Dienstag, Juni 23, 2009

teto azul marinho

Eu estava tomando banho e quando fui lavar o joelho esquerdo me deparei com uma enorme mancha assim azul marinho, bem escura mesmo. Fiquei apavorada, pensei se poderia ter algo a ver com diabetes, trombose, essas coisas. Não era uma mancha de bater com a canela na quina da cama, sabe? Era quase preta mesmo, e indolor. Daí lembrei que hoje pelas 6h da manhã, ainda meio dormindo e meio me vestindo, puxou um maldito fio da minha meia-calça preta fio 80 nova. Eu fiquei muito puta, tipo, que maneira de começar o dia! Não pensei duas vezes e peguei o vidro de esmalte azul marinho na prateleira (homens: a técnica consiste em aplicar com delicadeza uma pequena pincelada de esmalte no local do acidente, de modo que o pequeno furo seja coberto e não se alastre), foi meio desajeitada a situação, porque só acordo todas as faculdades mentais pelas 8h, com meu capuccino do Antônio. Enfim, meio que peguei o esmalte a la loca, meio que derramou e meio que manchei a perna no processo; pude perceber no banho. A mancha azul marinho potencialmente cancerígena ou algo do tipo nada mais era que esmalte azul marinho. Eu, como uma boa hipocondríaca, pensei imediatamente: "mas e se não fosse? Já imaginou que horror um dia ter 42 anos, por aí, e aí estar tomando banho e se deparar com o enfraquecimento do organismo assim explicitamente? numa mancha roxa? Já pensou que eu tenho que começar a me preocupar com possibilidades de doenças que eu não me preocupava há 10 anos atrás? Oh, céus, 10 anos passam voando." --- daí saí do foco, claro.



Bom, mas não importa. Eu tive esse teto aí no banho e resolvi começar com ele, porque tenho refletido sobre a hipocondria e eu tenho medo dela, porque ela é paradoxal (como eu), logo combinamos. Pensa só que bizarro: tudo que não é saúde, é problema de saúde; problema de saúde pode levar à morte, logo, o hipocondríaco tem medo da morte. OK. Nenhuma novidade. Mas podemos pensar a morte como o IGUAL e a vida como a DIFERENÇA, no seguinte sentido: tudo que está parado, está morto, estático, não muda = igual. Tudo que está vivo está em mutação, em caminhos muitas vezes erráticos e seguindo leis complexas. O corpo humano é a máquina mais complexa do mundo, logo, o hipocondríaco tem medo de complexidades (importante ressaltar que, me parece, todos problemas que não sabemos explicar estão associados a uma tendência de atribuir sua causa a um 'problema de saúde' - exemplo: pedofilia). O hipocondríaco tem mais que medo da morte, tem medo da vida. Na verdade ele deseja a morte. Ai que medo. Eu não quero morrer. ---- Já falei que amo meus amigos hoje? Eles são as pessoas mais afudês do mundo. Você já abraçou um amigo hoje? ---- Na verdade, o hipocondríaco tem medo do IGUAL porque não aceita a DIFERENÇA, eu acho. É um paradoxo, eu também acho.

De qualquer forma, eu não sei se acho válido discutir esses assuntos, é mais ou menos como a história do ovo e da galinha. Hoje, conversando com uma amiga, cheguei a conclusão de que esse é um problema de gêneros, talvez (tipo, quem veio antes, 'O' ovo, ou 'A' galinha ---- o feminino ou o masculino?), pode ser um probelma da Arte (quem veio antes, o processo criativo ou a obra? a ciração ou o produto?), como pode ser um problema de outras mil coisas; mil coisas que andam em círculos, mas mesmo os círculos são fechados para o exterior, eles ficam dentro do mecanismo da roda; tem um fim, tem um ponto que se liga a outro ponto pra fazer o círculo, mas na maioria das vezes ele é imperceptível e causa sofrimento ao círculo, eu acho. Uma sensação assim de estar perdido. Eu acho que não é assim que a gente se encontra, se perdendo. Eu acho que é raciocinando, o raciocínio é sempre o limite; e o maior tolo é aquele que sempre acha que precisa dizer a verdade. Será? Dizem que existem dois tipos de tolos: aqueles que acham que sabem a verdade, e aqueles que acham que sempre precisam dizer a verdade. -- é uma coisa assim, não tenho bem certeza, aprendi hoje.

Eu não sei. Eu tô lendo um livro bem místico, se chama "Right Use of the Will - healing and envolving the emotional body." É um livro bastante interessante, porque fala da vontade e da aceitação da vontade, fala do desejo como luz e da luz como amor. A grande pilha é aceitar o desejo. A autora diz que o caos chegou por meio da negação de desejos por milhares de anos. O problema é que ela diz que a gente HAVE TO aceitar o desejo. Eu acho isso um pouco contraditório: número 1, porque negar a negação também é negação; número 2, porque me parece mais hedonista do que qualquer coisa essa lance de sair aceitando todas as vontades, paz e amor e woodstock. Eu acho que é válido assim como é válido um livro de ficção científica: pra se pensar como poderiam ser as coisas se os terráqueos tivessem todos essa criatividade linda pra enxergar muito além do próprio planeta, do universo e do cosmos. Eu acho legal como a autora desse livro, assim como muitos autores de ficção científica (exemplo: Kurt Vonnegut) enxerga a vida interior como algo tão simples e livre. Eu acho lindo pensar que uma alma pode salvar um corpo, mas eu não acredito que uma alma possa ser doutrinada, assim como não acredito em discos voadores. Será? Talvez eu acredite em tudo isso, de uma maneira diferente. ---- Eu já disse como eu amo os livros, hoje? Todos eles, até os do Paulo Coelho - só que de uma maneira diferente? -------

O livro esse é "received by Ceanne De Rohan"; eu entendo que o narrador é tipo Deus. É bem peculiar a incongruência do tipo auto-ajuda (adoro); estou na página 25 e observei uma quantidade absurda de HAVE TO e MUST HAVE, ao mesmo tempo que ela (ou ele) fala em liberdade e que a única regra de Deus é o amor, algo assim. Ou talvez eu esteja semanticistazinha freak mode ON.

Eu gosto desse livro, sempre que eu o fecho eu posso dizer que estou mais feliz. Não sei quanto dura, talvez dois cigarros. Mas é bom. Me dá uma sensação de soul power. Depois eu fico bem confusa; eu tenho medo de pessoas paradoxais porque eu também sou (será que Deus é hipocondríaco?) --- não tô querendo me comparar com Deus.
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Sorte de hoje: do velho Buk ----- "The luck of the fool is inviolate."
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Eu devo ser louca de me achar uma pessoa de sorte, mas eu realmente me acho. É que eu tenho os melhores amigos do mundo. Eu sempre me senti muito sozinha apesar de ser muito ligada a minha família; sempre fui uma pessoa meio isolada. Ainda hoje, eu sou; mas o passar dos anos ao lado de pessoas que permancem me fez enxergar que essas pessoas me aceitam do jeito que eu sou. Aquela coisa bem sorte do orkut: amigo é aquele que conhece teus defeitos mas te ama mesmo assim. Eu demorei 27 anos pra me dar conta que eu tenho amigos, de verdade, e isso me faz não ter medo de nada. Bom, quase nada. Mas qualquer coisa, eu sei que posso chamar o Floco pra ir na pracinha fazer um ritual da amizade.
bjsboanoite