Sonntag, März 15, 2009

Boys don't cry

É que hoje pra mim é o dia da nostalgia. Encontei uma amiga de infância na boate. Ela me abraçou extremamente forte e disse que tinha visto minhas fotos no orkut, disse que o modo como eu segurava o copo de ceva nas fotos da orkut revelava minha essência, e que quando ela as observava, pensava 'porra, eu conheço a Gabi!'. Aquilo me comoveu. Nós costumávamos brincar de Barbie. Barbies milionárias. A minha era sempre a modelo mais bem paga do mundo. Mas um dia, não sei como, a coisa desvirtuou. As personagens secundárias se sobressaíram. Acontece que por algum motivo a empregada da modelo mais bem paga do mundo e a empregada da personagem de minha amiga entraram em algum tipo de desacordo. Brigaram, choraram. As Barbies. Bem, na verdade nós. Enfim. A amiga na boate de casaco xadrez, short e salto alto vermelho disse: "Tu foi minha primeira amiga. Eu sei que tu fez muito mais coisas do que eu, viveu mais, mas tua essência é a mesma". E eu disse "eu não vivi porra nenhuma, qualquer uma de vocês viveu mais que eu, tu constituiu família, a outra teve êxito monetário etc e eu, eu sou a loser da galera" e ela disse "na verdade tu fez o que todo mundo queria fazer mas teve medo", acho que ela também falou algo como "a vontade de ter filhos foi maior" ou sei lá. Sei que me sinto titia, sei que me sinto um adendo, um acessório, algo que não BROTA. Não sei explicar. Eu vi dois filmes sobre nostalgia hoje. O primeiro era um documentário colombiano que consistia em simplesmente um vídeo de férias familiar prolongada com lindas cenas que se sobressaíam por datarem mais de três décadas ou algo asssim. Cansaço da singeleza. O outro era um argentino tosquíssimo muito engraçado, "A VELOCIDADE É A BASE DO ESQUECIMENTO". Demais. Eu realmente não acredito que aquela trilha sonora e aquelas expressões faciais sejam dignas de serem levadas a sério, mas o filme é muito divertido e esclarecedor num sentido "MÍSTICO". "Não existem casualidades" ou "um país que não pede pra ser deixado não é um país, é um cemitério ou um museu". Tanto faz. É tudo tão particular, no fim. Mas no fundo tão afundado quanto qualquer meia de balde JK cidade baixa. Enfim. Vi uns alemães bizarros também, frios. Os alemães não sabem mais fazer cinema desde Fassbinder. Os alemães são uns recalcados malditos, e por isso eu os amo. Meu humor é mórbido, filmes toscos e línguas bizarras me fazem rir. Eu acho lindo ser irritada por algo sincero.

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