Sonntag, März 16, 2008

Come to my sadness!

Vem pra cá, me diz o que dizer, como faz? Como dorme, respira, come? Como entende, mastiga, sofre? Só quero o doce do lugar onde moro mais que fico, onde durmo mais que acordo, onde bebo mais que nado. Nada, nada pode sair como entra, em entradas de mofos e gostos e suores. Em opacos coloridos de verdes idéias em conserva. No luto do eterno, me vingo, me esforço, me bato. Tapa na cara, beijo no coração. Indiferença, medo, relíquia. Tu é minha relíquia. Então vem pra cá, pára de fingir que finge, que morre, que afoga. Me afoga, me afoga nos teus braços de carne morna e macia. Me abraça nos teus hormônios cheios de fugas e espingardas. Agora tira o chapéu e me mostra a tua careca. Me diz que perdeu o cabelo e a razão, me diz que entende esse engasgo que não deixa nada sair. Me diz que entende esse sufoco de portas abertas para a entrada sem saída. Me diz que entende, que eu não preciso falar, me diz que foge comigo pra lua mais próxima. Uma, duas, cinco quadras de distância? Voa? Vou, vou contigo nesse balanço de melodias novas em ouvidos cansados. Vou contigo nesse banho de ervas que cortam a mágica dura. Duro, empedrado é meu coração de pessimismos fartos. Maciço, pesado, é meu coração de adeuses adiados. Vazio é meu sepulcro de mortes temperadas com azeite. Azedo é o cheiro do gosto do susto. Morro, morro a cada dia na montanha escorregadia dos meus sentimentos. E amo, amo esse te querer demais pra me deixar levar em injeções de tristeza na veia. Tristeza não dói, o que dói é a vida. Eu deixo.