão fracos aqui e ali, uma palavra dita e se arrebenta, um som na escuta e dois berros no coração. Não, já não posso mais. É preciso andar, é preciso andar; foi precisamente o que pensei enquanto me levantava de um colchão fedido em uma casa estranha, eu e minha dignidade intacta, eu e minha pressão baixa. Eu e o sol lá fora queimando a calçada morna da manhã. Eu e esse meu engasgo que não desce, esse gosto de ruína, de devastação interior. Eu e o exterior fracassado nos meus objetivos mortos. Eu e minhas palavras brotando clichês e sem nexo. Eu e meus 34 anos, meus 26 amores e 47 medos. Eu e minhas grosserias, meu pânico de telefone, meu vômito para os juízes de boteco. Vomitem vocês um pouco mais, vomitem seus desgostinhos frígidos no prato de porcelana da mamãe. Eu sou adolescente. Ah, os juízes de boteco, com esses também não posso mais. Eu gosto é de comer chocolate e de tirar fotografias. Eu gosto de sentar na cama e ler o dia inteiro um livro de amor. Eu gosto desses cachorros tristes em sombras de praça. Gosto de deitar na grama e olhar pra cima contando os galhos e desvendando suas geometrias. As pessoas costumam preferir as nuvens. Eu prefiro esses posts confessionais de aniversário. Eu prefiro o meu coração.

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