Montag, März 24, 2008

toque, T.O.C

"Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada"
(Hilda Hilst)


Não focarei meu discurso nos ouvidos sem-rua, nas almas entre paredes de cinema-shopping-center. Não direcionarei minhas palavras aos cegos de ouvido nem aos surdos de olhos. Não me excluo de tamanha escória, sei bem a qual mundo pertenço, esse dos mortais virgens em poder de atração, esse dos que deitam a cabeça na fronha macia para escutar o fabuloso conjunto das almas desavisadas. Shivaia, jah rastafarai, crucifixos ou botons dos Beatles, tanto faz. Estamos todos aqui e não queremos atender o telefone nem a janelinha laranja do msn; deixe tocar, deixe piscar, deixem em paz.

3.

2.

1......


Um escritor deve conhecer bem seu personagem, por essa razão, o melhor personagem que desenvolverá ao longo de seu ofício é normalerweiser ele mesmo, mas nem sempre. Pois e quando o homem apenas se estranha e não se entranha? Como faz?

Será o segredo nada mais que um livro de auto-ajuda?

O domínio dos pensamentos e, consequentemnte, dos personagens, me parece uma faculdade não intrínseca às minhas habilidades. E será mesmo que as tenho? O segredo, ao contrário do que a maioria panfleteia, não é acreditar; é afirmar e repetir. De preferência em Capslock, pois 'letras garrafais' é coisa de bêbado, e o vício é inimigo do segredo. O segredo é matar no cansaço e andar de pés descalços; é errar hoje crendo acertar amanhã e errando de novo prosseguir. O segredo é mentir; para si mesmo, para os outros e sobre os desejos. Vamos falar sobre as mortes que morrem num livro do Tolstoi, sobre as angústias por um final que sempre há de acabar antes de de se consumir, ou consumar. Mortes consumadas são mortes mortas; tudo que morre já não é. Vamos falar sobre quase-mortes; inquietações rubras amareladas em rostos enrugados que me lembram o meu coração; as obssessões mofadas das minhas palavras, o bate-tranca-arrebenta do meu ritmo.

Conhecer bem o meu personagem; força-tarefa. Aquele a quem mais conheço... estaria ele na sala de jantar? Estaria ele sentado ao meu lado na praça pública alimentando as pombas? Será este personagem; aquele que mais conheço em todo o vasto mundo, aquele que adivinho as dores e as surpresas; será ele este inquilino do meu corpo ou o visitante da cidade mais longe de todo este mesmo vasto mundo? Seria esse mundo sempre o mesmo e sempre tão vasto? Não posso responder com outras palavras

a não ser:
não sei,
não posso,
não consigo,
não faço,
não aconteço.

A concentração é uma adúltera e o desejo, umdes-gosto.

(esse final não teve

nada

a ver
com o início,
mas terá

a morte
a ver
com a vida?)

Ó, seja quem fores, divina revelação, me salve dessa reflexogênica talking head!

turn off.

me faça praticar esportes.

e beber muita água.

[No fundo do poço, só a bola plástica importa

OU

Na tristeza, only bullshit matters.]

Nova
mente
A
deus