1)"Quem somos nós?", filme sobre Física Quântica, não tem de fato nenhum comprometimento artístico, e isso é bom.
2)Fernando Pessoa já dizia que ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém, os outros sentidos são plebeus e carnais:"A única arsitocracia é nunca tocar. Não se aproximar - eis o que é fidalgo".
3)Tocar é uma ilusão.Quando algo encosta em outro algo as partículas de ambos os algos se afastam para gerar o "impulso do toque", ou seja, ninguém toca em nada; não existe partícula com partícula e sim energia com energia. Apesar de a historinha ilustrativa do documentário utilizar uma quadra de basquete com ares de "outra dimensão" como pano de fundo explicativo, isso fica bastante claro.
4)Assim como as mãos não tocam (inclusive não tocam bolas de basquete; objetos bizarros que estão cheios e ao mesmo tempo vazios, revelando uma escolha muito boa do exemplo) também os olhos não enxergam, ou melhor, os olhos enxergam tanto que no fim não vêem nada; é preciso um corte, um foco; dado, obviamente, pelo cérebro. Os olhos são como câmeras, espelhos e outros objetos que apenas refletem indistintamente.
5)Hoje a Terra é redonda? E em 2050? E o que chamamos matéria (como a bola de basquete que não tem nada dentro além de ar e nem sequer é tocada realmente em termos físicos), será mesmo substancial? O que eu quero dizer com substancial? Tudo depende do modo como processamos as informações ao nosso redor e como esse processamento é levado ao nosso subconsciente.
6)Quando uma pessoa enxerga uma imagem qualquer são ativadas partes específicas do seu cérebro; quando essa mesma pessoa imagina essa mesma imagem as mesmas partes do cérebro são ativadas; ou seja, o cérebro não faz distinção entre o que é vivido e o que é imaginado, entre "real" ou "irreal"("As coisas que imaginei e criei foram sempre mais reais do que as que vivi"-Federico Fellini, que sacava tanto de Física Quântica quanto Fernando Pessoa).
7)Tudo é energia, afinal; não há matéria ou vazio, há apenas caminhos pelos quais o cérebro guia os olhos e os sentidos de maneira interligada, de acordo com necessidades obviamente egocêntricas.
8)"Efeito Borboleta" segue essa mesma linha de possibilidades, escolhas e egocentrismos, porém, como uma boa ficção, coloca o destino na mão de acasos controlados por poderes mágicos.É também um ótimo exemplo de como a tosquisse, a má escolha dos atores e o baixo orçamento podem encobrir verdades existenciais trabalhadas magistralmente na linguagem cinematográfica.
5 Kommentare:
Nada é o que parece ser, enfim, o bom mesmo é acreditar na farsa,
E isso que eu jogei basquete...
Esqueci de dizer-te: Bárbaro!!!
Espetáculo, e-s-p-e-t-á-c-u-l-o.
Incrível, adorei.
Beijo.
Gostei de Quem somos Nós. E também acho Efeito Borboleta ruim. Parece um Donnie Darko mal produzido. E aquele ator, sigh..
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