Dando uma olhada ontem numa revista "Pais e Filhos" de 70 e poucos descobri que os filhos caçulas (segundo a concepação da época) são menos bondosos que os mais velhos, pois esses acompanham a gestação da mãe e podem compartilhar o sentimento de "cuidado" que a mãe tem com o irmão mais novo, segundo a revista, isso asseguraria a "bondade" da criança. Outra coisa interessante era a colcha Paxi Concilix, que tinha ondas tão bonitas no bordado que você sentiria vontade dormir com ela, mesmo ela não sendo feita para dormir (sim, a propaganda dizia bem isso), mas o anúncio mais hilário era o "Prove que você confia na sua mulher, abra uma conta conjunta", e logo depois eram indicadas as vantagens da conta conjunta, como por exemplo o fato de que depois dela "sua esposa poderá pagar ela mesmo, direto o banco, contas de água e telefone".
As revistas sobre relacionamentos familiares pareciam fazer mais sucesso nesta época, não sei qual o motivo, mas me parece que havia uma tendência de busca por doutrinas e ensinamentos; "como passar uma camisa de homem" (não decorei, eram mais de 5 passos), "como cozinhar sem fazer sujeira" (pegue um daqueles sacos de supermercado e coloque dentro de uma panela, depois descasque os alimentos e coloque a cascas na panela ensacada, depois é só colocar o saco no lixo, sem maiores sujeiras). Havia títulos de reportagem sobre adolescentes precoces do tipo "elas estão aprendendo tudo, e agora?". Enfim, uma figura do que foi a consolidação da liberdade sexual junto com dicas sobre ferimentos com cacos de vidro e resenha do "novo disco dos Mutantes", diversão pura. A melhor fotografia era a de uma noiva vestida a caráter em cima de uma bicicleta no meio de uma estrada, a mina tinha uma cara total de desespero moldada por cabelos anos 70 e a reportagem era sobre as desilusões do casamento, com o subtítulo "relacionamentos que começam sob uma base falsa normalmente acabam sem explicação".
5 Kommentare:
Na vez em que trabalhei em um sebo, sempre lia as revistas Cruzeiro que ficavam jogadas pegando pó, e eu achava muito engraçado exatamente o que tu comentaste aí; escritos e fotografias geralmente inocentes sobre e emancipação feminina. Só que era notável a reprovação da sociedade e o medo das pessoas ao perceberem que as mulheres estavam saindo de casa para trabalhar e não mais para comprar o almoço. Já a revista Manchete, que também tinha no sebo, se preocupava mais em ficar fofocando da vida dos famosos...
Bjos!
eu fico igualmente espantada lendo revistas atuais tipo "Nova", que me parece, basicamente, uma cartilha de "como satisfazer seu homem" ensinando desde "truques" domésticos a sexuais :T
"ele vai ficar louquinho!"
"10 truques para virar craque no sexo oral"
E eu acredito que os depoimentos são todos fakes.
As Manchetes antigas que tenho aqui são lotadas de Vera Fischer e Luciana Vendramini.
haha
essa do sexo oral eu ri mto lendo :P
Dúvida existencial:
se você é filho único e não é, porém caçula, qual a classificação da empreitada?
Ou, tradução duma sentença mal-feita, ser filho único com uma irmã mais velha, o que isso significa?
...
De qualquer jeito gostaria de salientar que uma moça que cozinha é inumeramente superior as outras. Esse tal feminismo está fazendo um tradição muito boa morrer, a das boas cozinheiras herdeiras da vó. Não é superficial isso, eu mesmo sou capaz de fazer um prato ligeiramente aceitável e suculento, como um... (não conto aqui). Mas você verá um dia. Sentira o sabor. E se arrependerá de tirar sarro dos anos 70 (sim, meu início de adultismo frustrado por viver nesse maldito sem-tempo do século seguinte) e não aprender as boas maneiras. Veja os 70: cine ótimo, música ótima e anúncios ruins (em 2030 a publicidade de hoje será tão engraçada quanto as pin ups anunciando sopas).
...
Bah! minha gaucha imaginária, sempre bom ler seus textos. Duro é comentar... mas isso fica pra depois.
Tá chovendo agora.
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