Donnerstag, September 28, 2006

Das Drama II

Os produtores irrelevantes fazem o caminho inverso aos grandes mestres, começam pelo drama e depois caem na comédia. É deprimente ver as obras insossas que agora produzem os grandes mestres, como Antonioni, em sua pequena participação em "Eros". Que diferença do divertidíssimo "As amigas", cheio de tiradas sutilmente anti-feministas e clima "Nat King Cole".
Bergman; como era mais natural em "Sorrisos de uma Noite de Amor", como as irnonias ficam mais agradáveis e sábias quando devidamente encaixadas numa comédia. Almodóvar; o mestre supremo da "comédia do drama"; puxava da vida caótica underground familiar as tragédias mais hilárias; fez do uso de cannabis uma piada em "Que fiz eu para merecer isto?" e mesmo, na sua época mais trash, da vida católica nos conventos um paraíso de drogas pesadas em "Maus Hábitos" (mais uma vez bebendo da fonte de Fassbinder em " O desespero de Veronika Voss") para depois cair em desastres dramáticos como "Tudo sobre minha mãe" ou "Fale com Ela".
Sobre isso fez Woody Allen um filme genial: "Melinda e Melinda"; o qual se divide em duas partes intercaladas: em uma, a parte do drama, é com a persongem principal (Melinda) que se sucedem os infortúnios, na outra, a parte da comédia, é com os personagens secundários que os mesmos ocorrem. O trágico e o cômico dependem do ponto de vista ou do ponto ao qual se dirigem? Partindo da idéia de "Melinda e Melinda" podemos traçar um paralelo entre o início e o fim da vida dos grandes diretores: no início estavam mais interessados na observação das pessoas ao seu redor, no fim, estão mais interessados em olhar para dentro de si mesmos.

Mittwoch, September 27, 2006

Jonésia

Jonésia foi a feira, comprou meio quilo de tomate e 20 quilos de alface. O alface é uma leguminosa? Verde nem tão verde e mais volumoso do que pesado, Jonésia gosta de informação e não de densidade. Jonésia acha a feira patética com seus frequentadores sorridentes com caixas de arame arrastando no chão; Jonésia carrega nas costas arrastando os passos.
Passos arrastados traduzem a falta de densidade poética; corpos estranhos arrastados significam desespero; dizer o que se quer dizer merece uma lata de lixo, dizer sempre da mesma forma o que não se quer dizer também. Usar idem ao invés de também é louvável. Espreitar, odiar e não dizer é o que se espera das latas de lixo. Sorrisinhos no canto da boca é o que recebe Jonésia daqueles que se arrastam por meio de objetos bizarros que carregam o jantar oleoso porém natural da família. Jonésia não dá importância à família, ela sempre terá 20 quilos de folha de alface nas costas, o que já é o bastante, todo domingo, e mais os sorrisisnhos falsos no lugar de comentários debochados. Carregar 20 quilos de alface nas costas com certeza não é algo bizarro, mas a gente se esforça.

Dienstag, September 26, 2006

Sr. Freud

O cinismo é, largando aos gatos a filosofia, uma renúncia ao bom comportamento social; um descaramento, uma falta de compostura perante as leis morais. Mas, ao mesmo tempo, o cínico só o é em prol da boa convivência com seus semelhantes; em geral o cínico encontra sua forma caricata em um poeta; melindrando palavras, excluindo possíveis gafes e alterando a correspondência entre vontade e atitude.
A vontade do Lobo Mau era de comer a Chapéuzinho Vermelho mas, ao invés disso, a indicou um caminho mais longo, sem perder de vista suas intenções. O caminho mais longo corresponde à puerilidade de espírito, que contradiz o cínico e sua impudência descarada.A contradição é totalmente intrínseca a essa estirpe. Os cínicos conduzem seus semelhantes pelo caminho mais longo até a chegada dos mesmos ao íntimo do condutor; o caminho mais longo é o número 1 da escala cínica rumo à comunicação necessária e danosa. O cínico calcula sorrisos e sensualidades, sem saber que o resultado final será o entorpecimento de seu caráter até ele mesmo não saber quem é.
Sr. Freud era o mordomo do presidente, preferiu a intimidade aos altos cargos; não era um cínico, pois foi honesto consigo mesmo, no entanto perante os olhos alheios lhe caiu bem o atributo de descarado; todo cínico é descarado, mas nem todo descarado é cínico. Todos os aforismos são descartáveis e todos os blogs também.
Sr. Freud não perdeu tempo tentando seduzir o poder com palavras, porém o conquistou através do mais alto golpe funcional: a amizade verdadeira. Pode-se dizer qualquer tudo a respeito dos escândalos políticos da esquerda, porém não há como negar a amizade entre os envolvidos.

Sonntag, September 24, 2006

Frau Tod kommt aus Deutschland

Frau Tod kommt aus Deutschland
Sie ist schön und schlecht und weisse
Ja! Tod ist nicht schwarz
Aber die Todesangst ist sehr altmödisch
Todesangst?
Ich trinke Toddy
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Poetry?

das Drama

"Que fiz eu para merecer isto?" é um filme de Almodóvar no qual a protagonista cultiva um lagarto chamado "Dinheiro", possui um filho adolescente traficante que falsifica assinaturas diversas, uma sogra que cultiva grossos galhos de árvore e garrafas de líquidos gasosos na dispensa, um marido taxista que mantém relações com escritores e senhoras suicidas alemãs e um filho caçula muito maduro e homossexual que é vendido pela mãe a um dentista pedófilo que possui um aparelho de som marca "Sony".
"O que você faria?" é outro filme na divertidíssima língua espanhola no qual pretensos empresários são humilhados por eles mesmos com objetivos não muito diferentes dos que carregam ilusoriamente os traficantes de drogas e as mães de família problemáticas que cheiram a cola da parede esporadicamente.
O trabalho é sempre humilhante pois traz consigo a necessidade de provar eficiência aos superiores. E o que são superiores? Talvez câmeras de Big Brother não mais controladas por apenas um grande irmão e sim por um exército bem organizado de Little Sisters de calcinha e sutiãs rendados ao estilo novo gótico controlando a atração exercida nos cérebros masculinos e new-femininos interessados mais na cobiça do que na obtenção do bem desejado, ou ainda o macho patriarca contemplando sua prole e suas variadas relações humanóides através de máscaras que cegam. E os inferiores? Estes sempre acabam num ponto de interrogação.
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Interrogar é inquirir a consciência. Por que o título do filme "El Método" não foi traduzido simplesmente para "O método" e sim para "O que você faria?"?
A pergunta é sempre dramática pois é incompleta em si mesma, carrega sempre consigo o peso de incontáveis possíveis retornos; a pergunta é a angústia de reação. Em um país como o Brasil é interessante a discussão a respeito da necessidade de impor drama aos títulos de filme tão objetivos como este em questão.

Mittwoch, September 20, 2006

Peau d'âne

A adapatação para o cinema por Jacques Demy em 1970 do conto de Perrault, "Pele de Asno", é uma verdadeira obra prima do gênero "musical" pelos seguintes motivos:
1.é brega na medida; com direito a papagaio imitando a voz de Catherine Deneuve cantando uma canção detestável de amor, o que, aliás, talvez seja uma das marcas mais pitorescas da cultura francesa; a qual não pode deixar de me lembrar Charles Aznavour, mestre da música cafona local.
2.flerta deveras com o fantástico; destaque para o vestido "da cor do tempo" usado por Deneuve, que exibe uma estampa projetada giratória recriando o passeio das nuvens, numa bela utilização de efeitos especiais toscos da década de 70.
3.é engraçadíssimo; quando o príncipe e a princesa se encontram pela primeira vez em "sonho" cantam juntos uma música que diz "o que faremos agora com tanta felicidade?" e, em seguida, os dois seguem saltitando pelo gramado em direção a uma mesa de quitutes deliciosos ao som da mesma canção que agora responde "comeremos muito bolo!".Seguindo no mini video clipe estileira "larica do amor",o casal entorna canecas de "Chopp" de um barril que surge no meio da floresta e segue em cenas hilárias de brinde ao romantismo no melhor clichê "rolando pela grama".
Se Chapéuzinho Vermelho foi abandonada pelo pai, a princesa de Pele de Asno quase se casou com o seu, sendo impelida pela fada madrinha("as fadas são nossa força interior, para o bem ou para o mal").Muito interessante a forma como as metáforas do conto foram trabalhadas no cinema, principalmente com relação ao uso das cores mas, como na maior parte das adaptações de clássicos, o grande mérito ainda fica com Perrault.

Montag, September 18, 2006

Die Vernachlässigung

[Abandonar v.t (conj. 4) 1.Deixar, largar 2.Desamparar 3. Renunciar a, desistir. 4. Desprezar *v.pr. 1. Entregar-se 2. Dar-se ao desprezo.]

O desprezo é o sentimento pelo qual nos colocamos acima do temor e da cobiça; a repulsa. Um ser desprezível é vil e desdenhoso mas, com certeza, quem um dia despreza mais esportes menos esportes será desprezado. O esporte há de ser informal e confortável, como aquele que humilha ditosamente sem pretensão mas com sã e maldosa consciência. Nem todos tem a capacidade de desprezar; alguns preferem o boicote, forma venenosa porém passional de renunciar ao romantismo. Agora outros mesmos, em sua maioria imaturos e covardes, desdenham o que tem de mais precioso pelo simples prazer de terem a oportunidade e a inútil ilusão de que sempre assim será.

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Creio que Chapéuzinho Vermelho foi abandonada pelo pai e, com toda razão, acreditou no primeiro macho protetor que viu pela frente. Creio também que a vovózinha gostou do lance e que a cesta de frutas estava recheada de drogas. Chapéuzinho Vermelho era uma traficante de proteção. A cestinha, entregue pela mãe, era um balde de segurança maternal, mas Chapéuzinho não sabia o que fazer com tamanho zelo, entregando-o assim à direção indicada por um torpe animal masculino devorador de gerações matriacais. Ou talvez fossem garrafinhas de Chokoleite.

Fire walk with me; sombras, amarelo e vermelho.


Da série: em tempos de eleição, faça-se a reflexão.
De "Juventude Transviada" a "Gummo", passando por coisas terríveis como "Diário de um adolescente" e pérolas como "Ferris Bueller's Day Off", o retrato da juventude não mudou muito no cinema; a falta de consciência social continua sendo o tema preferido.
Foi rodado ontem pela Ulbra TV "Twin Peaks", que considero o melhor filme do gênero; Laura Palmer é o retrato da juventude pós cinquenta; amizades libidinosas, namorados excêntricos, diários com clips e meios de transporte cruciais. A presença de Laura Palmer se faz por metáforas da falta de atitude cidadã dos jovens; seus vetígios são sempre fúteis, românticos, bregas como uma flor azul na lapela. A busca de Laura Palmer é uma mulher de cara feia; hostil e pedante ao mesmo tempo que assumidamente retardada; é o vermelho amarelado e fugidio, obscurecido pela pressa de emoções fugazes.
A magia obscura e criminosa, o culto do "batuque", é o único resultado possível de tamanha redundância; a busca pelo bizzarro e a cultura da falta de sentido encontram o cume no desaparecimento do óbvio venerado; a jovem loira e bonita.

Donnerstag, September 14, 2006

Herr Fassbinder und der Spiegel

Rachando Nesconhas

A cuca de banana caseira é uma iguaria requintada e despetensiosa. O requinte é o resultado da dedicação mas apenas belo quando se despe de todo e qualquer vetígio de intencionalidade. Por outro lado, a despretensão que daí se apresenta como requinte é uma modéstia, e as modéstias devem ser evitadas; as modéstias podem esconder um caráter abundantemente egocêntrico. Um persongem de cinema muito egocêntrico é o de Marcelo Mastroiani em "La Dolce Vita" e também em "Oito e Meio", mas debruçar-se sobre a psicologia de personagens de filme não é apropriado, eu diria que é fora do padrão. Então voltemos ao requinte da cuca de banana, que assim se apresenta devido ao carinho imensurável com o qual foi concebida e minuciosamente construída. E digo "construída" por que de todos aqueles dos quais desabrocha o requinte nenhum pode ser meramente "misturado" ou "preparado"; todo requinte é milimetricamente construído. Das pessoas adultas que exibem um grande excesso de perfeição pode-se dizer que construíram o dado requinte desde a infância no processo de imitação dos pais ou por meio de prática auxiliada por refletores diversos. Na linguagem figurativa "Espelho" é tudo o que representa alguma coisa aos nossos olhos.

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A Língua Alemã é um espelho por representar minuciosamente cada pedaço de sentido que abriga uma palavra, através das "colagens".
Por exemplo, uma pessoa reservada é uma pessoa zurückhaltend; sendo zurück algo como "de volta" (Ich bin gleich zurück; volto logo) e haltend derivada do verbo halten (segurar), logo, é uma pessoa que segura "para dentro". Nietzche talvez dissesse que essa pessoa se tornará inevitavelmente um mau caráter.

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Caminhão chama-se Lastkraftwagen (last é peso; kraft, força; wagen, carro) , o "carro que tem força para carregar peso". E temos também o Deutschkraftwagen ("o carro da força alemã"), mais conhecido como DKW. Volskwagen, "o carro do povo", também é um exemplo conhecido. No entanto, modelos de veículos não me despertam curiosidade, assim como a maioria dos filmes em cartaz no Cinemark. O automoblismo é um esporte para se acompanhar embaixo das cobertas com uma xícara de Nestonha, alegria do meu leite.

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Um poema chamado Blog

Die Sache gefällt mir nicht

Was ist denn los?

Hast du eine Ahnung
Ich keine anhung habe
Ich glaube an Blog nicht

Cinema

Jean Claude Carrière, roteirista de Luís Buñuel, escreveu em seu livro "A Linguagem Secreta do Cinema" que fazer um livro sobre cinema é como fazer um filme sobre literatura. Ontem estive lendo uma reportagem sobre a avalanche de blogs sobre cinema na internet e o suposto "perigo" da mesma, entrando no âmbito do que é "besteira" ou não, o que "é uma crítica de respeito" ou não, para depois indicar um série de "blogs sobre cinema que valem a pena". Nesse ponto concordo com Carrière, apesar de o próprio roteirista afirmar estar deliciosamente se contradizendo existe uma grande diferença entre falar sobre a história do cinema e resenhar filmes. O livro de Carrière está mais pra Jean Baudrillard, voltado para questão da hiper-comunicação e da influência do cinema desde seus primórdios, nos povos africanos, por exemplo, onde sessões eram exibidas gratuitamente e ocorriam epsódios semelhantes a correria que suscitou a primeira sessão dos irmãos Lumiére. Ou seja, é um livro sobre o impacto da dita sétima arte nos povos e , também, nas outras artes. Muito interessante a opinião do autor sobre o video-clipe, por exemplo, que desperta talvez uma outra discussão; sobre os filmes transformados em video-clipe-gigante, como os do diretor Wes Andersen ("Rushmore" e "Os Excêntricos Tenembauns", por exemplo).
A interesecção da música com a imagem acabou criando uma geração de viciados em impacto imediato de emoções, os "MTV freaks"; nada de errado com video-clipes, inclusive alguns, como os dos Smashing Pumpkins, considero verdaderias obras cinematográficas. Mas o caminho inverso é extremamamente perigoso, assim como transformar blog em crítica cinematográfica, transformar cinema em super video-clipe é tarefa para poucos. Talvez só para Scorsese, que conseguiu filmar Bob Dylan em "No Direction Home" sem cair nos clichês de impacto musical.
A repotagem sobre os blogs,a saber:

Dienstag, September 12, 2006

Ablatio

A dedicação é um afeto extremo, uma abnegação, e abnegar é sacrificar a si próprio sem qualquer interesse, logo, a dedicação é um sofrimento teoricamente não rentável. A ablação, pelo contrário, é um sofrimento rentável ao menos para os profissionais cirúrgicos. O corte em sua versão abstrata é uma prática em uso e muito conceituada no meio cultural; a exérese é a ablação de um corpo estranho ou parte do organismo. No caso dos meios culturais, é o resultado do corte: a extração de partes intrínsecas porém dispensáveis.
Insurreto!
É aquilo que se diz da pessoa amarga que se revoltou. A amargura com certeza é uma herança genética ou social que faz do indivíduo rebelde um cidadão acerbo e cruel, porém de uma pungência transcendente, por vezes sutil e nebulosa. A amargura cresce semelhante ao relógio por meio de hastes circulares em função de uma ordem imaginária, porém utiliza-se de outro objeto pontiagudo, a agulha. As agulhas são o instrumento de medição e passagem do insurreto, criatura vil e incapaz de sair do seu círculo corrupto e pervertido. Na língua da lei o vício é uma anulação, na língua do homem comum viciar é corromper, adulterar a ordem dita natural do caminho consciente a ser seguido rumo a um futuro promissor.
die Zukunft!
Assim se faz um homem perseguir seus sonhos, adulterando suas necessidades primárias, transformando sexo e comida em vício e viciando o cérebro na ordem que culmina sempre em um tempo vindouro imaginário, porém o futuro nada mais é do que um sistema de formas verbais que situam a ação não se sabe bem onde e o tempo é sempre de obviedades como as anteriores.

Montag, September 11, 2006

Rat geber

Cinco a seis horas de Wagner para não definhar aos poucos (Nietzche). Travei. O ensinamento é tarefa para poucos e o atendimento para muitos. A oferta de salários módicos para serviços prestados pela sua simpatia e mais rentável carisma interior aumentam a cada nova demissão diária devida à incidência de pequenas enxaquecas, o que impossibilita o funcionário de ser eficaz e conduz à fatiga e ao inchaço. A demissão nada tem com estes mas conduz sem escalas à liberdade de negar. Poucos sentimentos são mais prazerosos do que o de experimentar a negação voluntária e consciente de compromissos. Na Alemanha uma hora marcada é chamada de de "Termine"; hora marcada é de certa forma um término; de fato, um fim em si; consumido a cada minuto de 6 ou 8 horas antes, dependendo do estado paranóico do comprometido. Além do que, é o retrato mais conciso do ser submetido ao tempo. Time is money é velha, 11 de setembro também; por isso negar uma data ou uma consulta pode atrair grandes vibrações positivas. Dores de cabeça violentas e periódicas chamam-se enxaqueca.

[Queria poder tirar fotos de pirulitos de morango em forma de coração no canto de uma cerca de arame farpado; algumas coisas bobas e sem sentido são bonitas. Meu coração é enorme; ich liebe meine familie e todos os meus amigos. Beijo pra mamãe, pro papai e pra você(com um emoticon bem bonito!)]

Toda lei é burra. A Burocracia forma retardados.

Freitag, September 01, 2006

September

É um filme do Woody Allen no qual quarentões de classe alta e profissões cults, como por exemplo ser uma velha rica depressiva ou um escritor em crises múltiplas, encontram-se numa casa de campo pra jogar sinuca no escuro e flertar pela adolescência perdida. Costumo associar esse filme com "Noite Vazia" (Walter Hugo Khouri, 1964) pelo fato de que é também um friend-mood-movie, daquele tipo pra trazer aconchego e sensação de estar acompanhado numa noite de fim de semana, porém "Noite Vazia" é mais malandro e gostoso; ao invés de ricaços norte americanos cults (o filme começa com uma discussão do tipo "vamos ou não assistir ao último do Kurosawa?"), Khouri prefere os liberais que vão morrer sem aposentadoria gastando dinheiro em drogas e prostitutas esbanjando glamour decadente (a saber, Norma Bengel e Odete Lara). Influenciado princicpalmente por Bergman e Antonioni, Khouri é o maior cineasta brasileiro da década de 60, principlamente depois de "Corpo Ardente", filme que narra a paixão de uma dondoca por um cavalo negro e contraria todos os dogmas do Cinema Novo. A saber, também foi Walter Hugo Khouri quem dirigiu Xuxa pelada em "Amor, estranho amor". Destaque também pra "As Amorosas", drama existencialista com Paulo José moçoilo no papel principal e participação dos Mutantes.
Feliz setembro a todos, adeus ao mês do desgosto e ao Woody Allen.

Atmosphere

"Walk in silence. Don't turn away, in silence. Your confusion, my illusion. Worn like a mask of self-hate, confronts and then dies. Don't walk away. People like you find it easy, naked to see, walking on air. Hunting by the rivers, through the streets. Every corner abandoned too soon, set down with due care. Don't walk away in silence." (New Order)
Melodias distorcidas pelo ódio próprio que não destroem corações de plástico em seres que comem orelhas de porco; o amor nos trará de volta aos joelhos, orando pela dignificação de nossas preces tão comuns a todos os outros olhos e narizes aguados; começando a viver e beber como conceitos criados pela carne mórbida faiscante de revolucionários estrábicos pregando que a longevidade é uma ilusão fedorenta que vai embora deixando perfume envenenado em frascos espaçosos dentro de ambulâncias correndo ensandecidas na avenida independência; a morte vem silenciosa e as ambulâncias vão aos gritos. Ninguém vai embora em silêncio.
Ninguém vai embora realmente. Não, isso não é uma doutrina religiosa mas, além disso, ninguém nunca sentou num gramado verde e molhado com velas acesas pra ouvir Joy Division; isso só acontece nos contos do Caio Fernando Abreu.

Jesus!? Hier ist Nina!

"O caráter destrutivo conhece apenas uma divisa: criar espaço; conhece apenas uma atividade: abrir caminho. Sua necessidade de ar puro e de espaço é mais forte do que qualquer ódio."
( Walter Benjamin, "Der Destruktive Charakter", 1931.)

Walter Benjamin é modismo acadêmico; mate o pastor e as ovelhas serão dispersadas. Apenas no caráter destrutivo há possibilidade de caminho frente a um muro. O caráter destrutivo não supera barreiras, elimina com violência impensada e catártica. O caráter destrutivo é a vingança contra o falatório, meio pelo qual os homens se fazem entender. O caráter destrutivo não entende, provoca desentendimentos. Roubo cultural não é crime.
Mate o pastor e as ovelhas serão dispersadas; os oráculos são instituições destrutivas. O academicismo é uma instituição destrutiva.
Fazendo versos em Shangai os poetas brasileiros de modismo doces bárbaros divertem-se mais do que vingam-se. Um doce bárbaro com molho tártaro? Não sei, mas creio que estou pendendo para a vingança auto destrutista; você é um comunista pela cara de artista?

Sorry, she's lost control again
Radio live transmission
Listen to the silence
Fuck the beauty
Fuck the poem
Close the poet
Eat White Chocolate


Jesus não, Nina Hagen.


"Kleiner Wampie!
Auf unserem Friedhof liegen wir zwei in der Stille
In der Still da gibt's kein Fromms und keine Pille.
Und wir beissen in weisse Häøse bis sie bluten, bis sie bluten
Und wir saufen die Kandidaten über den Haufen, über den Haufen."
(Nina Hagen)


No meaning. No fun. No work. Just international communication; lack of.

Colégios internos fazem adultos felizes e adaptados ao lack of. Drugs make a new desire of lack of. I'm without drugs and without rules; call me "lack of".
Já clichezava Walter Banjamin em 1931: o caráter destrutivo não vive do sentimento de que a vida vale a pena ser vivida, e sim de que o suicídio não compensa.
Menos reflexão e mais redução, bitte. Und immer.