Dienstag, November 27, 2007

monotonia glacial

SOBRE O INCÊNDIO E A ÁGUA:

O gelo,
o fogo,
o fogão a gás
e os antibióticos.

O rio,
o vento,
as nuvens.
A natureza
do sangue.

Querido diário,

Meu teto está torto ou talvez tenha estragado, nunca se sabe. O ar está quente e em posições abafadas encontro em mim mesma a grade de respostas, em branco. Do alto, próximo às estrelas mais baixas, cai uma borracha. E adivinhe, bem no meu telhado. A borracha é importante para que eu não me perca em desejos mortos. Os mortos lambem pedras adocicadas de moral duvidosa e por isso não há sentido em se deixar levar por cruéis certezas, melhor perder-se em dúvidas bondosas. Se eu encontrei a saída do labirinto, foi da porta pra fora, e só agora vejo o quanto um erro mortal pode ressuscitar pobres acertos. Não te compreendes? Não me importes.

Tudo é corpo.
Estranhos e íntimos.

Na minha barriga criam-se moléculas que se renovam de quinze em quinze minutos. Meu cabelos já não crescem mais perto de ti e nem minhas mãos continuam tão faceiras de carinho.

[As mãos crescem no planeta das sensações 517; são elos fracos e sinceros, que procuram apenas um instante de suspiro ouvindo guitarras distorcidas. A busca cega, não pense que te compensa, pois não te roga pragas nem promessas, simplesmente não existe.]

Desiste.

( )


O que não existe não há nada igual.

(0)

Querido professor,

Tanto faz se entendes o meu mundo de tua maneira ríspida de julgar o desejo. Tão importante quanto as pedras de dentro é a nossa posição nesse planeta cercado de montanhas rochosas; o isolamento não é tão puro quanto cósmico. As pedras de dentro me atravancam e jamais chegarão a ti, por isso, não te preocupes, concentre-se no movimento das placas tectônicas. Devo confessar que jamais me senti tão serena como nesta banca de palavras e ausências que renovam sentenças a meu favor. Digo, sentenças falsas.

[]

[ ]


SOBRE OS CONTORNOS:


Reto como uma parte de pele rasgada em triângulos. Já não posso acreditar em pontas, mereço uma geometria completa. Já não posso falhar em escolhas que me escapam como ladrões de sonho em quadrados. Redondos? Temos sido nós dois até agora, como que perdidos num círculo que, como todo o círculo, não leva a lugar algum. Mentiras confortantes não me interessam. Obrigada, tenha um bom dia. Um ótimo fim de semana. Não esqueça de lavar os azulejos, eu os deixei na porta de casa, de onde nunca saíram.

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Querido Examor,

Tortos como as varetas de uma sombrinha quebrada são todos os sentimentos efêmeros. Insignificante como um pingo de chuva na testa pode ser o momento da libertação; quando a piedade pelos mendigos desabrigados substitui o fascínio pela tempestade.

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