Samstag, April 12, 2008

OUTrínseco

How could people get so unkind?

Tenho um outono dentro de mim, nesses dias Neil Young na virtola, encontrado em meio ao pó dos discos esquecidos, mas que não encontro, procurando o meu amor. Sou sozinha agora, e estou única. Estou achada em folhas amarelas de árvores vivas como veias de máquinas-corpos em composição; nesses dias de tortas e empadas sobre a mesa na toalha de estampa florida, sentada ao pé da janela escureço junto à noite que chega abraçando um sol de céu laranja. Nesses dias de achar sem perder, sou um walk-talk nas brumas de uma cidade futurística, procurando meu amor entre as folhagens molhadas de refrigerante; sou onírica em tempos de levantar tijolos e braçal em épocas de piquenique no parque. E lá longe vou guardando o mais próximo de mim, ou finjo, e me engasgo em melodias de espelho, te procurando em olhos de vidro sem cor. Me perco em ouvidos de cera pelo caminho de terra-sonho. A terra é árida como a perseguição implacável da cidade que procura o rio-desperto. E engole todas as águas. E se enfurece sem pudores nem motocicletas, apenas a garganta sedenta de uma louca paranóica que busca a felicidade em cruzeiros tropicais. Tenho um verão dentro de mim, nesses dias de calor-digestivo-estômago, que me incendeiam a aldeia de mortos guardada a três chaves no meu corpo; eu as chamo inverno, primavera e outono, minhas amiguinhas-depósito das tardes sem sol de um dezembro negro. Mas chega de imagens, chega de digressões e artifícios. Não me levem a ruim, estou apenas procurando um pedacinho de mim, quem sabe perdido nessas vilas que entrevejo nos cartões postais da minha natureza inconsciente; e me respondo: I don't know, Dr. Young. We never Know. E os velhos também não.