Freitag, Februar 16, 2007

Matoso

Matoso era um neurótico, o que significa alguém cujas emoções intrínsecas do espírito se movem de tal forma que nelas uma força interior tida como "superior" domina outra entidade interior; essa outra entidade, por assim dizer, corriqueira e manipulável, mas também movimentada por obsessões ligadas ao narcisismo em seu sentido mais contemplativo conformado.
A Força Superior Interior agiria em Matoso (hoje) como uma força superior repressora que compensaria a falta de autoridade do pai durante o seu crescimento como indivído. A falta do pai na infância, especialmente em situações nas quais a criança não tem como sorrir sem um pai ao lado - confie, você nunca verá uma expressão feliz de uma criança sem os pais nesses quase estados de urgência social completa (ex. festinhas de final de ano no colégio, natal, dia dos pais)- fez dele, além de um filho único que amadureceu solitário e triste (longe da janela temendo as abelhas no sétimo andar de um prédio de apartamentos de 1 quarto onde vivia com a mãe), uma vítima da doença; a autopunição.
Em seus sonhos, Matoso via-se a enfeitar bolsos acoplados a roupas de bichinhos de pelúcia, além dos constantes pesadelos com laranjas e nascer do sol. Os elementos infantis teriam sido escolhidos (criados) pela Força Superior Interior (ou Força Exterior Repressora) para mascarar os objetos realmente desejados por Matoso, evitando assim torná-lo um homem angustiado.
Imagens primitivas como todas aquelas relacionadas à recreação, alimentação, vida e morte; estes elementos não chegavam a causar angústia nem ao menos durante o sono, ou seja, os desejos foram totalmente censurados pela Força Superior "Pai Ausente Compensado" Interior.
O sonho angustiado, como não era o caso, já seria uma libertação da neurose, ou seja, a própria angústia. Matoso, como doente neurótico, estaria na realidade se punindo ao censurar seus próprios desejos através de uma construção mental particular e repressora da figura paterna. Nunca na vida o pai o havia presenteado em datas comemorativas, que dirá surrá-lo com uma cinta de couro quando batia na mãe. A punição é uma espécie de alívio; podemos pensar, por exemplo, no alívio como uma "diminuição de peso" e na punição como "cumprimento de pena"; à medida que se cumpre a pena, o peso (meses, anos) diminui. E, desta forma, podemos afirmar, enfim, que Matoso, sonhando com metáforas infantis/ engolidoras de desejos/angústias pela imagem mental paterna, satisfez sua necessidade de encontrar a verdadeira cinta de couro interior; que para sempre o curou dos desejos sexuais narcisísticos prejudiciais transformando-os em buracos de tecido e enchimentos de algodão.

1 Kommentar:

em desconstrução hat gesagt…

traste triste.
de fechar a porta pra sempre.