Mittwoch, März 18, 2009

Bizarrisses da vida

Muito interessante que, na língua alemã, o termo 'paixão' tem totalmente a ver com 'sofrer'.
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"Leidenschaft", que significa "Paixão", é composta por "leiden", que é o verbo "sofrer"; mais especificamente, 'sofrer por amor', lamentar uma 'dor da alma'.
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Ao mesmo tempo, a expressão 'gut leiden können' (können vem de 'kann', que é o verbo 'poder', 'conseguir', em português; ou o modal 'can', em inglês) quer dizer GOSTAR ou SIMPATIZAR com alguém. Contraditório? Eu acho. Mas tem a Paixão de Cristo e tal. Talvez sempre tenha sido, mas não me arrisco.
===> Só sei que, em alemão, a falta de paixão na alma, ou melhor dizendo, um 'leidenschaftlos' (los- sufixo de 'não ter'. Loser e tal, ah, vocês sabem) é um cara impassível, frio e objetivo.

Tudo isso pra dizer que hoje assisti um prazeroso filme alemão, chamado 'Entardecer' ou 'Nachmitttag', da diretora Angela Schaneiec, que nunca tinha ouvido falar. Trata-se de um filme sobre o confinamento voluntário, na minha opinião. É verdade que, como em todo filme alemão 'alternativo' (entenda-se aquele que não se destina 'explicitamente' ao circuito padrão), o confinamento vale também para a câmera quando se confina nas portas, janelas e mesas abandonadas. Quero dizer uma tendência de deixar a câmera parada em objetos ou ambientes geralmente familiares. Como em 'Ein Freund von Mir', depois que os atores deixam a mesa em um café, saindo de cena, a câmera ainda continua onde está, sem seguir os atores, ou seja, na mesa vazia, somada apenas ao movimento da rua. Também percebi em 'Schläfer' (Adormecido), a câmera geralmente priorizando a estabilidade dos objetos, ao invés do movimento dos atores. Como em uma das cenas mais importantes do filme, quando dois cientistas estão observando a mesma molécula, a molécula que mudará suas vidas para sempre. No entanto, nessa cena, não vemos os olhos dos cientistas, mas sim uma câmera obcecada pela máquina que os auxilia e cobre seus olhos dos olhos do espectador.

Me parece uma procura alemã atual por 'ângulos', e acho que eles estão certos. A estabilidade que buscam os alemães está na busca pelo seu 'ângulo' interior. Percebam que um ângulo, originalmente, nada mais é do que uma figura geométrica formada por duas retas que se cruzam ou duas semi-retas que partem da mesma origem. ------><------


E aí voltamos ao ângulo paixão/sofrimento. O que acontece é que nesse filme que assisti hoje, 'Nachmittag', em certa altura, o filho pede à mãe que essa lhe tenha 'Mitleid' (Compaixão) e ela diz ter, e ele diz que não, que ela tem que ter REALMENTE, e então ele usa o verbo 'leiden', para dizer o que em português ficou 'não, você tem que ter realmente, você tem que sofrer junto comigo'.

----- pausa pra refletir-----

Agora percebam que na tradução para o português, com 'compaixão' e depois 'sofrer', perdeu-se o jogo de palavras 'mit-leid' (COM-paixão) e 'leiden' (sofrer POR paixão). E não poderia ser diferente, apenas uma constatação. Constatação que levou a toda essa reflexão para a vida; não, eu não vou dizer que cheguei a conclusão de que se apaixonar é igual a sofrer.. Eu sei de todas as ideologias e crenças e cultural e o caraleo que isso envolve. Eu apenas quero dizer que é tudo uma questão de ENERGIA: a VIBE dos alemães e tudo mais. Quando eu comecei a estudar realmente alemão eu estava a procura de disciplina. Sempre que alguém me perguntava por que diabos eu estudo alemão (muito frequente), eu tinha vergonha de dizer isso. Eu sempre dizia que era por gostar da filosofia e cultura alemã etc. Mentira. Eu estava ouvindo uma música do Kraftwerk no carro da família, voltando de Pinhal Beach, e decidi que faria alemão. Meu irmão está de prova, acho que ele tinha uns 8 anos na época, mas hoje está com 12 e ainda lembra. Lembranças são interessantes. Bom, mas não quero desfocar.


Eu estava falando de ENERGIA (capslock é uma questão de organização), e comecei a pensar na energia, não só pelo fato de estar meio mística ultimamente, mas pelo fato da ação/reação. Toda questão do sofrimento talvez esteja no fato de a gente ter desperdiçado muito energia anteriormente. Algo como: insistir demais na intensidade de um desejo = muita energia = enfraquecimento da energia reguladora da possibilidade de materializar o desejo, como reação. Entendem? É como 2+2=4, se fosse 3+1, também seria quatro, mas se fosse 6+1, não seria quatro. É claro que é ilógico. E o que não é? Os filmes alemães que eu assisti, talvez. Eram bem lógicos, o que resulta numa comédia densa, se é que vocês me entendem. Mesmo a comédia deles é fria. Mas a gente precisa desse contraponto. A falta de lógica se dá no fato de os contrapontos serem necessários mas, ao mesmo tempo, um contraponto muito exacerbado extrapola energia.

Bom, tudo isso me remeteu a dois ditados populares, um materno, e outro de algum livro que não lembro, pode ter sido de física quântica, pode ter sido de algum autor inglês louquíssimo ou pode ter sido do Paulo Coelho, mas parece um ditado popular e é legal:

1. (materno): não foge do que te procura, não procura quem foge de ti.

2.(da cultura obscura ofuscada pela memória) o primeiro passo para não conseguir uma coisa, é desejá-la muito.

Bom, agora me dei conta que essa última com certeza não foi do Paulo Coelho, pois ele diz que quando a gente quer muito uma coisa, todo o universo conspira a nosso favor. Mas enfim, não quero dizer que desejar atrapalha, é claro que é necessário ter objetivos e etc, mas para isso é melhor ter um objetivo massa, tipo a língua alemã, do que algum outro que esteja te dispendendo muita energia sem resultados, e É CLARO que você não terá resultados, queridinho. Só o fato de estar se sentindo querendo DEMAIS já DESFOCA, e mostra que há algo errado. É um DISTÚRBIO. Além do que, o estudo de uma língua não te permite FORJAR resultados, e é isso que eu estava querendo dizer quando falei sobre a DISCIPLINA. Pra mim, pessoalmente, é relativamente fácil fazer uma prova de literatura sem ter lido NADA e tirar uma nota máxima com estrelinhas e comentários felicitativos. No entando, é impossível realizar uma prova de gramática alemã ou uma tradução sem ter estudado NADA. Não há como enganar e portanto, isso significa, na minha relfexão, que é um esforço que compensa, na medida em que é possível MEDIR os seus resultados pelo RESULTADO. Eu amo literatura, eu preferia mil vezes ir ali ler meu Kurt Vonnegut agora do que traduzir uma resenha alemã sobre "O Leitor" (os alemães estão putos com esse filme, mas esse é outro post), mas né, eu preciso desses ângulos.

Obrigada mais uma vez, foi outra ótima conversa. Me sinto cada vez mais sincera, mas normal que primeiro seja assim meio frio, né.

^^ bis morgen ^^

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