Samstag, Dezember 16, 2006

Welcome to the new flesh!

[VIDEODROME 1.filme de Cronemberg que mesclou com louvor as mentes assassinas de "Scanners" e o furor sexual-mortal de "Vício Maldito" e ainda conta com a participação de Debbie Harry, vocalista do Blondie. 2.programa de TV supostamente cancerígeno.]
"A palavra do vídeo transformou-se em um pedaço de carne"; a televisão injeta tumores que causam HELLucinations do tipo guardar pistolas na barriga e sentir palpitações ofegantes da mulher desejada em caixas de som, aparelhos de ar-condicionado e fitas VHS. A realidade da imagem é mais forte do que o caos do corpo, humanos são executados como reprodutores de imagem; pause, play, stop.
Uma pausa é uma breve interrupção e a interrupção é um breve cessar da velha carne; fedida, suada e mole contra a nova flesh tenra como um robótico caçador de promoções no mercado.
the new flesh is tough as nails. red nails versus black nails? Black or White? Back to the Back; from your Head.
Michael Jackson é a nova carne.
A nova carne é uma ilusão sem cor, sem nariz e sem valores familiares, com muita maquiagem. A nova carne não sente o CHEIRO; indício de violação e fomes, na linguagem figurada, um vestígio ou uma aparência.
A NOVA CARNE BEBE CEVA
A CEVA é um processo de caça ou pesca que consiste em lançar, periodicamente, no mesmo lugar, os alimentos preferidos das presas, para depois surpreendê-las nesse mesmo local.
[ainda sobre o céu]
os anjos vêem a nova carne como crianças.
"Als das Kind Kind war, wußte es nicht, daß es Kind war, alles war ihm beseelt, und alle Seelen waren eins."
[Quando a criança era criança, não sabia que era criança, tudo a inspirava, e todas as almas eram uma.] - Wim Wenders, 1987, em "Asas do Desejo".
2007. Passados "Fahrenheit 451", "Asas do Desejo" e "Videodrome", é possível estabelecer uma conexão entre uma sociedade em que os livros são queimados para que sejam evitadas personalidades introvertidas e proclamada a comunicação fútil entre as ovelhas do rebanho de robóticos caçadores de mulheres no trem, e outra sociedade em que o vídeo transforma a transmissão de sexo, violência e tortura em ondas cancerígenas para mentes amorais; a morte do livro como instrumento de silêncio e depressão, a vida paplpitante do vídeo que institui os monólogos de um morto gravados em fitas VHS como a nova vida, ou a nova carne: "Meu pai sabe mais sobre isso do que eu, escute o que ele tem a dizer", diz uma personagem de "Videodrome" estendendo uma pilha de 4 fitas VHS à outra.
[Escapou a Cronemberg que as fitas VHS mofam mas não a previsão precoce do YouTube e dos scraps para as carnes mortas na Orkut.]
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[ainda sobre o céu]
Sobrevoando a sociedade alemã de uma Berlim na qual se falam também o inglês e o francês, anjos revindicam o prazer do "agora" em substituição ao conforto do "eterno" (dizer "ah, não" ao invés de "sim" ou "amém"); cigarros e cafés podem matar mas tornam a vida colorida quando se dá asas à cobiça. O desejo consiste em ambicionar o que não se tem ou goza. Os humanos aspiram a eternidade do vestígio da velha carne enquanto os anjos aspiram descer e feder e conhecer o que é branco, vermelho ou preto.
[kennenlernen]
KENNENLERNEN, em alemão, significa conhecer pela "primeira vez" alguém (ou alguma coisa?), ou seja, ser apresentado. KENNEN é o verbo "saber, poder, conhecer" (tipo o "can" do inglês) e LERNEN (to learn) significa "aprender". Portanto, quando alguém diz "es freut mich, Sie kennenzulernen" (prazer em conhecê-lo) está dizendo que é um prazer estar aprendendo a conhecer aquela pessoa.
Conhecer é ser capaz de formar uma idéia sobre o que se vive ou observa; experimentar, provar, sofrer. Em sentido bíblico, ter relações sexuais.

4 Kommentare:

Pedro Lunaris hat gesagt…

difícil de comentar. mas irresistível.

tudo o que acontece em relação a um corpo parado é uma violência ao seu estado de paralisia. tudo o que acontece faz com que a gente tenha que se mexer e esse constrangimento é uma violência a inércia de simplesmente seguir em frente.

Artaud dizia que tudo o que acontece é uma crueldade por isso mesmo.

mas os corpos não precisam ser corpos o tempo inteiro. os corpos podem aspirar um etéreo, um outro corpo, os corpos podem cansar de si mesmos. "um olho entende tudo em termos de ver". e se um olho não visse um cheiro como cor, mas o sentisse enquanto cheiro? e nosso estômago que não só digere materiais engolidos, mas angústias, vertigens, (in)felicicidades?

não querer viver sobre a ditadura do dado; procurar um outro nesse mesmo; quebra do aspecto desse órgão, dar novas possibilidades ao seu experimentar; dissolver esse corpo pra dele tirar as potências inapreensíveis, não um caminho, experiência.

experiência.

a gente pessoaliza tudo tanto, não acha? uma experiência é vivência de alguém, mas o alguém-em-nós pode muito bem ser tão pequeno. e querer viver o impessoal em nós, não no sentido de frio, mas no sentido de inapreensível, de indefinível, de incategorizado. "sinto isso, mas o eu que sou simplesmente não pode dizer se é meu; sinto isso e não sei o que sou; mas sinto". eu isso, eu aquilo, eu, eu. eoutro; um outramento em mim. nós, tentando futilmente nos definir, e sendo tudo aquilo que escapa insandecido a qualquer definição. "eu sou aquilo lá que corre, aquilo que verte; sou esse Abismo indizível".

talvez soframos dos caminhos. mas o deslocamento é uma felicidade. se a ação do mundo sobre o corpo inerte é uma crueldade, o é somente pelo que ele tem de inerte. pelo que tem de fluido, finalmente tido um lugar, a ação do mundo (seja o mundo qual for) é uma grande felicidade.

por isso que nossa grande espiritualidade talvez seja aspirar ter asas e nenhum órgão que sinta os cheiros, porém algo que nos conecte ao todo. e a dos anjos talvez seja tirar as próprias asas e descer aos mundos dos sabores. vai saber? não é o jeito que importa. a espiritualidade é um efeito, um deslocamento; nunca, nunca algo dado.

aprender a conhecer. e estar sempre aprendendo. "da primeira vez que te conheci..."

küsses

Pedro Lunaris hat gesagt…
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Pedro Lunaris hat gesagt…

por algum enrosco digital, tinha ido 2 vezes a mesma coisa mesma coisa.

heh.

Anonym hat gesagt…

a espiritualidade é a culpada de todos os desejos? ser o que não sou, o que não posso ser? não sei então procuro essa ânsia de caminhos, deslocamentos do eu, compulsive word smoker. zen lunática :)