Donnerstag, Januar 03, 2008

Hinter scharfen und harschen Worten verbirgt sich häufig eine gewisse Unsicherheit.

[Strong and bitter words indicate a weak cause.]

[Las palabras fuertes y ásperas indican una causa débil.]

[Palavras categóricas e ácidas são sinal de uma causa infundada.]


- sobre a força do substantivos e a fraqueza do nome próprio.

E ainda sobre sorrisos sarcásticos e vazios, porém compreensíveis e sedutores; a babaquisse exacerbada da ironia e a moleza estéril dos corações estudantes de letras que a procuram em livros de papel.

[1, 2, 3 livros de alma para você, nesta data maldita.]


A beleza da literatura não está no sentido e na construção frasal, nem na vida brilhante do autor e seus amigos intelectuais. A literatura não é uma foto do Ginsberg e seus colegas de faculdade em um álbum da orkut. Literatura não é blog, não é historinha que vira cinema. Não é tendência e nem estilo. Literatura simplesmente NÃO É. Literatura é isso de dizer o que é e depois dizer que não é.

>>>>>>>>>>>Escrever é ser contraditório, é ser binário, é ser cérebro e alma em cinco linhas. Literatura é metáfora. É breguisse exacerbada. É folha, imagem, corpo. Magnetismo estético. Apagão. Dor. Deleite. <<<<<<<<<<<<<<<< <<<<<<<<<<<<>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Minhas palavras nunca fizeram sentido, mas escrever me faz sentir. Me faz sentir o sol mais forte e a música mais alta. Rilke era a favor da valorização suprema dos acontecimentos interiores, tanto na vida quanto na literatura.

CONFISSÃO@
the pretty kind

Eu confesso que já fui mais apaixonada pelos meus sentimentos; como uma boa mulherzinha, não me apaixonei pelos homens, mas pelo AMOR. Sou totalmente apaixonada pelo amor e por tudo mais que me arrebate, mesmo que seja batendo na cara e fundindo a cuca. Meu ardor pela violência passional acabou superando minha valorização do amor. Eu perdi o amor. Confundi tudo. Me apaixonei pela beleza, pelo deleite estético que nos proporcionam os jovens de corpo e coração. E paixão não é amor, não é preocupação; é carência. É querer para os nossos próprios olhos tudo que de mais belo há, é um desespero pelo toque do objeto adorado. É brega, arrebatador e passageiro. É um engano, uma trapaça da futilidade humana. Ah, c'mon, a beleza está nas mãos que lavam a louça, nos ouvidos que escutam com o peito, nos dedos que seguram a vassoura e não um ramo de flores do campo. A sedução é tão, tão vazia que machuca. Os sedutores não escutam com o peito, não varrem os tapetes, não compartilham fraquezas. Escamoteiam a sujeira. O maior problema do sedutor é que ele precisa parecer forte e belo o tempo todo; todos os seus movimentos são caclculadamente sensuais e despretensiosos. O sedutor se alimenta da farsa, dorme e acorda com ela. A sedução e a paixão não possuem alma, só egoísmo e prazer fugaz-carnal. Ok, elas podem ser úteis em algum momento da vida, mas o problema do sedutor é a sua tendência de super-valorizar esses eventos, de construir o ego em função da eficácia de seu poder de atração e agir como se fosse completamente alheio ao próprio poder, que julga natural. O processo de desapego do apaixonado só se dá quando este percebe o quão fake foi o processo inverso, ou seja, o da paixão. As estrelas e a lua exercem um poder natural sobre os humanos, mas somente elas, somente elas e o oceano e o mato e, em alguns, casos, a música e a arte. Mas um humano jamais exercerá um poder 'natural' sobre outro. Os humanos são tão ardilosos quanto as palavras, e tão pretensiosos quanto a literatura. A alma está lá fora, no extra-humano-dentro-de-nós.

Nossa necessidade de 'parecer' vence qualquer impulso de 'ser' ou 'sentir'. Por isso, prefira morar na filosofia, e não rimar amor e dor. Caetano sabia das coisas.

Sex appeal é lixo. E lixo é uma boa palavra.