Mittwoch, April 02, 2008

carta de uma menina ruiva arrasada em quatro atos

Primeiro Ato.

Melancolia, Beto? Que nada! Isso é a falta que te faz o Rio de Janeiro, é da falta que se fez as areias e o amor, é da falta que se desfaz o mar. E deságua... Desagradando sensos estéticos com reticências, pluralizando essa angústia em nove pedaços de doce-avelã. Tu vai voltar, Beto? Traz de volta a minha alegria, a minha esperança, a minha bonança? Dança de chapéu? Traz uma ceva e um crivo? Tira essa Janis Joplin da vitrola, por favor. Não dá mais, Beto. Não dá mais essa tua melancolia, já mofou. Toma, come um pedacinho. Vem, vem de mansinho e senta, sente sem entender e entende as cores nos amores de ontem. Ontem? Com cerveja. Hoje, sem cigarros. Pra sempre, sem dinheiro, sem ti, sem metas. Mas essa música, Beto, essa música me penetra. Me recebe, Beto. Abre a porta, fecha os ouvidos, abre a boca, fecha o nariz. Não sei, Beto. Não sei mais como faz pra eles me entenderem, não sei mais como faz pra interagir com essa gente de chulés, mochilas e mensagens. Não sei mais como faz pra sentar na grama de saia e perna aberta. Não sei mais dançar ballet, será que ainda sei andar de bicicleta? O primeiro doce a gente nunca esquece, né, Beto? Pô, Beto, eu te amo tanto, te amo tanto pra poder dizer 'essa é minha imagem de amor', 'esse é meu garoto e essa é minha carta de amor'. Não sei mais, amor. Não sei mais te procurar, não me encontro em lugar algum. Não sei mais me emancipar e me diminuo no teu peito. Não sei mais pra que tanto peito, tanta pança, tantos sorrisos. Não sei mais pra onde foram minhas lágrimas. Não sei mais pra onde foram minhas dores do mundo. Não sei mais quem é ego, quem é posse, quem é razão, quem é coração, não sei quem me domina e não te controlo mais os passos; meu pássaro. Passado. Pasto. Passarela. Passa dor de sentir, sente o sentido do sangue borrado em carmim-unhas. Pega no meu cabelo vermelho-paixão. Tantos, tantos caminhos e esconderijos, tanto pega-pega e esconde-esconde e tu, Beto, tu nunca me amou. Tu nunca sequer me olhou e pensou puxa, que interessante, aquela garota pensa diferente. Nunca sequer te passou pela cabeça eu assim, capaz de sentir tanto e fazer tão pouco pelo bom senso. Tu jamais me amou assim nem assado. Frango-assado. Revista Playboy. Garotas nuas. Bandas de rock. Patricinhas de fotolog. Vai tudo tão normal por aqui, Beto, vai tudo assim, tão sempre, tão preso, tão vinculado, tão popular. Vai tudo assim tão óbvio, tão jogatina, tão aparente. É tudo aparência, meu amor. É a era da imagem, é a tua vez e a minha morte. Sorte? É o meu cansaço aplaudindo deitado.

Segundo Ato.

Jonas, cadê minhas meias, Jonas? Jonas, cadê meu jornal? Eu te odeio, Jonas. Tu me pega as coisas e some num ar rarefeito de marlboros tristes. Tu me corta os joelhos com a régua e me fere em descompasso. Tu me morde a orelha tacanha e me acaricia em dedos de mel azedo. Não dá mais, queridinho. Sai daqui, vai lavar esses calos alaranjados de podridão nefasta. Mefisto? Desisto.

Terceiro, desato.

Sua puta vadiaescrotomórbidafederal. Sua ladra, porca, desgastada em páginas de choro melando rendas e sucatas com açúcar de limonada. Me beija! Não quero! Muda! Não mudo, não mudo, não mudo. É tão confotável aqui, vem, deita pra ver, pode sim, morde o travesseiro, vai fundo, não é bom. Mas o que é bom? Sorte? Sai dessa, tira essa máscara de atriz pornô. Vai criar vergonha nessas caras e bocas. Vergonha? Criar? Não mudo, mas me calo. Calor. Calooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo R!


Quarto, mato.

Depois queimo
o mato
mas antes
vejo
o saco
do mosntro
que age
na paisagem
em trilhas
rumos
pintados
amados
esquecidos


adeus
adeus
adeus

dói
mói
consome

DRAMATIZO, SIM.


Beto, tu não tirou a Janis Joplin. Q?


NADA
ALMOFADA
SACADA
BIXARADA
BARATA
LAGARTA
NA MATA
ME MATA
DE AMOR


tudo ruim, tudo ruim, tudo péssimo. nada com nada sou eu. eu com eu sou tudo, assim, no meu quarto, sem ti, com a tua pena, e a dele.

PENA
umapena
desconsolada
dolorida
show me how


wannabe

ah

deixa

let this love flying die.
let this dead love fly,

maybe, maybe, maybe... summertime.

Um dia ele volta. Vai, Beto. Voa, venta, varia. Tu é minha varíola; minha doença morta, minha esperança torta.


Amar é bonito, afinal.