Penso no céu como um lugar onde são necessários "contatos" para que a entrada seja permitida. Entrada ou passagem?
"O céu sobre Berlim" ou "Asas do Desejo" foi onde tudo começou; o início é o fim de um fio condutor de pensamentos emaranhados que tiveram início no cheiro da grama que vinha da minha boca. O jardim de concreto (versus) a cama; eis a batalha dos aflitos.
É imposível não ser pessismista quando se pensa que vai chover e chove, ou quando se pensa que vai chorar e chora. Estava eu pensando entre uma parede e outra mais duas de cada lado ou, pensando horizontalmente, entre a cama e o jardim de concreto, afinal, toda luta do ser humano é entre a preguiça e as grandes cidades, ou seja, entre o instinto animal voltado ao prazer e a evolução robótica urbana.
Quando tinha 15 anos me perguntaram se eu nunca havia atentado ao fato de que todas as pessoas que eu admirava nos filmes estavam mortas; na ocasião, o filme era "Casablanca" e, de fato, eu nunca havia pensado sobre o assunto.
[Isso me lembrou uma cena de "Asas do Desejo", ou melhor, um parágrafo da legenda: "O tempo cura... Mas... E se for o TEMPO a doença?"]
Hoje é uma daquelas noites em que se sabe que vai chover e os mosquitos te devoram enquanto outros te distraem com barulinhos no ouvido pois os mosquitos, assim como os homens, trabalham em equipe. Enquanto uma parte do grupo te aniquila, a outra canta para te amortecer.
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Deixe sempre um Scrap para os mortos.
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Quintana disse que nunca escreveu nada que não fosse uma confissão; Quintana está morto como Borges, que está morto como atores de "Casablanca". Os filmes são um acessório do meu investimento pessoal e não o contrário. Lamento, mas não usarei o Google para expressar meus sentimentos.
Os grandes artistas estão mortos e os novos acreditam que a teoria e a "História" podem ajudar. Mania acadêmica vomita spaghetti mastigado com cenoura.
[Artista que é bom não tem blog]
7 Kommentare:
"artista que é blog não tem bom;
blog que é bom não tem artista."
não, não respiro desse jeito. a melancolia me é grande aliada. uma tristeza feliz, sei lá que é que me bate, mas talvez seja de ter crescido gostando do frio e depois perceber que o vento sempre esteve aí - e hoje que aprendi o calor e o bom do sol não perdi essa outra coisa. não. de sentipensar que quando se pensa que vai chover e chove, quando se pensa que vai chorar e chora, é tudo uma grande felicidade. é Tao.
mas não se aprende muito de uma força indo contra ela. o maior aprendizado é um deslocamento, é um dar caminhos. não devo te dizer muito te dizendo isso. mas te digo que se as coisas batem assim talvez elas tenham simplesmente algo de certas. e talvez isso valha um suspiro, uma ligação, um abraço e, se a gente tiver sorte, um sorriso.
quer saber de uma coisa? a gente não morre uma vez só. "uma morte para cada vida... ou mais." tampouco vivemos uma vez só. e não é de desencarnar e voltar (não tenho espiritualidades prontas, aliás, acho a categoria o contrário do espiritualizável). mas esse corpo aqui vai ser outros agora mesmo, querida. que eu morro muitas vezes nessa vida. e é sim uma delícia respirar depois disso, e sobe Kundalini pelas costas como se a gente abrisse asas e saisse por aí uns palmos acima do chão!
ou o Galeano dizendo que na frança é à culminação do abraço que chamam de "pequena morte". "e quão grande seria se, ao nos matar, nos nasce."
um supiro.
dois.
um beijo.
(e, se a gente tiver sorte, um bom e belo sorriso...)
Os filmes, Casablanca, Shane - é legal também pensar o seguinte: se os atores estão mortos, suas personagens não estão. Estão ali, mais vivas que nós, na tela. Pequenas vitórias do Bem: alguns sentimentos muito bacanas circulam entre esses seres imateriais e puxam com eles os nossos sentimentos tímidos, inarticulados na maior parte do tempo. Shane se sacrifica por uma família desconhecida, por amor a uma criança, um garotinho. O cético dono de um cassino em Casablanca sacrifica seu grande amor por um ideal maior e seu gesto altruísta contamina um cínico chefe de polícia que lhe dá cobertura. Esses personagens, queiramos ou não, já habitam o paraíso. Nós, um dia, talvez.
Eu uso!!!
Eu uso tudo para expressar qualquer coisa, sem conceitos, sem noção, sem regras nem princípios.
Não, eu não tenho caráter.
Senti saudade! Acredito que o tempo dos mortos já passou! jantemos uns aos outro!
Beijo
Ian Curtis is dead.
E foi o suicídio com com a consequência mais bizarra da História; a avalanche de ratos mortos em Manchester.
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