SOBRE RECONHECIMENTO, again:
Ah, já ia esquecer: que bonitinho o escritor falando pra menina de 16 anos, na beira do lago, em 'Der Nachmittag', que uma alma fica mais bela quando se vê reconhecida por outra ^^
hasta.
E aí voltamos ao ângulo paixão/sofrimento. O que acontece é que nesse filme que assisti hoje, 'Nachmittag', em certa altura, o filho pede à mãe que essa lhe tenha 'Mitleid' (Compaixão) e ela diz ter, e ele diz que não, que ela tem que ter REALMENTE, e então ele usa o verbo 'leiden', para dizer o que em português ficou 'não, você tem que ter realmente, você tem que sofrer junto comigo'.
----- pausa pra refletir-----
Agora percebam que na tradução para o português, com 'compaixão' e depois 'sofrer', perdeu-se o jogo de palavras 'mit-leid' (COM-paixão) e 'leiden' (sofrer POR paixão). E não poderia ser diferente, apenas uma constatação. Constatação que levou a toda essa reflexão para a vida; não, eu não vou dizer que cheguei a conclusão de que se apaixonar é igual a sofrer.. Eu sei de todas as ideologias e crenças e cultural e o caraleo que isso envolve. Eu apenas quero dizer que é tudo uma questão de ENERGIA: a VIBE dos alemães e tudo mais. Quando eu comecei a estudar realmente alemão eu estava a procura de disciplina. Sempre que alguém me perguntava por que diabos eu estudo alemão (muito frequente), eu tinha vergonha de dizer isso. Eu sempre dizia que era por gostar da filosofia e cultura alemã etc. Mentira. Eu estava ouvindo uma música do Kraftwerk no carro da família, voltando de Pinhal Beach, e decidi que faria alemão. Meu irmão está de prova, acho que ele tinha uns 8 anos na época, mas hoje está com 12 e ainda lembra. Lembranças são interessantes. Bom, mas não quero desfocar.
Eu estava falando de ENERGIA (capslock é uma questão de organização), e comecei a pensar na energia, não só pelo fato de estar meio mística ultimamente, mas pelo fato da ação/reação. Toda questão do sofrimento talvez esteja no fato de a gente ter desperdiçado muito energia anteriormente. Algo como: insistir demais na intensidade de um desejo = muita energia = enfraquecimento da energia reguladora da possibilidade de materializar o desejo, como reação. Entendem? É como 2+2=4, se fosse 3+1, também seria quatro, mas se fosse 6+1, não seria quatro. É claro que é ilógico. E o que não é? Os filmes alemães que eu assisti, talvez. Eram bem lógicos, o que resulta numa comédia densa, se é que vocês me entendem. Mesmo a comédia deles é fria. Mas a gente precisa desse contraponto. A falta de lógica se dá no fato de os contrapontos serem necessários mas, ao mesmo tempo, um contraponto muito exacerbado extrapola energia.
Bom, tudo isso me remeteu a dois ditados populares, um materno, e outro de algum livro que não lembro, pode ter sido de física quântica, pode ter sido de algum autor inglês louquíssimo ou pode ter sido do Paulo Coelho, mas parece um ditado popular e é legal:
1. (materno): não foge do que te procura, não procura quem foge de ti.
2.(da cultura obscura ofuscada pela memória) o primeiro passo para não conseguir uma coisa, é desejá-la muito.
Bom, agora me dei conta que essa última com certeza não foi do Paulo Coelho, pois ele diz que quando a gente quer muito uma coisa, todo o universo conspira a nosso favor. Mas enfim, não quero dizer que desejar atrapalha, é claro que é necessário ter objetivos e etc, mas para isso é melhor ter um objetivo massa, tipo a língua alemã, do que algum outro que esteja te dispendendo muita energia sem resultados, e É CLARO que você não terá resultados, queridinho. Só o fato de estar se sentindo querendo DEMAIS já DESFOCA, e mostra que há algo errado. É um DISTÚRBIO. Além do que, o estudo de uma língua não te permite FORJAR resultados, e é isso que eu estava querendo dizer quando falei sobre a DISCIPLINA. Pra mim, pessoalmente, é relativamente fácil fazer uma prova de literatura sem ter lido NADA e tirar uma nota máxima com estrelinhas e comentários felicitativos. No entando, é impossível realizar uma prova de gramática alemã ou uma tradução sem ter estudado NADA. Não há como enganar e portanto, isso significa, na minha relfexão, que é um esforço que compensa, na medida em que é possível MEDIR os seus resultados pelo RESULTADO. Eu amo literatura, eu preferia mil vezes ir ali ler meu Kurt Vonnegut agora do que traduzir uma resenha alemã sobre "O Leitor" (os alemães estão putos com esse filme, mas esse é outro post), mas né, eu preciso desses ângulos.
Obrigada mais uma vez, foi outra ótima conversa. Me sinto cada vez mais sincera, mas normal que primeiro seja assim meio frio, né.
^^ bis morgen ^^