Eu me exalto.
"O ano em que meus pais saíram de férias" não é um filme sobre a ditadura e nem sobre a infância, é um filme sobre abandono. Ok. E o Iñarritu não é um cara tão ruim.
"Little Children" (porcamente traduzido para "Pecados Íntimos") é sobre dois adultos casados e com filhos que se aproximam devido à síndrome de madame bovary que aflige alguns pais e mães de família. Trata-se de recuperar a infância/esperança perdida; a infância é uma invenção, afinal, e o casamento/adultério também. O filme é mais bobalhão do que todos os outros da semana, mas eu gostei, pelo simples fato de ser mulher. Eu sou bem mulherzinha, às vezes. Eu não quero que coisas ruins aconteçam mas ao invés de tentar impedi-las ou amenizá-las eu vou ao cinema. Eu não sou uma mãe moderna, não tenho família para sustentar mas tenho avós que caem no chão e quebram as costelas. Toda vez que vejo uma ambulância na rua penso que meus avós podem estar dentro dela. Minha mãe não se preocupa como eu, acha sempre que os problemas são pequenos e fáceis de serem resolvidos. O amor é indefinível e bizarro, essa coisa de querer cuidar/estar com alguém e ao mesmo tempo um desejo intrínseco de auto-afirmação dos envolvidos. Quando tinha 17 anos eu escrevi uma poesia que dizia que o amor era como as plantas: se deixamos de regá-las, morrem sedentas; se regamos demais, se afogam. Hoje penso que o problema não é esse. Não importa o quanto você cuidar de um relacionameno; filhos, contas e doenças podem afogá-lo. Aí ou você morre se debatendo até o fim ou mata a sede, é uma questão de extremos. Só que no outro extremo está um terceiro elemento, virtual ou palpável; ou você mata a sede bebendo de outra fonte ou morre afogado e seco ao mesmo tempo.
Mas é fácil ver as coisas boas e simples de uma vida conjugal sem filhos e adultério; como sexo em motéis diferentes com trinta por cento de desconto imprimindo o cupom da internet e chopps pagos com visa electron. Ou as coisas mais complicadas de se apreciar, como a beleza colorida dos dias de sol e gramados verdes diante de seus olhos sóbrios, vigiando bem a máquina fotográfica.
[Se veres uma criança, não confies por ser uma criança, ela vai te sacar.]
A Redenção é uma Ameaça.
Aceitar é uma espécie de morte; dentro de uns 30 anos não haverá mais lugar para reflexões blogais, ou as pessoas estarão desmaiando num calor de 60 graus ou trocando todos os eletrodomésticos por coletes à prova de bala e camisas de força; a sua própria camisa de força comprada por ninguém menos que você, o mundo te convencendo a enlouquecer e reprimir, cuidar e agir. Até rimou. Confissões são poesia, e eu sou você e você, um nenê.
1 Kommentar:
Ah, que pena isso.
Não deu tempo pra chiar com o anterior e você postou esse. Parece mais pessoal e quando há pessoalidade (sic!) vai-se mais fundo. Deeper and duper. Só não se sabe o que vem pela frente, uma parede ou o harém.
O final tem su(b)stância alucinógena, cuidado.
Curti praca.
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