Mittwoch, April 20, 2022

Hey,

I am Gabi Wondra (experimental/smartphone filmmaker) and you can watch some of my latest short movies here:



Sobre mergulhar no frio
New Poetic Cinema 
8 Min



I hate techno (Brazil, Germany, 2022)

Audiovisual essay

3 min

https://youtu.be/LkTdwJezucY



Ashes my Ashes (Brazil, Germany, 2022)
Visual Essay 
12 min  



Erfahrungen (Germany, 2022)

Visual essay 

5 min

https://youtu.be/jdTNTFtYK70




Sad Grrls Movie (Brazil, Spain, Portugal & Germany, 2022)

Visual essay / Music Video

15 min

https://youtu.be/JOWnvtkyXJc


You can touch (Brazil, Spain, Portugal & Germany, 2022)

Music Video - Experimental Digital Animation

7 min 

https://youtu.be/ac9j8EvnyCQ


Soul eats Life (Brazil, Germany, 2022)

Audiovisual Essay / Music Video

3 min 

https://youtu.be/7oKxazakc_k



It is open (Germany, 2021)

Visual Essay / Experimental documentary

32 min

https://youtu.be/DjY4aLpcV5U



Ich habe gelogen / Eu menti / I lied (Germany, 2021) 

Experimental Documentary

10 min

https://youtu.be/mHLwZUXSFdM

Language: German and other 

Subtitles: Portuguese and English 






Scapes (Germany, Brazil, France, 2021)

Experimental Documentary

30 min

https://youtu.be/dMx7kNAACG0

Language: Portuguese and German

Subtitles: Portuguese and English 



O Portal do Tempo / Time traveler coffee shop (Portugal, 2021)

Experimental Documentary

44 min

https://youtu.be/NHxat6KYaA8

Language: Portuguese


Femininx / Masculinx (Germany, Brazil, 2022) 

Visual essay

6 min

https://youtu.be/uCBcN10gVtc

Language: Portuguese, German and English


Um desfile de poemas ruins sobre uma fase boa e outra nem tanto (Germany, Brazil, 2022)

Visual essay 

25 min

https://youtu.be/cjqCbU3xDjs

Language: Portuguese 


Angry Beach (Germany, Brazil, 2021)

Experimental documentary / Visual essay

12 min

https://youtu.be/jtGpnvYN238

Language: Portuguese

English subtitles


Orquestra Maldita (Punk-Rock Concert, Brazil, 2022)

Music Video

30 min

https://youtu.be/bKjZaGDSeaU



A feiticeira / The Witch (Brazil, Germany, 2022)

Experimental Documentary

25 min

https://youtu.be/E4nBa8I2JRY

Language: Portuguese


Digital Outsider (Brazil, Germany, 2022)

Experimental Digital Animation

2 min

https://youtu.be/935SHU7sc8k


Sonntag, Februar 23, 2014

Spring Breakers ou zombar da lógica quando ela está contra a humanidade





"Os homens são suaves, quando desejam alguma coisa dos mais fortes, e brutais, quando o solicitante é mais fraco do que eles. Eis aí, até agora, a chave para penetrar na essência da pessoa na sociedade.” (T. W. Adorno)




Pode parecer bizarra esta citação de Adorno num texto sobre Korine, já que o filme está mais pra um Sex Pistols zombando da nossa cara em estilo Lulu Santos –  um filme-poema punk-pop, com todas suas contradições. Apenas cito o filósofo alemão porque ele escreveu que o mundo só é único no tempo (Zeitgeist), e que a classificação é a condição do conhecimento (e não o próprio conhecimento) e o conhecimento, por sua vez, destrói a classificação. Mas pra que dialética agora? Vamos lá, classificar Spring Breakers, ou Harmonie Korine, o cool vendido – bem fácil, não? Assim já classificaram nossos intelectuais brasileiros (minto, só li um) mesmo sem ver o filme, só pelas cores (quentes demais ou algo assim) do trailler. De fato, nenhum problema em julgar pelo trailler. Não há como conhecer Spring Breakers e seus personagens, nem vendo o filme: eles são conceitos. Ou talvez não sejam. Talvez eu só queira aplicar algo que estou lendo no momento: como boa aluna da USP, Adorno, é claro. Mas acredite na sua intuição, porque ela lhe dirá: Spring Breakers é sobre isso. Sobre a Academia (garotas fugindo da facul) e sobre drogas (pra viver a vida loka no feriado), sobre dinheiro (que as faz não voltar mais), sobre ilusões (essas sim são perigosas – e não as garotas, como no subtítulo brasileiro). Ilusões perigosas porque fundadas em conceitos de tudo que está errado: estrelas da Disney e gente afim de ser gângster, mas resvalando na falsidade (num mundo que quer ser fofo demais e onde, portanto, isso não é possível).  








Spring Breakers não tem a ver com “O Poderoso Chefão”, tem a ver com "As Pequenas Margaridas" numa versão “O.C”, de cores rosas, laranjas e azuis como em “Drive” – onde a ironia com a estética cool, da qual o filme também é acusado, já constava e pouca gente entendeu.  Korine tem uma paleta para “Spring Breakers” que de fato não combina com “Gummo” nem com “Trash Humpers”, mais sujos e opacos. Mas com seu último filme ele consegue chegar onde “Gummo” não conseguiu e nem poderia, porque ali as meninas ainda eriçavam os seios com esparadrapos – eriçar era mais importante que aparecer. Com “Spring Breakers”, Korine conseguiu chegar na abdicação da história por uma mise en scene dogmática e videoclipesca, que é a cara dos nossos anos.  Sei lá como chama essa década de 2010 a 2020, ninguém sabe, e “Spring Breakers” é sobre isso, sobre a época herdeira e perdida entre a consciência indecisa e revoltada dos anos 1960 e 1970 (Fassbinder), a fascinação tosca dos 1980  e a melancolia suicida e paranoica dos 1990 (Brian de Palma).







Neste dois mil bem treze (quando o filme chegou a nós brasileiros, via pirata), Korine se liberta da narrativa, sem abandonar a história. Nossa história de se achar especial e estar cansado de não ser – mas somos certinhos: não tem matar aula, tem vida loka no feriado eterno. Estamos diante do único filme sobre o Zeitgeist desde os anos 80, desde “Curtindo a Vida Adoidado”. Curtir a vida adoidado não é mais matar aula, é matar de verdade, é se dar muito mal pra ficar numa boa (?) – é sobre dúvida, desespero e beleza (fuga). “Spring Breakers” é um grupo de Marissas de “O.C.” fazendo tudo que todo mundo que manda beijinho no FB quer: se entregar pro biquíni eterno. WTF fingir que a beleza não importa, WTF estudar. WTF = What the Fuck. Que foda é essa? É Tati Bernardi dizendo na Folha que quem não se deu bem até os 30 ou é filhinho de papai ou é um fracassado. A culpa é dos escravos, mas o mundo é dos espertos: sempre foi. E dos biquínis. E de gente gata. O mundo, do dinheiro, é claro. A total ausência de verdade (pelo excesso da presença da grana e do que move os personagens até ela) é a tônica do filme. James Franco, talvez melhor em “Freaks and Geeks”, é, no entanto, a vingança desse seu personagem no seriado anterior. Seus dentes de ouro são a coisa mais linda, fodida e forte do filme. Britney Spears tocada ao piano à beira-mar, e Franco ali sentado cercado de meninas de capuz é de fato uma imagem que vale por mil palavras.



Por que o Brasil reclama, por que 2013 foi o ano das manifestações aqui e o ano de “Spring Breakers” dominando na lista dos melhores do ano na Cahiers? Cahiers está decadente, ok, mas Korine certamente não. Porque Harmonie Korine, o cara que aceita pedido de amizade de todo mundo no Facebook (tente e você verá) tem humildade o bastante pra se colocar abaixo do cinema e do palco virtual e midiático, pra se render às tendências – criticando, entendendo que essa é a única forma possível de criticar, embora talvez fracasse, porque não estamos prontos pra entender nossa época, nem estaremos nos próximos 30 anos. Mas existem padrões universais no filme e na vida: uma garota boazinha (passageira) e as outras poucas (adolescentes, eternas), espertas ou rebeldes? Não é sempre essa a proporção? Por quê? Regra da tragédia? Aristóteles? Não. Brian de Palma: dublê de corpo. Entenda as gostosas do filme como substitutas: do amor e das cores opacas e tristes. O mundo novo que Korine nos mostra é colorido, e violento, mas acima de tudo: musical. Elas podem ser socialmente abomináveis, mas são lindas e soam bem aos nossos olhos. O cinema pra cegos que Godard dizia fazer já talvez não nos caiba mais. Hoje o cinema é para surdos. “Spring Breakers” tem ritmo em suas cores e cenas exageradas, o ritmo do caos, da energia, da consciência da física quântica, mas ainda assim um ritmo afundado em cores e corpos – música soterrada pelo peso da imagem. O punk se rende ao pop em uma declaração de ódio. Biquínis em cores fosforescentes nas mocinhas e dentes de ouro no bandido: eis a historinha imagética mais Disney de nossa época, eis tudo que Justin Bieber queria fazer pichando muros no Rio Janeiro e não conseguiu (porque sequer sabe o que quer, como a maioria de nós, talvez), eis um mundo de atitude e pouca reflexão - eis tudo que Miley Cyrus talvez um dia consiga: mostrar o quanto somos idiotas e nos achamos sábios, nesta época, mais do que nunca. Já dizia Adorno: o conhecimento destrói o conhecimento. Dos anos 1960 aos 1980 sabíamos melhor que conhecimento é lixo sem autodestruição (pouca e dialética), nos 1990 percebemos que não sabíamos de nada, e daí foi só ladeira abaixo. Hoje limpeza é Britney Spears numa cena rosa. Obrigada, Korine. Porque apesar de não saber de nada, sinto. Sinto que amor ao cinema TRUE é, entre outras posturas, colocar tua mulher (de uma beleza natural destruidora) no meio das gostosas da Disney, por mais contraditório que isso pareça. Obrigada, Korine, você é o Fassbinder que merecemos.








(Crítica originalmente publicada no Zinematógrafo, dezembro/2013)

Montag, Februar 17, 2014

Amado BUK aconselha





Não deixe as pessoas serem
seu alicerce.
nem as garotas jovens
nem as garotas velhas
nem os homens jovens
nem os homens velhos
nem aqueles no meio-termo
nenhum deles,
não deixe as pessoas serem
seu alicerce.

Ao invés disso
construa na areia
construa no lixão
construa na fossa
construa nos túmulos
construa na água,
mas não construa nas
pessoas.

Elas são uma aposta ruim,
a pior aposta que você pode fazer.

Construa em outro lugar,
qualquer outro,
qualquer
mas não nas pessoas,
massas
sem cabeça, sem coração
emporcalhando os
séculos,
os dias,
as noites,
as cidades, os municípios,
as nações,
a Terra,
a estratosfera,
emporcalhando a
luz,
emporcalhando todas
as chances,
aqui,
emporcalhando completamente
tudo
agora
e amanhã.

Qualquer coisa
comparada às pessoas,
é um alicerce melhor a se procurar.

Qualquer coisa.

(Tradução: Jao Moonshine)

Donnerstag, Februar 13, 2014

Poesia

ESPLANADA

Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.

MANUEL ANTÓNIO PINA

Samstag, Januar 25, 2014

Montag, September 06, 2010













compulsive word smoker

terrra sólida
plástica
que devora
dinossauros como ervas
que sugam a água
enraizada no fundo
de suas existências.

o melado
que se apega às mãos
é doce e gruda.

o grude me parte
ao meio quando
não depende
de cola ou baba,

é só a vontade
ficar junto
e espancar
o teclado de letras
e respiros musicais
de vontades de dentro.
de dentro do mundo
cosmético da alma,
como dói.

da inércia
em um dia de sol
violeta
em letras
de arcade fire.

na busca suja
e linda

POR UM RETALHO MAIS HUMANO
que me envolva
e me faça
chorar
de amor
e não de felicidade.

engraçadezas e felicidades
me tomam como moscas azuis
do pensamento aventureiro.

mais límpido,
honesto e franco
é o dedo paralisado
pelos bons modos?

amo a crueza
e a vida do alaska.

Samstag, August 08, 2009

Ilusão

A negação ocorre quando há uma lacuna entre a vontade e o espírito. O espírito que está habituado à negação normalmente se satisfaz com as artimanhas da ilusão. Não aceitar a si mesmo é não aceitar a própria vontade: a essência da vontade é a aceitação. O mundo é muito diverso e rico em espécies animais. Algumas pessoas simplesmente não se sentem confortáveis em suas formas humanas; a negação da sua forma humana é acarretada pela não-aceitação do elo espírito/vontade. A história da negação é secular e a história do ocultismo também. É preciso estar disposto a enfrentar as lacunas pessoais no momento em que se faz necessário um confronto entre realidade e ocultismo. Se chama fase-mística. Há coisas no corpo humano que um corpo humano é simplesmente incapaz de entender. Seres humanos manipulam máquinas de plástico e ferro que não manipulam seres humanos. Não há vice-versa; não há entendimento mútuo assegurado a não ser que você tenha muita sorte. A sorte pertence à dimensão do ocultismo e o azar está na dimensão da realidade e do pesadelo. Sonhos são sortudos. Quando eu era criança, eu costumava sonhar em verde e roxo pois meu video-cassete projetava apenas essas duas cores na tela da televisão de tubo. Sonhar verde e roxo ficou pra trás; sonhar verde e roxo é da época da televisão de tubo. O sonho que eu vejo agora projetado digitalmente exibe uma mulher que não cai bem iluminada mas fica extremamente misteriosa e fascinante sob a iluminação parca de um abajur. Sua silhueta borrada confere misticismo a uma alma incógnita. Sob a luz do sol ela fica simplesmente entediante. Acho que prefiro o tédio ao medo.