Lamento informar que estou, do fundo de meus olhos cansados, envolvida. Lamento que isso não possa ser determinado como constante ou sólido. Mas a maciez é o valor intermediário de todas as relações; a maciez é tudo de mais sutil e profundo, é como as coisas deveriam ser, todas elas; macias. As relações de amor deveriam ser macias, os empregos também, para que o amor mais de dentro pudesse voar até a floresta mais de fora em cima de um tapete. Sim, como me irrito com essas metáforas, gostaria de falar sinceramente com vocês mas, sabe como é, um blog e tal, ficamos tímidos. Criamos imagens. Apagamos sentimentos verdadeiros com conceitos de validade vocabulária. Mas o que eu sinto, se é que ainda consigo dizer, é que eu gostaria muito de continuar escrevendo aqui, escrevendo mais e melhor, só que percebo que estou decaindo, e não posso mais suportar o fracasso, por mais que ele endureça. Preciso acreditar que a vida é macia. Agora escrevo simplesmente por querer que as horas passem e eu tenha de novo em minha pele o toque de lençol lavado contido em algumas pessoas. Estou aqui por não querer estar. Estou aqui em busca de algum tipo de reconhecimento. Sei que estou. Me vejam, me leiam, me desejem. Fiquem aqui comigo. Se eu contar toda minha vida vocês ficam? É mais ou menos por aí. Mas não vou contar. É tudo meu, só meu, e é macio. Macio como cabelo de criança e casaco de veludo. Mas eu juro que queria continuar aqui, dando a cara pra bater protegida pelo escudo pós-moderno de plasma. Mesmo sem contar nada sempre há o que se falar. Mesmo sem beber nada sempre há o que amar. Será?
Existem coisas que só podem ser expressas pela literatura, e são delas que o autor deve se ocupar. Não seriam, essas coisas, o inexprimível? O verdadeiro escritor deve ter calma e paciência para desvendar os mais obscuros sentimentos e revelá-los às palavras. Eu não tenho calma e paciência. Não acredito no mexe-mexe sensual das palavras e sim no mex-mexe caótico do coração. Os obstáculos sempre me chamam, me convidam a fazer parte deles e eu aceito. A literarura pobre e fragmentada talvez venha mais daí do que de outras substâncias. O caos que se organiza pelo caos é a pressa e a pressa é o maior obstáculo do artista. Por favor, me tirem daqui, me dêem um copo de água e me digam que ainda vou evoluir, quem sabe pagando o preço de uma universidade particular para aprender o uso correto dos adjetivos e das imagens criadas pelas frases com um autor menor latino-americano. Eu sempre me engano, mas a desorganização só pode estar certa, não existe outra alternativa. Não é uma questão de fazer as coisas certas e sim de evitar as erradas; fugir do erro é o certo e o erro é uma abstração, logo, fugir das abstrações é o rumo certo, sendo o certo também uma abstração, chegamos a lugar nenhum, só para não perder o costume. As lamentações também não tem um final, e isso é totalmente atribuído a minha incapacidade literária. E eu amo vocês, por mais bizarro que isso possa parecer, mas é como aquele livro do Neil Gaiman; dedicado a alguém que ainda não nasceu mas que o autor sabe que sempre esteve lá, ou ali. Aqui, jamais.
3 Kommentare:
blog solitarios..
hmm..
as vezes
bom, gostei
:**
Eu gosto daqui. Eu poderia te dizer qualquer coisa para te convencer a ficar e não sentir tudo isso que tu sente, mas teus argumentos estão realmente completos e irrefutáveis.
"...fugir do erro é o certo".
No creo, flaca. Você não pode fugir dos erros, apenas deve cometê-los e despues dizer - com poupa e circustância - eu já sabia.
Eu disse "pompa".
...
Quanto ao resto, belo. Quanto a paciência, me ensina. Alias é da falta dela que resulta a vida nessa cidade que vivo, a literatura que se faz (ou as tentativas dela), a música esquecida. Paciência é um tempo interno, mas ainda não sei como cultivá-la, se pudesse jogava na terra e regava pra ver crescer. Mas a planta parece seca ou morta afogada, falta encontrar a medida adequada entre o ruído e silêncio. Mas, enfim, sempre achei que a graça é a busca.
...
Conselho para qualquer momento - "distraídos venceremos".
Estou começando a acreditar em Deus e ele tem o primeiro nome de pescador e o segundo com a terminação científica "inski".
...
No mais não teima, escreve. Vai?
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