Querida Putiniko,
Desde a chegada da quarta lua não consigo estabelecer nossa conexão, mas essa não é a pior parte. As flores sintéticas murcharam como bochechas velhas e o ar está como que rarefeito de entranhas humanas. O cheiro que emana da superfície me lembra teu chulé; já não consigo dormir no desconforto da nave pois ela roda em ondas côncavas e não convexas. Ainda carrego teu rímel comigo e me ajoelho perante ele nas noites sem água. Começaram ontem a borrifar, junto com a lua. O ritmo parece um tanto desordenado mas eles acabam sempre acertando. Entretanto o que eu queria mesmo te contar é um tanto mais assustador. A Terra é oca e nós vivemos no meio e não na superfície, como supunhamos. Ontem quando desligamos a rádio as superfícies de contato se grudaram todas. O nazismo, a estético, o super-homem e a Terra. Não estamos na borda, estamos a bordo. A bordo de uma imaginação não utilizada e que reclama ouvidos multifacetados. A bordo de um lapso-colapso morno e fétido (quando me alimento, me culpo e me absolvo em goles de demência). Meus olhos agora dormem, acredite. Estar aberto não significa absolutamente nada. Vivemos em uma época por demais distante dos Deuses para nos acreditarmos sábios, cara Putiniko. Vivemos numa era por demais afastada dos Gigantes. Hoje conheci um deles, se chamava Robson 314. Há 12 mil anos Robson 314 não conversava com um intergalático, e não pareceu agradecido. Impressionante como os gênios não podem ser compreendidos, por intermédio de tal vã conclusão passei a acreditar em ti de novo. Jamais duvidarei de teus dotes culinários novamente. Beijos e me liga.
2 Kommentare:
tocou a borda, bordou teu nome e esbravejou à bordo cuspindo bravatas pros meus beijos
eu quis dizer lindo
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