Dienstag, Januar 23, 2007

always shit!

Vontade de comer queijo mas, pense bem, adultos não precisam de leite, o leite é uma caloria vazia, gordurosa, o leite dá colesterol, e só. Vontade de tirar fotos mas, pense bem, suas fotografias não tem função social, hoje em dia a única coisa que importa é a criatividade, entendeu bem? CRI- ATI-VIDADE, mas não, eu não vou entrar nessa, eu realmente quero ter algo a dizer ao invés de fotografar pés em ângulos nunca antes explorados. Quem sabe, meter medo em algum adolescente desavisado emprestando um DVD com o seriado Twin Peaks. Quem sabe distribuir muitas cópias deles pelos corredores das universidades burocráticas com seus alunos burros (nossa, essa frase ficou tão clichê, vazia e sem função social, e a arte está tão morta e o artista bom é o artista bem quietinho, who knows.).
LUTO
Eu declaro luto rosa-pink para os que acham que eu escrevo coisa de mulherzinha, eu declaro luto laranja para os que com 40 anos apodrecem em suas casas dormindo na sala com a televisão ligada no canal 12 ou os que mofam fedendo a coca-cola com seus detestáveis 20 anos e canal 14, e os leitores de David Foster Wallace rejeitando a porra da televisão pra assistir algum filme gravado toscamente por um amigo de 50 que ainda anda com adolescentes. Eu declaro luto pela blusa de flores suada depois de trabalho e amigos e línguas e cervejas que não descem mais. E essa vontade de comer queijo, essa vontade de comer queijo que me sobe pelo esôfago ardendo e implorando um copo de suco de goiaba, del valle, por favor. Enfurnada nesse trabalho intrapsíquico de elaboração da perda da emoção que sentia ao ouvir Renato Russo dizendo que sente mais falta daquilo que nunca teve eu penso que um queijo, afinal, não resolveria meus problemas e, tampouco, minha fome.
O esôfago, não sei se é o esôfago, mas algo entre a garganta e o estômago reclama frutas, vegetais, ar puro, nicotina zero. E o coração, não sei se é o coração, mas algo entre a cabeça e os pés reclama aventuras, independências, intimidades. O íntimo é o que há de mais profundo em alguma coisa ou em nós mesmos; pode ser também, ou ao mesmo tempo, algo tremendamente secreto. Logo, o que há de mais profundo em nós é um mistério que, "se" e "quando" revelado, é a entrega total.
[SECRETA é a oração que o padre diz em voz baixa, antes de começar a missa, ou pode ser também um produto de secreção elaborado pelas glândulas.]
O importante é que, ainda que a intimidade seja a troca de pequenos segredos, o segredo sempre será aquele que jamais pode ser revelado, logo, a inimidade é uma ilusão; uma ilusão no sentido PALPÁVEL mas, no entanto, tão bonita de se ver, sentir e ouvir. Como diria Fernando Pessoa, o olfato é que vale. Ou seria o tato?
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João olhou Maria pela janela do banheiro enquanto ela defecava, Maria vislumbrou o rosto sorridente do namorado no canto do espelho e ficou constrangida; não por João estar assistindo seu ato tão íntimo de cagar e sim por não saber como se comportar na frente do ser amado enquanto caga, como diria o Kid Abelha, ninguém ensinou na escola. Então Maria escondeu os seios nos braços que agarravam as pernas em posição de cócoras e disse algo aleatório com intenção de demonstrar leve e natural conforto ao mesmo tempo que sentia que João jamais a amaria da mesma forma. João sorri e desaparece do canto do espelho, Maria pressente; levanta da privada debatendo mãos no papel higiênico enquanto o barulho dos passos de João ficam cada vez mais perto, ele está dando a volta no corredor.
O corredor é um momento de transição; o elevador, um símbolo do ato sexual.
O ruído da descarga. João abre a porta do banheiro. Então temos ruído da descarga. Então temos Maria enrolando-se na toalha e o olhar dele, como que sabendo que aquele momento não era o de convidá-la para uma trilha ecológica, ou para um almoço no Shopping, e não era hora, mesmo para um olhar do tipo "calma, isso não foi nada demais, já vi outras cagando, eu gosto"; Maria não sabia o que fazer, não sabia o que dizer , afinal, nada tinha mesmo acontecido, e foi isso que ela pensou enquanto ele sorria aquele mesmo sorriso do canto do espelho tentando agora decifrar ainda mais de perto no fundo da pupila misteriosa de sua amada seus mais secretos e fedidos contrangimentos. A reação. O olhar da reação, as mãos da reação, o sorriso tímido ou vibrante da reação. É só o que queremos, always. Shit.

2 Kommentare:

G hat gesagt…

teste

Anonym hat gesagt…

A Maria é daquele tipo de pessoa que quando vai ao banheiro fazer coco tira toda roupa?