Dienstag, Februar 20, 2007

Babel

Um tanto cansativa essa safra já molenga de filmes ao estilo "E.U.A, nosso maior inimigo". Um retrato da época é o diretor Iñarritu, um mexicano obsecado por uma mescla de acidentes, sangue e sofrimento, que acaba compondo um tipo bem conhecido de filme; apegado à construção de cenas um tanto apelativas (ajudadas, em geral, pelo molho de tomate), com o principal objetivo de resolver a ansiedade de estímulo. Contudo, Iñarritu é considerado um verdadeiro "crítico social", usando como matéria prima de sua obra acidentes nos quais os "pseudo-culpados" são sempre mexicanos ou assemelhados prejudicando norte-americanos da alta sociedade. Somam-se a isso as cenas entediantes, porém fotograficamente trabalhadas de forma magistral, de sofrimento e sangue das personagens norte-americanas; sangue e sofrimento suficiente para torcermos por elas até o último segundo do filme, quando percebemos que mesmo sem a nossa torcida os norte-americanos sempre se saem bem e ao tempero final-cinderella. E percebemos que os pseudo-culpados de cabelos negros nem eram tão maus assim.
Iñarritu já tinha dado o recado nos dois filmes anteriores, mas preferiu fazer um terceiro mais-do-mesmo e depois chamar de "trilogia". Inusitado mas pertinente, quem sabe, lembrar Antonioni, que usou na década de 60 o mesmo recurso em sua "trilogia da incominicabilidade", mas foi sincero o bastante para assumir sua futilidade existencialista, bem diferente de pretender prêmios provavelmente envolvidos com a máfia em cima de "preconceito" em filme de 25 milhões de dólares e com um galâ quente para cada nação envolvida. Despretensiosos e bobalhões, os melhores filmes anti-racistas que existem continuam sendo as comédias da sessão da tarde com o Eddie Murphy. E as melhores produções mexicanas continuam sendo as novelas sobre preconceito estético ao estilo "Topázio", a cega deslumbrante.

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