Mittwoch, Dezember 19, 2007

Chuckberry fields forever

é só uma música do Caetano.

Todo dia.


02 de outubro de 2007.


Não quero contar os pormenores da baixaria. Acho que a baixaria particular deve ser preservada, mesmo em um diário. Portanto me restrinjo às partes de comum interesse; como o conteúdo de minha meditação enquanto relaxava no jardim. Pensei que acuso as pessoas de coisas que me machucam na minha própria personalidade, e que por isso acusar talvez seja uma forma de auto-punição. Pensei que não sei pq continuo cultivando hábitos que me machucam, e por isso ouvi vozes vindo de trás do muro que diziam ‘gente que não trabalha’. Então me dirigi aos meus aposentos e coloquei um Schubert, depois de uma longa meditação no jardim. Pensava no que ouvir, pensava no que meu ex-pseudo-namorado havia dito sobre a minha conduta (não posso evitar abusar dos pronomes possessivos) ; sobre eu não nunca procurar fazer algo visando uma melhoria mas somente uma degradação ainda maior. Auto-degradativa. (Não,ele não seria tão brilhante.) Pois então, eu pensava no que ouvir e justamente que queria ouvir algo pesado e triste e então pensei que não, que deveria escolher um artista que me aumentasse os níveis de seretonina. Foi então que lembrei das vozes atrás do muro e resolvi escutar um Schubert. Escutar música clássica é realmente um trabalho, exige dedicação mental e postura ereta. Litros de café. Esquecimento do futuro. Debandeação. Sim, estou calma. Certamente precisava de algo intenso, não um diário para registrar mais uma entre mil existências decepcionadas consigo mesmas.

Desejo não mais almejar um emprego estável e um lar, desejo alcançar a calma necessária para pensar e agir nos seus devidos lugares, pois tenho invertido a ordem; pensar demais quando é preciso agir, e tomar atitudes impulsivas quando se deveria pensar pausadamente. Mas, a cima de tudo, desejo ouvir mais música clássica. O passeio no jardim me fez bem e mal, os meus mais íntimos sonhos foram interrompidos por marteladas vindo do muro e alarmes telefônicos aqui dentro, depois da porta. A porta fechada é a mais tola das ilusões, é uma péssima idéia. Melhor abrir tudo de uma vez; escancarar, como dizem. Ok, sem técnicas narrativas, ok; sem desculpas. Foi uma manhã dos infernos. Mas pelo menos nem pensei no bolo.

Entendam bolo como bolo.


Assinado: Gabriela Wondracek Linck, assumindo a exposição tosca e a ABREVIAÇÃO CONSCIENTE DOS PORQUÊS. PQ OS PORQUÊS DEVEM SER SEMPRE BREVES.

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