Os produtores irrelevantes fazem o caminho inverso aos grandes mestres, começam pelo drama e depois caem na comédia. É deprimente ver as obras insossas que agora produzem os grandes mestres, como Antonioni, em sua pequena participação em "Eros". Que diferença do divertidíssimo "As amigas", cheio de tiradas sutilmente anti-feministas e clima "Nat King Cole".
Bergman; como era mais natural em "Sorrisos de uma Noite de Amor", como as irnonias ficam mais agradáveis e sábias quando devidamente encaixadas numa comédia. Almodóvar; o mestre supremo da "comédia do drama"; puxava da vida caótica underground familiar as tragédias mais hilárias; fez do uso de cannabis uma piada em "Que fiz eu para merecer isto?" e mesmo, na sua época mais trash, da vida católica nos conventos um paraíso de drogas pesadas em "Maus Hábitos" (mais uma vez bebendo da fonte de Fassbinder em " O desespero de Veronika Voss") para depois cair em desastres dramáticos como "Tudo sobre minha mãe" ou "Fale com Ela".
Sobre isso fez Woody Allen um filme genial: "Melinda e Melinda"; o qual se divide em duas partes intercaladas: em uma, a parte do drama, é com a persongem principal (Melinda) que se sucedem os infortúnios, na outra, a parte da comédia, é com os personagens secundários que os mesmos ocorrem. O trágico e o cômico dependem do ponto de vista ou do ponto ao qual se dirigem? Partindo da idéia de "Melinda e Melinda" podemos traçar um paralelo entre o início e o fim da vida dos grandes diretores: no início estavam mais interessados na observação das pessoas ao seu redor, no fim, estão mais interessados em olhar para dentro de si mesmos.
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