"Ghost World" é como "What the bleep do we know?", só percebemos seu real valor após o decorrer de uns 5 dias, necessários para relevar os clichês decorrentes da proliferação de filmes com apelações da ordem "me assistam, por favor! sou cult e tenho utilidade mundial!". Sim! Ghost World é pior que Nouvelle Vague e tem a grande utilidade de nos mostrar como nossa geração é indecisa, cara-dura e sem-vergonha. Começando pela seleção de elenco que não poupou a escolha de alguém tão semelhante à Christina Rich (musa cool) para convencer o público sem causa. E o que é uma causa? Uma causa é a origem de toda e qualquer situação, mas também pode ser a idéia defendida por um grupo de pessoas. A causa defendida pelo filme é: tenha orgulho de ser um fracasso, pois ainda assim você pode usar meias arrastão! Sempre haverá um ônibus esperando por você, ir embora está sempre dentro de cogitação, mas você pode simplesmente se contentar com casinhas de um quarto e tábuas de passar embutidas. A morena de óculos que parece a Christina Rich está para Holden Caufield assim como o Homem de Areia está para Gregor Samsa. No livro está o monstro, no filme, a aparência.
OBSESSÃO PELO TERMO COOL É RECALQUE SUBURBANO!
Mataram hoje mais um, esfaqueado por um invasor na frente dos filhos de 6 e 8 anos. Rolou na escada em luta. Luto? Qual a utilidade? Mesas de jantar com cadeiras? Cadeiras de balanço em extinção. O importante agora é arranjar um bom emprego em tempos de aquecimento global. O caos virá lento e cruel, e você? Eu não quero ser garçonete, além de lidar com gentes ainda caminham de um lado para o outro. Ai, que calor!
Não sei distinguir um tédio de um anúncio de vômito!
Sou Charlie Brown esperando um cartão de dia dos namorados. Não, não sou. Sou Sailormoon, voando e apaixonada. SOU ridícula, romântica, tímida. Sou puro ar, como numa canção da Nely Furtado; sou BREGA! Mas Fernando Pessoa não deixa de ser ÓBVIO, com suas observações a respeito do campo e da cidade ("preciso da cidade para me sentir bem no campo e vice-versa" em palavras bonitas) e sua primorosa opinião sobre como as pesssoas precisam ser sensíveis para se comoverem com sutilidades como um dia cinza.
19 Kommentare:
Lisi, nada pessoal do que posssa parecer. Ghost World também entrou hoje pro meu top filmes, mas ainda cho que somos apreciadores em causa :D
Gabriela, adoro o que escreves consegues ter um compromisso com tudo sem se compromissar. Sinto tanta sinceridade, sinto tanta indecisão. A tua ironia é doce, como suco de limão, e ácida como suco gástrico. Estômagos...
Sutil é perpiscaz, infame! acho que assim é que percebemos a vida, dura mas nem tanto. Cruel sem deixar de ter torta de chocalate na noite de ano novo, tão pouco cuscuz.
Ah, quanto a nossa geração, tens toda a razão!
Eu não gostei de "Ghost World", apesar de gostar muito de outros dois filmes do Zwigoff. O "What the Bleep..." não vi, e não foi porque a crítica o escorraçou, apenas faltou oportunidade.
Eu gostei do Ghost World ._.
A trilha é escutável e tem o Steve Buscemi no papel de um fracassado completo ...
Isso me agradou bastante ._.
tudo lindo. tudo sou fã.
" Sou Sailormoon, voando e apaixonada." me apaixonei agora tambem.
e quero muito assistir ghost world.
gabi, adoro tuas intervenções aqui e acolá.
maravilha. bárbara que tem razão: e as coisas tem que servir, ou seja, (outra leitura) tem de ser servas de algo ou alguém?
eu nunca usaria mais arrastão.
mmmmh... ou talvez...
quem sabe na cabeça? mas para quê? não iriam servir como as meias-calça tradicionais de esconder a cara ao entrar num posto de conveniência e roubar chocolates e aditivos com uma arma de água.
se bem que ia ser lindo, um Replicante no Século das Propagandas (sim, porque não vão deixar o mundo virar cyberpunk, o cyberpunk nunca vai ser uma evidência), tirar sarro de um ladrão de mim mesmo, meias arrastão na cara e o rosto apertado por fios em teia, por onde diabos eu passo minha língua, por favor?!
ou vamos fazer um Ato Público... cobrir os prédios de meias arrastão, e pintar marcas de baton e pintas de Marilyn Monroe... fazer uma Draguelegacia, um Drag Center... aí está, somos todos transformistas.
beijos
essa vem a calhar...
charlie brown comenta: diz aqui que as pessoas atualmente não acreditam em nenhuma causa
lucy diz: ISSO NÃO É COMPLETAMENTE VERDADE, EU ACREDITO EM UMA CAUSA. ACREDITO EM MIM! EU SOU MINHA PRÓPRIA CAUSA!
lucy continua: SE EU NÃO FOR UMA CAUSA O QUE SERA? ACREDITO NA CAUSA DA BOA E VELHA EU! ESSA É A CAUSA QUE ACREDITO!
lucy segue dizendo: SOU A MELHOR CAUSA QUE CONHEÇO, E EU ACREDITO NESSA CAUSA! EU SOU....
charlie brown pensa: Que puxa!
ah esqueci de dizer...tu é a MELHOR! :-*
Eu na verdade não sei mais se gostei de Ghost World , também. Eu não sei nem mais se gosto de Hitchcok, depois que me apossei da opinião do Guilherme de que o roteiro "34 degraus" (ou 39) é igual ao de "O sabotador". O cinema anda mais é me decepcionando, mas são fases. E não venham me dizer que o roteiro não importa! Eu acho que importa muito. E que não pode ser esgotado. É isso que quero dizer com o Ghost World, que aquela fórmula já está esgotada e ainda mais aquele tipinho canalha de trilha sonora. É escutável, com certeza, mas canalha. E o figurino também é canalha. Enfim,sedutor mas não eterno, como "Gummo", por exemplo.
!
Obrigada! Escrever é a causa! (huahauah -> eu muito brega)
Antes de qualquer coisa, vou deixar bem claro que eu odeio discutir filmes, livros, música, filosofia, etc. Para mim é exatamente como aquela cena do Annie Hall que o Woody Allen está na fila do cinema e tem um cara atrás dele falando sobre o Fellini. No entanto li o que tu escreveu sobre Ghost World aqui e em outro post lá em baixo fazendo uma comparaçao com os Tennebaums e fiquei com vontade de expor minha opiniao. Primeiramente, vou te dizer que um filme nao tem absolutamente nada a ver com o outro, a nao ser pelo fato que existem alguns personagens com o sentido de direçao um pouco "perdido", pois para começar, Ghost World vem de uma Hq e Tennebaums vem de um diretor que tem uma maneira muito única de fazer seus filmes e de escrever seus roteiros. A trilha sonora de Ghost world nao é nem um pouco "MTV LADO B". É uma trilha sonora completamente distinta (coisa que tem em comum com os Tenebaums, ainda que a trilha do filme seja música dos anos 70 bastante conhecida). A Trilha sonora do Ghost World é 90% clássica, foi composta especialmente para o filme. "Pior que o Nouvelle Vague"? Olha, eu penso que o problema nao é a Nouvelle Vague, sao as pessoas que cultuam estes filmes, geralmente ignorantes e facilmente influenciadas. Sao as mesmas pessoas que colocam o Ghost World, os Tennebaums e outros filmes em um patamar de merda = cool. As pessoas deviam procurar se inteirar sobre o que gostam de aparentar, para que nao fiquem aparentando apenas um recipiente vazio. E ah, para finalizar, eu nao penso que Ghost World anuncie isso: "me assistam, por favor! sou cult e tenho utilidade mundial!" - continuo dizendo que os problemas sao as pessoas e nao o filme.
Oi, Lisiane.
Puxa, fico feliz que apesar de odiar discuitr sobre filmes, tivestes vontade de discuitr aqui no meu blog :]
Abraço.
ops, "tivestes" está errado. teve e pronto!
e ah, naquela fila do cinema em Annie Hall, Woody Allen fez a melhor discussão sobre cinema de todos os tempos e o cara falando sobre Fellini é um poser, pelo menos, engraçado.
Fato! Acho aquela cena um "espetáculo".
Bjo!
A semelhança que eu vejo entre "Os Excêntricos Tenembauns"e "Ghost World" está também nisso que tu disse: o "Ghost World", além de ser inspirado numa hq, parece uma hq em forma de filme, assim como
"Os Excêntricos Tenembauns" é uma peça em forma de filme. Ambos utilizam um tipo novo de narrativa para abordar estes personagens meio perdidos e, além disso, apesar da trilha de "Os Excêntricos Tenembauns" apresentar coisas como Ramones, Clash e Nico,
e "Ghost World" ter uma pilha mais clássica, que estaria mais para "Três é Demais", também do Wes Andersen ( que realmente tem um jeito único de fazer filmes, que eu já chamei de "vídeo-clipes-gigantes").
E o que eu chamo de estilo "LADO B MTV" não se refere às músicas que aparecem de fato no LADO B (nem sei se esse programa ainda existe) mas justamente à essa pilha de associar coisas que não são tão "alternativas" à produtos de consumo que apelam à essa ordem. De qualquer forma, como eu disse (acho), gosto muito dos dois filmes e também da Nouvelle Vague (acho muito divertidas aquelas tomadas de árvores com
diálogos de morte nos filmes do Godard)
:)
deu pano esse post han?!?
ô gab assiste esse video do mohamed Rafi pra dar uma descontraída =D
www.youtube.com/watch?v=aHA_S48KRrI
Ok Gabi, te compreendo. Tens uma boa retórica. Beijo.
Kommentar veröffentlichen