"Barrio... barrio...
Que tenes el alma inquieta
De un gorrion sentimental."
Gardel cantava lá dentro.
Então entrei no carro e pensei, esqueci. Esqueci de tudo. Há pouco tempo tão atormentada e agora entregue aos próprios sentimentos, dos quais queria fugir mas não conseguia, acabava sempre voltando a este estado letárgico de relaxamento vulgar. Digo vulgar mas não desprezível. Tanto faz amor ou terapia, rock ou tango. Tanto faz frases insanas. Tanto faz cultura ou chapinha. Maestro ou contrato. Agonia ou violeta. Julho ou Janeiro. Marcelo ou Paulo. Tanto faz dormir ou acordar, desde que não tentem viver a minha vida. O excesso de zelo é pior que a paranóia, assim como o dicionário é mais confiável que um rolo de papel higiênico. Gosto do que em cinco minutos não lembro mais. O que mesmo eu ia dizer? Gosto do que me escapa aos pensamentos. Ah, sim, ia dizer que gosto de fotos com lixeiras na cabeça e bonés cobrindo a ponta fechada da lixeira. Entendem a ponta fechada da lixeira? Digo, o contrário da BOCA da lixeira. Eu nem mesmo sei do que me alimentar em dias frios. Como um urso sem as patas. Nem mesmo sei das repetições ou ritmos ou viradas de ano na praia. Eu gosto da buzina escorrendo em avenidas cheias. Da música vazando em jatos de álcool nos bares. De simulacros da Famecos. De arte redonda e frouxa.
Mente.
domina minha mente.
Cantaria Kid Abelha essa rima?
Não, fui eu mesma. Tanto faz obrigada ou desculpa.
2 Kommentare:
tanto faz em pá ou deitada?
puta ou fada, adúltera ou santa, assassina ou padeira?
tanto faz frio ou fronteira, contato ou espaço, barco ou dança?
tanto faz?
se tonta ou se se faz?
tanto faz em pá ou inchada
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